Assistidos da Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) de Tatuí conheceram na manhã de segunda-feira, dia 4, um grupo de índios da tribo Kuikuro. O encontro entre eles e os indígenas aconteceu no Sítio Santa Rosa.
Por meio de atividades, os assistidos tiveram oportunidade de conhecer um pouco a respeito da etnia. Eles participaram de brincadeiras, como “tiro com arco” e visitaram uma oca, onde um dos representantes da tribo explicou como é a forma de vida no Parque Indígena do Xingu, no Estado do Mato Grosso.
A experiência fora da escola representa um ganho no aprendizado dos assistidos pela instituição, segundo a diretora pedagógica Fabiana de Oliveira Bandeira. Entre os participantes estavam alunos da Escola de Educação Especial “Wanderley Bocchi” e assistidos com autismo, deficiência intelectual e múltiplas deficiências.
“É um convívio direto com o índio e com a natureza. Eles não teriam essa vivência com a família ou em sala de aula. É muito bom para o aprendizado deles. Todo ano, vimos para cá”, disse a diretora pedagógica.
Ao todo, 110 alunos da Apae, com idade entre 6 e 29 anos, e 29 atendidos pela equipe de assistência social, com idade superior a 30 anos, mantiveram contato com os índios. Os visitantes estiveram acompanhados por 23 professores da associação e 8 auxiliares de sala.
Os alunos da Apae passaram por uma preparação antes de conhecer os membros da tribo Kuikuro. Após o passeio no Sítio Santa Rita, eles farão atividades com os professores de artes.
“Neste ano o projeto é sobre o índio. Então, essa visita vai facilitar o aprendizado. Os alunos vão vivenciar em sala de aula e expor os trabalhos no corredor”, afirmou.
As atividades artísticas são interdisciplinares e a atividade fora da sala de aula também influenciará em outras disciplinas.
“Os professores interagem entre si. O ensino da arte é interdisciplinar, então, eles elaboram o projeto e executam ao longo do semestre”, disse Fabiana.
O pesquisador indígena Yamalui Kuikuro explicou para as crianças o modo de vida da etnia. Ele, a mulher, as três filhas, o irmão e dois sobrinhos participam do intercâmbio indígena há quatro anos.
Para Kuikuro, é importante que os futuros adultos conheçam o modo de vida e a cultura indígena e aprendam a respeitá-la.
“É muito bom ensinar às crianças, para elas terem a oportunidade de conhecerem. Eu espero que no futuro as pessoas que forem ser vereadores, prefeitos e políticos respeitem os povos indígenas daqui para frente”, afirmou.
O povo Kuikuro, falante da língua “karib”, se divide em cinco aldeias espalhadas no Xingu. Ao todo são 750 moradores. A etnia divide os 2.642 mil hectares da reserva indígena com outros 16 povos.
Os 8 indígenas ficarão 40 dias na cidade participando do intercâmbio no Sítio Santa Rosa. Já participaram em outros anos do encontro representantes das nações Xavante e Umutina, do Mato Grosso, e Pataxó, da Bahia.
Os Xavantes auxiliaram os proprietários do local na construção da oca onde são realizadas as apresentações. O sítio recebe representantes indígenas desde 2003. A cada quatro anos a etnia é trocada, para dar lugar uma nova cultura.
“O Brasil tem hoje mais de 220 etnias, que falam 180 línguas diferentes. Cada etnia tem uma cultura própria. As casas são diferentes, os jeitos que eles pintam são tudo diferente”, afirmou o diretor do Sítio Santa Rosa, Flávio Medeiros.
O sítio recebe, em média, 150 crianças por dia. O público atendido tem idade entre os quatro e dez anos. Ao longo do ano, o local faz atividades, como educação ambiental, turismo rural e folclore.
Entre o público atendido estão escolas, igrejas e grupos escoteiros. As crianças são acompanhadas por monitores, que orientam nas atividades.
A ideia de abrir as portas do sítio da família para o turismo rural surgiu em 2003, quando o diretor concluiu o curso de turismo.
“Nós juntamos a minha formação para fazermos atividades, aqui. Na época da minha faculdade, eu visitei vários locais semelhantes e fui formatando a ideia da linha pedagógica do sítio”, contou Medeiros.