
Não necessariamente sem motivo, os chamados “Poderes” da República – Executivo, Legislativo, e Judiciário – costumam carregar críticas constantes – ora mais sensatas, ora simplesmente estapafúrdias…
O hábito é normal – dir-se-ia até um passatempo nacional -, fora ser até bem-vindo, dada a democracia a sustentar esses poderes ser mesmo imperfeita e, portanto, necessitar de observações e revisões constantes, o que melhor se alcança com as críticas – quando bem-intencionadas e coerentes obviamente.
O maior problema, nessa dinâmica, é quando se ataca algum – ou todos – com a intenção deliberada de, ao final, comprometer a própria democracia, a partir de movimentos crescentes de extremismos à mercê de candidatos a déspotas ou grupos com a mesma intenção de busca por um poder absoluto.
Não sendo isso, as reclamações – reiterando – são bem-vindas. Não obstante, a mesma importância não deixa de ter a correta obrigação de se reconhecer as ações positivas e, sobretudo, as intenções quando claramente em favor da sociedade, seja de todos ou de uma parcela merecedora de cuidados e atenção.
Por este motivo, observamos uma iniciativa da Câmara Municipal de Tatuí, cujo teor francamente positivo, não por acaso, ganhou o apoio de todos os parlamentares: a assistência psicológica às mulheres mastectomizadas em Tatuí.
O tema já figurou reportagem na semana passada, mas vale mais este registro, justamente como forma de reconhecimento e, assim, incentivo, além da mais ampla divulgação possível junto à população.
O projeto de lei foi aprovado no dia 31 de março, com a propositura do vereador Maurício Couto (PP), em conjunto com João Eder Alves Miguel (União), Márcio Antônio de Camargo (PP), Cintia Yamamoto Soares (PP) e o ex-vereador Jairo Martins.
Conforme o projeto, fica assegurada às mulheres mastectomizadas a assistência psicológica visando à prevenção e à redução de sequelas decorrentes do processo cirúrgico.
A assistência psicológica deve ser realizada de acordo com o quadro clínico de cada paciente, cabendo aos profissionais de saúde definirem qual técnica de intervenção será aplicada, bem como o número de sessões a serem ministradas.
Na justificativa, os autores afirmam que, “para a maioria das mulheres com a retirada da mama, parte do corpo fundamental para a identidade feminina, resulta a alteração negativa da imagem corporal”.
“A retirada desse órgão representa uma limitação estética e funcional, que provoca uma imediata repercussão física e psíquica, constituindo um evento traumático, trazendo prejuízo em sua qualidade de vida, na satisfação sexual e recreativa”, complementa a justificativa.
“Diante dessas alterações emocionais e psicológicas vivenciadas pelas mulheres submetidas à mastectomia, o acompanhamento psicológico pode funcionar como um potente e benéfico recurso terapêutico”, continua.
“Importante ressaltar que o apoio psicológico ajuda no enfrentamento da aceitação da imagem corporal pós-cirurgia, prevenir e reduzir os sintomas emocionais e físicos causados pelo câncer e seus tratamentos, levar a paciente a compreender o significado da experiência do adoecer, possibilitando assim as ressignificações desse processo”, finalizam os autores no projeto.
Couto foi à tribuna para comentar sobre a iniciativa: “Este projeto vem para amparar essas mulheres. Ter o apoio ao enfrentamento dessa dor, que não é apenas física, mas também emocional, bem como o apoio afetivo diante de outras mulheres, diante da vida e da família, para voltar às atividades sociais e seguir vivendo em comunidade”.
Cintia também falou: “É um projeto muito importante para Tatuí, que vem ao encontro das dificuldades dessas mulheres. Elas passam por momentos bastante difíceis. Parabenizo o vereador Maurício Couto, que sempre traz pautas muito importantes, como é o caso da ostomia”.
Em aparte, os vereadores Renan Cortez (MDB), Vade Manoel Ferreira (Republicanos), Paulo Sérgio de Almeida Martins (PSD), Alves Miguel, José Eduardo Morais Perbelini (Republicanos) e Elaine Leite de Camargo Miranda (PL) falaram sobre a importância da iniciativa e parabenizaram aos autores, enfatizando o apoio à propositura.
Na mesma sessão, foi aprovado projeto de autoria de Micheli Cristina Tosta Gibin Vaz (PSD) que objetiva criar o “Selo Amigo da Criança, do Adolescente e da Pessoa Idosa”.
O selo seria destinado aos escritórios de contabilidade e contadores que incentivam, facilitam e promovem a destinação legal dos percentuais do valor devido do Imposto de Renda, para o Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente e/ou ao Fundo Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa.
De acordo com a proposta, a entrega do selo aos contemplados seria realizada uma vez ao ano, preferencialmente em março, e organizada pelos conselhos nas seguintes categorias: contador amigo da criança, do adolescente e da pessoa idosa; e escritório amigo da criança, do adolescente e da pessoa idosa. O selo teria validade de um ano.
Na justificativa, Micheli inicia abordando os artigos 227 e 230 da Constituição Federal, referentes às crianças, adolescentes, jovens e pessoas idosas, afirmando que, “enquanto sociedade civil, não podemos ficar inertes diante da possibilidade de fazer o bem e contribuir para uma sociedade livre, justa e solidária”.
“Assim, diante da necessidade de contribuir com os fundos, a criação do ‘Selo Amigo da Criança, do Adolescente e da Pessoa Idosa’ é uma poderosa ferramenta nas mãos de todos nós”, disse a vereadora.
Que novas ideias e propostas positivas estejam no futuro dos Poderes e, assim, sigam eles em mais oportunidades para merecerem o apoio e o reconhecimento de todos.