Conferir a próxima atividade, melhorar a comunicação interpessoal e ter acesso a novos mecanismos de capacitação. Dentro de 15 dias, assistidos da Apae (Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais) de Tatuí farão tudo isso – e mais um pouco – de uma forma diferente. Eles utilizarão “tablets” como nova ferramenta.
Os equipamentos a serem implantados pela instituição à rotina do público são resultado de árduo trabalho. A Apae concorreu, em 2015, ao apoio financeiro da concessionária de energia Furnas Centrais Elétricas S. A.. Disputou com entidades de todo o Brasil e teve projeto selecionado.
Como recompensa, a instituição tatuiana recebeu R$ 20 mil, já utilizados para a compra de equipamentos, por meio do Programa Eletrobras Furnas Social 2015.
A iniciativa apoia ações de inclusão social, de cidadania e dos direitos de “grupos menos favorecidos”. O projeto local tem como proposta ampliar os recursos de tecnologia às pessoas com deficiência intelectual e autistas.
“A Apae tomou conhecimento desse programa (de apoio às instituições) por meio de um trabalho da Feapaes (Federação das Apaes do Estado de São Paulo)”, explicou a gerente de projetos da entidade, Rita de Cassia Lemos Ramos.
De acordo com ela, a organização disponibiliza em seu site (www.feapaesp.org.br) uma relação de todos os editais abertos para concorrência pública. “Então, se você tem a documentação em ordem, pode participar”, acrescentou.
Para aproveitar todas as possibilidades de apoio, a Apae de Tatuí efetivou um cadastro por meio do qual recebe as informações. “Nós participamos de vários editais”, comentou Rita. Entre eles, o da empresa Ultrafarma e do Itaú Cultural.
Em todos os processos, a gerente de projetos explicou que o primeiro passo é a apresentação da documentação e do projeto. Depois, os dados seguem para avaliação de uma comissão julgadora.
“Com o programa de Furnas, aconteceu exatamente isso. Ficamos sabendo, através do site da federação, preenchemos todo o formulário, escrevemos o projeto e fomos contemplados”, contou.
Conforme a gerente de projetos, cada edital atende a uma ação diferente. “A linha do Programa Eletrobras Furnas Social 2015 foi para fornecimento de equipamentos”, disse Rita. A entidade tatuiana optou por adquirir “tablets”.
A escolha segue a atual linha de trabalho da Apae. “Como estamos na direção da inovação e de tentar inserir tecnologia para esse público que atendemos, hoje, os ‘tablets’ serão, realmente, uma grande ferramenta neste ano”, disse Rita.
O programa pelo qual a Apae concorreu contemplava três faixas de apoio: R$ 10 mil, R$ 20 mil e R$ 30 mil. A entidade tatuiana concorreu pela segunda, por uma questão de “possibilidade e para que pudesse ganhar experiência”.
“A estrutura do formulário para o projeto era muito pequena. Por exemplo, só podia conter 250 linhas. Então, às vezes, em 250 linhas, você não escreve tudo que você quer escrever. Concorremos à faixa mais acessível”, descreveu.
A decisão pela aquisição de tablets aconteceu após consenso com as equipes de trabalho. Entretanto, o projeto original precisou ser revisto, uma vez que os equipamentos cotados no ano passado tiveram os valores de compra alterados.
Com os recursos liberados em janeiro deste ano, a Apae efetivou a compra dos equipamentos. No momento, a entidade está na fase de prestação de contas. Todo o processo durou dez meses. A associação tatuiana iniciou a concorrência no dia 4 de março do ano passado, sendo contemplada em janeiro de 2016.
Ao todo, a Apae comprou 24 tablets, para início de uso no mês que vem. Os equipamentos ainda não começaram a ser distribuídos aos assistidos.
A instituição tatuiana aguarda a liberação de outros recursos para a compra de películas e capas protetoras. Até lá, deve programar a divisão dos equipamentos entre os projetos. Eles serão distribuídos em três “lotes diferentes”.
Uma parte vai para uso das pessoas com deficiência, no centro de convivência. O espaço conta com estrutura de trabalho bastante distinta (com oficinas nas quais os assistidos – todos, adultos – realizam atividades variadas).
Lá, os tablets serão utilizados para a identificação das atividades. Por meio dos equipamentos, os assistidos poderão acompanhar as oficinas das quais devem participar. “O nosso assistido vai clicar na imagem dele e saber quais atividades vai percorrer naquele dia, dentro do centro”, adiantou.
A intenção é de que os equipamentos estimulem a autonomia e a independência dos assistidos que frequentam o centro de convivência.
Da mesma maneira, a equipe da educação pretende aplicar os tablets de modo a melhorar a comunicação dos alunos e a acessibilidade de quem não tem mobilidade.
A aplicabilidade também se estenderá ao público da educação para o mercado de trabalho. “Esse pessoal vai utilizar os equipamentos mais para questão de pesquisa, de trabalhos em sala de aula”, antecipou a gerente.
Rita enfatizou que cada setor de atendimento vai trabalhar com os equipamentos de maneira distinta. Eles também contarão com números específicos de “tablets”, por conta das aplicações necessárias para cada trabalho.
Em função das especificidades, a entidade não precisará promover treinamento das equipes de profissionais para o uso dos equipamentos no ambiente de trabalho. No centro de convivência, por exemplo, eles facilitarão a geração de relatórios de atividades usados na avaliação dos projetos.
“A grande dificuldade que nós temos, às vezes, é fazer relatórios que incluem dados de quais atividades os assistidos participaram, quanto tempo permaneceram nelas, o que eles desenvolveram e como evoluíram”, explicou Rita.
Segundo ela, as leis de monitoramento de projetos usadas no momento preveem avaliações por observação. “Só que esse campo é muito amplo”.
Nesse caso, os equipamentos permitirão que a avaliação seja feita com base em dados informados pelo próprio público da Apae. Dessa forma, a entidade contará com informações mais precisas para metas quantitativas e qualitativas.