Está se tornando algo banal, senão quase covardia, bater no PT e no governo Dilma (se é que ele ainda existe quando esta edição estiver nas ruas). A expressão “chutar cachorro morto” só não é totalmente descabida porque o corpo animalesco do governo ainda se debatia e rosnava ao longo desta semana, embora já tomado pelo câncer da impopularidade generalizada.
Naturalmente, se a premissa de priorizar o país, o povo, fosse algo verdadeiro, a presidente já teria renunciado. “Sé é pelo bem de todos e felicidade geral da nação, diga ao povo que ‘não’ fico”, diria Dilma Rousseff, descendo a rampa do Planalto a bordo de sua bicicletinha e com aquele capacete engraçado para esconder o rosto…
Mas, não. Óbvio que essa turbulência toda só prejudica o Brasil, tal como outros motivos devem pesar na decisão de se manter como sparring de um governo falido, muito além da vaidade ou do objetivo de se tentar dar continuidade a um “projeto de governo” que nunca existiu de fato.
Estando no poder, as lideranças do governo já estão sendo presas (primeiro ponto a se considerar com muita seriedade), quem dera quando não mais ocuparem a chefia da nação…
Pode-se concluir, portanto, que o apego ao poder seja por medo e pelas possibilidades de influência que o governo ainda pode propiciar. Caso contrário, o partido teria pena dessa “presidenta” e já teria jogado a toalha. Há mais segredos a serem descobertos.
Contudo, é lamentável, decepcionante e triste (sim, triste) ver um governo definhar dessa maneira tão indigna. A tentativa de mútuo salvamento entre Lula e Dilma é apenas mais uma receita inócua, que só agravou o tumor. Um ato de desespero.
Não obstante, é bom lembrar que esse governo é natimorto, na medida em que, antes mesmo da posse do segundo mandato, já começava a colocar em prática tudo aquilo que disse que não faria, começando pelo fato da admissão de que, sim, havia uma crise grave, e não uma risível “marolinha”.
Houve, sem dúvida, o que se chamou de “estelionato eleitoral”, pelo qual o povo foi enganado com uma avalanche de mentiras. E pior: estimulou-se o conflito, algo incomum no dia a dia do país.
O discurso do “bem” contra o “mal”, dos defensores dos pobres e oprimidos contra os oportunistas e maldosos, formados pela “elite branca”, por mais que o governo negue, foi iniciada pela campanha da reeleição.
E, aliás, foi uma estratégia muito bem pensada e desenvolvida, posto que, sem a qual, a presidente não teria vencido as eleições. Sim, porque já se sentia a crise, mas a maioria dos eleitores “optou” pelo lado do suposto “bem”.
Ocorre que esse sentimento de fla-flu, de inimigos, de opostos em disputa – do maniqueísmo que leva ao fanatismo -, cresceu e se multiplicou, impulsionado pela maldade humana que graça incomensurável nas redes sociais. Agora, aguentemos! (Eles do governo e nós, do povo).
Por aspecto mais prático, pode-se concluir que a crise vai passar. A questão é “quando”, não “se”. Até lá, muitas empresas vão continuar fechando e, com isso, empregos diminuindo; as dívidas em geral vão aumentar; a saúde, por sua vez, vai diminuir, com surtos de úlceras nervosas… Mas, um dia, a crise passa.
Ao longo desse ciclo, porém, é fundamental a atenção para com determinados aspectos, começando pela necessidade de informações corretas, ponderação e maturidade. Não basta sair às ruas batendo panelas, é preciso saber por que se está batendo panelas e o que se quer para o país.
Aí, surgem algumas ideias em vislumbre a um futuro bem pior que o presente, com sectarismos irracionais – não raro instigados pela completa falta de informação histórica. Isso é um perigo.
Exemplo: como já observado, no momento, a despeito da crise política, há gente de relevância sendo presa, o que, de fato, “nunca antes aconteceu na história deste país”. Isto é ótimo!
Outro ponto fundamental: na pior das hipóteses (na pior!), o Brasil ainda terá mais dois anos e meio – até as próximas eleições presidenciais – de perdas, dificuldades e desafios brutais. No entanto, depois de outubro de 2018, isso pode diminuir, muito.
Nessa pessimista hipótese, terão se passado dois anos e meio… Parece muito tempo. Contudo, não muito, ao menos se comparado a um tempo dez vezes maior: ou seja, 25 anos de um governo ditatorial. Algo muito mais desanimador.
Claro, há quem até defenda essa “saída”, como se no país, naquela época não tão distante, mas aparentemente esquecida por muitos, não houvesse corrupção e todos os bandidos fossem presos, não apenas os que não podem pagar advogados caros.
Pessoal, gente, amiguinhos, vamos lembrar apenas de um personagem dessa época, muito conhecido e que, até hoje, tem contas a acertar com a Justiça e que, sequer, pode deixar o país: Paulo Maluf.
Esse folclórico político – hoje um senhor muito simpático, aliás – foi prefeito biônico de São Paulo (ver se a internet serve pelo menos para explicar o que é isso); e, depois, governador eleito indiretamente, além de ter ocupado outros tantos cargos, sempre, sob a égide do governo militar.
Atualmente, Maluf tem quase a família toda envolvida em casos comprovados de corrupção. A diferença, minha gente, é que esse sujeito nunca foi hóspede da cadeia como os políticos da atual ciranda do punguismo.
Ou seja, o Brasil melhorou, apesar de todos os problemas. A ideia de volta ao passado só pode ser aventada por quem não conhece o passado, ou mesmo tem saudades dele porque empunhou algum cassetete como instrumento de sádico lazer.
As crises passam. Até lá, seria muito bacana que o pessoal tentasse se informar mais e, quem sabe, nas próximas eleições (oxalá elas aconteçam), viesse a votar melhor.
Por enquanto, tomara que a atual crise política e econômica passe o mais rapidamente possível. Senão agora, pelo menos em 2018. Jamais daqui a algumas décadas.