Dr. Jorge Sidnei Rodrigues da Costa – Cremesp – 34708 *
A asma é uma doença que determina crises de falta de ar, ocorrendo dificuldade na entrada do ar nos pulmões, e principalmente na sua saída. Esta dificuldade é consequência de um processo inflamatório crônico das vias aéreas, tendo como consequência a liberação de certas substâncias que determinam a contração dos músculos que envolvem os brônquios, estreitando a sua luz e causando a dificuldade na respiração.
O estreitamento das vias aéreas (broncoconstrição) é geralmente reversível, porém, em pacientes com asma crônica, a inflamação pode determinar obstrução irreversível ao fluxo aéreo. Embora os conhecimentos sobre muitos aspectos da doença tenham avançado nas últimas décadas, as causas fundamentais da asma não são ainda conhecidas.
Exacerbação
A asma é caracterizada por períodos de exacerbação e remissão de sintomas. Durante a remissão da doença, os sintomas são bem controlados, o paciente fica assintomático e suas provas de função pulmonar (espirometria pulmonar) são normais ou próximas da normalidade.
Na exacerbação, ocorre aumento da inflamação brônquica com liberação de mediadores inflamatórios que determinam broncoconstrição (fechamento dos brônquios e bronquíolos) e os sintomas da agudização da doença (crises), com todo o desconforto que causa ao paciente.
Características
São três as principais características: inflamação crônica das vias aéreas; parcial reversibilidade da obstrução ao fluxo do ar; hiper-responsividade (reação) brônquica a uma variedade de estímulos.
Hiper-responsividade brônquica
É o aumento da sensibilidade que ocorre nos brônquios dos pacientes com asma. Trata-se de uma sensibilidade excessiva, que determina uma exagerada capacidade de reagir a certas substâncias irritantes às quais o paciente é alérgico.
É esta hiper-responsividade que vai determinar a inflamação e contração dos músculos que envolvem os brônquios e bronquíolos. Outros estímulos não alérgicos também determinam a hiper-responsividade, como, por exemplo, a inalação de ar frio, o exercício e infecções virais do trato respiratório (por ex.: resfriado, gripe).
Sinais e sintomas
Tosse principalmente no meio da noite e no início da manhã, aperto no peito (sensação de “peito apertado”) e falta de ar (respiração incompleta) com chiado no peito (sibilos).
Há cura?
Não, porém, o tratamento atual de que dispomos permite um controle eficiente da doença, com períodos de remissão, permitindo uma vida normal. Em certos pacientes, em que a doença se manifesta antes dos 16 anos, ela pode regredir completamente.
É hereditária?
Não. Existe, entretanto, uma predisposição genética e familial. O risco de desenvolver asma na infância está relacionado à presença da doença nos pais. Se um dos pais sofre de asma, o risco de a criança desenvolver asma é de 25%. Se ambos os pais são asmáticos, esta taxa pode alcançar 50%. Se nenhum dos dois apresentar asma, o risco cai a 10%.
Deve ser ressaltado que o relatado não é uma regra, pois o filho de um pai alérgico não será necessariamente uma criança asmática. O contrário também pode acontecer: a criança pode ser o primeiro asmático da família.
Fatores de risco
A exposição a alérgenos, particularmente nos primeiros anos de vida, pode determinar inflamação crônica alérgica nas vias aéreas de indivíduos geneticamente suscetíveis.
Outros fatores de risco para o desenvolvimento de resposta inflamatória são: infecções virais na infância, ausência de amamentação com leite materno, exposição ambiental domiciliar à fumaça do cigarro de pais fumantes, poluição atmosférica (ainda sem evidências convincentes) e dietas com baixos teores de antioxidantes (vitaminas C, E) ou ácidos graxos polinsaturados (ácido linoleico, ou ácidos graxos ômega-3).
O que pode desencadear?
A consequência de inalação de poeira doméstica (ácaros), polens, pelos, substâncias excretadas por animais, irritantes (fumaça de cigarro, poluição ambiental, gás natural, propano), pó de giz, odores fortes, aerossóis químicos, mudanças de temperatura e pressão do ambiente, distúrbios emocionais, hiperventilação (riso, choro, grito), exercício, infecções virais, refluxo gastresofagiano (refluxo ácido anormal do estômago para o esôfago), uso de betabloqueadores por via sistêmica ou tópica (colírios para glaucoma), uso de aspirina e outros anti-inflamatórios não- hormonais (Aines), aditivos de alimentos (sulfitos, tartrazina) e fatores endócrinos (ciclo menstrual, gravidez, doença tireoidiana).
Como tratar?
Veja na próxima edição, quando completaremos o artigo (II parte).
* Médico com TEP (título de especialista em pediatria) pela AMB (Associação Médica Brasileira) e SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria) desde 10/04/1981 e diretor clínico e vacinador na Alergoclin Cevac – Clinica de Crianças, Adolescentes e Adultos (estes com algum tipo de alergia somente) e Clínica de Vacinação Humana.