Após atuar em nove paí­ses, jogador de vôlei tatuiano aguarda contrato





Depois de passar a última temporada jogando pela equipe Ethnikos Alexandroupolis, da cidade grega de Alexandrópolis, onde jogou a liga local e duas partidas da Liga Europeia de Vôlei, o tatuiano Igor Guillen Gonçalves, 28, está de férias na cidade. Ele aguarda assinatura de contrato com equipes do exterior.

Até o momento, o atacante recebeu propostas de times da própria Grécia, França, Polônia, Líbano e Dubai. Gonçalves mantém contato diário com empresário, sendo informado sobre o andamento das negociações.

De acordo com ele, fatores como acomodação, transporte e estrutura da equipe contratante são tão determinantes quanto o valor do salário. “Na hora da decisão a gente tem que somar tudo. O local onde vai jogar, morar, se vai ter carro e alimentação. Dependendo do país, um fato pesa mais do que o outro”, afirmou.

A carreira internacional de Guillen começou aos 21 anos. O atacante já passou por times do Barein, Dubai, Indonésia, Turquia, Líbano, Líbia, Tunísia, Portugal e Grécia, a experiência mais recente.

A carreira começou tarde para os padrões do esporte. Aos 16 anos, Guillen começou a treinar vôlei depois que um treinador do time da Associação Atlética XI de Agosto o viu praticar taekwondo. A altura, 1,99 metro, chamou a atenção.

“Sempre pratiquei esporte, o vôlei foi o último que pratiquei. Artes marciais eu pratiquei todas, como judô e taekwondo. Daí me chamaram para treinar”, afirmou.

Apesar de ser alto, Guillen é considerado de altura mediana para o vôlei, os jogadores mais novos estão chegando com altura entre 2,10 metros e 2,20 metros. A altura é fundamental para os atacantes, entretanto, o esportista garante que compensa com o impulso de salto maior.

“A altura é boa, agora estão chegando alguns jogadores de 2,15 metros, mas eu ganho na impulsão”, frisou.

Depois dos treinos no XI de Agosto, Guillen foi para São Miguel do Iguaçu, no Paraná, jogar no time local, onde participou do primeiro campeonato. O treinador agostino indicou o atacante para o time da Região Sul, que precisava de um jogador na posição.

Após um teste, o treinador de São Miguel do Iguaçu aprovou o trabalho e contratou Guillen. Durante a temporada, o jogador morou em alojamento junto com outros membros da equipe. Foi a primeira experiência do atacante fora de casa.

“Quando você é moleque tudo está bom. Comecei morando em um alojamento, para mim era uma maravilha, comia todo mundo junto. Era uns três ou quatro jogadores da cidade e o restante era tudo de fora”, contou.

Ainda nas categorias de base, o ex-jogador do Ethnicos passou por times de Belo Horizonte e Joinville, até chegar a Pindamonhangaba, onde jogou pela primeira vez como profissional.

“Fiquei oito meses em Pindamonhangaba. Ficamos em terceiro lugar. Eu joguei pelo juvenil e pelo adulto. Jogamos bem, era molecada com 18 anos, 19 anos, contra os times de ponta”, relembrou.

O tempo que passou no exterior jogando é maior do que a prática do esporte em solo nacional. Os países árabes e muçulmanos foram os de maior dificuldade de adaptação para Guillen. Os costumes e a comida local apimentada fizeram o esportista sofrer no início da carreira internacional.

“Quando cheguei à Líbia eles estavam no meio do Ramadã. Eles ficam dez dias só rezando, sem comer ou fazer nada. Eu passei os dias a pão sírio e comendo uns molhinhos lá, pois não tinha supermercados e restaurantes abertos”, afirmou.

Outra dificuldade em países árabes é o fato de a população local não ser tão hospitaleira como a latina. Durante a estadia nos países árabes, foram poucas vezes que o jogador saiu com colegas locais.

“Os muçulmanos são bem fechados, não tem aquela coisa de a pessoa te convidar para ir para a casa dela. Você fica a maior parte do tempo sozinho. Eles são bem na deles”, contou.

A última estadia na Grécia foi um alívio para Guillen. O jeito mais aberto dos gregos e a alimentação ocidental facilitou a adaptação, apesar de a língua ser empecilho.

“Eu falo inglês, porque grego é um pouco difícil de aprender, árabe também. Tive times que os técnicos não falavam inglês. Daí, colocaram tradutores para auxiliar”, disse.

Mesmo nas férias, o atacante se preocupa com a forma física. Frequenta a academia e “bate bola” com os amigos. O esportista está procurando clubes de Sorocaba e São Paulo para treinar enquanto está sem contrato.

“Não posso ficar parado, tenho que ficar treinando, pois se aparecer algum contrato, eu vou embora. Tenho que estar sempre treinando, não pode chegar gordo, fora de forma”, finalizou.