André Kaires vence “Galardão” nas três categorias

Rian Almeida Barros, Cristina Siqueira e Rogério Vianna (Foto: Pablo Ruiz)
Da reportagem

O Teatro “Procópio Ferreira” recebeu, na noite de sexta-feira da semana passada, 1º, a cerimônia de premiação do 23º Prêmio Literário Paulo Setúbal – Contos, Crônicas e Poesias.

O evento, promovido pelo Museu Histórico “Paulo Setúbal”, marcou também a abertura oficial da 83ª Semana Paulo Setúbal. Na ocasião, um escritor tatuiano, André Bueno Kaires, venceu nas três categorias do Prêmio Galardão.

O certame somou 1.504 obras inscritas, vindas de 331 cidades dos 26 estados brasileiros e do Distrito Federal. As inscrições foram para poesias (603), contos (565) e crônicas (336), sendo 62 do total de autores tatuianos.

“O Prêmio se consolida como um dos mais abrangentes do país”, divulgou a assessoria de comunicação do Executivo.

Nesta edição, foram premiadas as três melhores obras nas categorias contos, crônicas e poesias, além do Prêmio Galardão, que, neste ano, contemplou três escritores tatuianos por modalidade.

“Uma novidade que garantiu, pela primeira vez, a participação direta de autores locais na etapa nacional do certame, incentivando e valorizando a produção literária da cidade”, aponta a assessoria.

A edição de 2025 também se destacou pelo maior valor já investido em premiações diretas aos autores: R$ 36 mil, distribuídos entre os vencedores.

“Um marco importante para a cultura de Tatuí, reforçando o compromisso do município com o fomento à literatura e ao protagonismo da escrita criativa brasileira”, acentua a organização.

Na categoria contos, o primeiro lugar foi para Hilda das Graças de Oliveira Curcio (Brasília/DF), com a obra “Roubaram Todas as Minhas Camisolas”; o segundo ficou com Henrique Moric Vilela Mariano (São José dos Campos/SP), com “Paz”; e o terceiro, com Frank Riijkaard da Silva Canuto (Brasília/DF), autor de “Ela”.

Na categoria crônicas, venceu Rafael Abner Santos (Florianópolis/SC), com “Dia de Clássico”. O segundo lugar foi de Robson Castro Vianna (Itu/SP), com “Ponto e Vírgula”, e o terceiro, de Angel Cesar dos Santos (Rio de Janeiro/RJ), com “Aula de História”.

Na modalidade poesias, o primeiro lugar foi conquistado por Valdir Soares Fernando (Jaboatão dos Guararapes/PE), com “O Brasil que Mora no Meu Nome”. Em segundo, André Luiz Dias Pinto (Cavalcante/GO), com “Lua Negra”; e, em terceiro, Roger Luiz Jerônimo (Bauru/SP), com “Corpos Esquecidos”.

No Prêmio Galardão (que não tem classificação por ordem de pontuação), exclusivo para nascidos em Tatuí ou residentes há mais de dois anos, venceram, em contos, Kaires (“Encontro”), Guilherme Henrique Torres Barbosa (“O Cão Mensageiro”) e Odimar Justino Martins Proença (“Cadernos de recordações”).

Já em crônicas, foram premiados Kaires (“Corredor”), Martins Proença (“Imortal”) e Renato José de Almeida (“Visita a Paulo Setúbal”); e, em poesias, Kaires (“Utopia”), Elaine Cristina Coelho Rodrigues (“Tatuhy”) e Rian Almeida Barros (“Memória imortal”).

A cerimônia foi apresentada por Rogério Vianna, secretário-adjunto da Cultura, e Michele Rolim, com abertura musical da dupla Play On, formada pela cantora Natália Domingues de Campos e os músicos Felipe Reis e Fernando Silva. O grupo interpretou ao vivo os hinos de Tatuí e do Brasil.

Durante o evento, também foram homenageados os contemplados pelo Edital “Publicação de Livros”. Receberam troféus os escritores: Andrea Liette Camargo (“A Respiração das Horas”), Lúcio Rodrigues Junior (“As Notas Secretas de Tatuí”), Marcelo Araújo Gasparini (“Borboletopeia”) e Priscila Assis dos Santos (“Eu Não Sou uma Turista?”).

Os troféus entregues aos vencedores, criados em 2019, são personalizados e confeccionados em latão, alumínio e granito, conforme a colocação.

A realização do prêmio contou com o apoio da comissão organizadora da Semana Paulo Setúbal e da comissão julgadora da Gávea Empreendimentos Culturais, responsável pela análise das obras.

Na noite, também foi lançado o primeiro volume do tabloide com as obras premiadas, editado pelo jornal O Progresso de Tatuí e disponível online no site da prefeitura (www.bit.ly/4frqm9G).

Durante a apresentação do prêmio, Vianna explicou que a comissão organizadora verificara se o regramento do edital fora cumprido em todas as obras escritas.

Então, as que passam por esse crivo são enviadas para à comissão de seleção. “Tem gente ainda que não lê o edital. Às vezes, as pessoas esquecem que ali no edital tem uma palavra que tem que ser cumprida, como, por exemplo, o formato da letra ou a página, o que tem que constar na página, nome da obra ou pseudônimo”, citou o secretário-adjunto.

Vianna também aproveitou para fazer um alerta: “Estamos falando de literatura. Vamos dizer não ao plágio e vamos tomar muito cuidado com o ChatGPT, com o chat de inteligência artificial”.

“Tivemos recentemente, no cenário nacional, um certame que foi inteiramente suspenso por causa da inteligência artificial. Nós somos intelectuais e temos o senso crítico de discernir para que a gente use como mecanismo para o bem, mas não para a composição de uma obra literária”, acentuou.

Durante a cerimônia, Almeida, que venceu o Galardão em crônicas, agradeceu aos envolvidos na premiação e à cidade. “Esse prêmio ajuda a dar visibilidade a nós que nos dedicamos à escrita. A gente não vive de escrita, mas é o nosso lar. Usando um pouco da Fernanda Torres, a vida presta, e ela respira arte e respira literatura”, comentou.

O premiado comentou que este é o terceiro prêmio dele no certame, no qual também já venceu em poesia e contos.

Sobre o sentimento de ter conquistado o terceiro prêmio que faltava na “coleção”, o escritor relatou ser “uma alegria indescritível”. “De poesia, eu não esperava, quando eu ganhei em 2022”, comentou.

“Eu sou muito da prosa, então, quando recebi de poesia, fiquei muito contente e falei: ‘Agora, preciso ir atrás do de crônica também’, e venho tentando. Ano passado, consegui menção honrosa, ‘batendo na trave’, e falei: Vamos tentar, e deu certo”, emendou.

Almeida contou que participa do prêmio desde 2020 e acredita que os editais de literatura trazem relevância para o meio literário, “pois é um prêmio reconhecido nacionalmente”. “Dá visibilidade para a gente que escreve e que se dedica à escrita”, comentou.

O escritor também afirmou que uma das premiadas, Hilda, é sua revisora nos livros que escreve. “Eu tenho quatro livros publicados e, no primeiro, queria muito fazer revisão dele antes de publicar, e, procurando o serviço, a encontrei. Não nos conhecemos pessoalmente, mas nos tornamos amigos”, comentou Almeida.

Os quatro livros publicados do autor são: “Arqueiro Dourado” e “Canções ao Luar” (juvenis, que fazem parte das “Crônicas dos Halos Folclóricos”), e “Pé Vermelho no Museu” e “Carnotauro do Chifre Quebrado” (infantis).

Outro premiado pelo Galardão em crônicas, Almeida Barros, durante o recebimento do prêmio, também agradeceu à família, ao professor e a todos que o apoiaram. “A Cristina Siqueira também, que é uma grande escritora”, acrescentou.

À reportagem, o estudante comentou esperar por algo positivo, mas que, mesmo assim, surpreendeu-se. “Estava com expectativa, confiando em mim, mas foi uma surpresa enorme. Fiquei muito feliz”, acentuou.

“Foi um sentimento muito agradável. E, como eu falei, agradeço a toda a minha família. Todos me apoiaram”, reforçou. “É um prêmio muito grande, muito importante para Tatuí. É um sentimento muito bom ser um ganhador de Tatuí”, acrescentou o jovem.

“Não foi nem um pouco fácil. Foi exaustivo, mas valeu muito a pena”, concluiu Almeida Barros, comentando sobre o trabalho de confecção da poesia.

À reportagem de O Progresso de Tatuí, o secretário-adjunto da Cultura declarou que, atualmente, “falar de palavras é uma coisa muito distante de muitas realidades”.

“Primeiro, quando você tem um Paulo Setúbal imortalizado pela Academia Brasileira de Letras, é porque ele tem no seu currículo um vasto conhecimento de poesia, contos e crônicas. Você tem dentro do seu território um grande nome como esse; você não tem como fechar os olhos para isso”, declarou.

“Desde 1943, a ideia da criação da Semana Paulo Setúbal, em 1937, quando anunciaram a morte dele, aqui no ‘Salles Gomes’, o pessoal baixou a cabeça e pensou: ‘Precisamos pensar em alguma coisa, ou seja, a cidade se mobilizou em prol de uma literatura, de um acadêmico”, avaliou.

“Quando você vê a cidade inteira nessa mobilização, você começa a perceber que há uma vocação muito forte da cidade. Aí, precisamos diagnosticar como estruturar isso, e foi muito bem-feito por todas as pessoas que passaram ao longo dessas 83 edições da Semana Paulo Setúbal”, destacou.

Vianna também conta que a Semana Paulo Setúbal já “nasceu” como um concurso literário. “O estado tomou conta dele por um tempo, virou lei em 1957; tomou conta dele por muito tempo. Aí, ele entrou em hiato de tempo e, em 2002, foi trazido de volta”, emendou.

“Se reuniram Rizek, Simira Cameron, Leila Salum, Deise Juliana, Ivan Camargo, que se reúnem e dizem que precisam trazer de volta, pelo menos para a educação. E depois, no ano seguinte, veio para a nação. Tudo começou de um grupo de amigos e hoje está no cenário nacional”, complementou.

Questionado a respeito do apoio da Família Setúbal, Vianna informou que, “desde sempre, eles estiveram presentes na cidade”. “O Galardão foi doado em uma ‘Semana Paulo Setúbal’, de 1960, pela Família Setúbal, e o original de ‘Alma Cabocla’ está aqui no museu”.

Além de apoiar a Semana Paulo Setúbal, a Família Setúbal contribuiu com a construção do MIS (Museu da Imagem e do Som) e a nova expografia do Museu Histórico “Paulo Setúbal”.

O secretário-adjunto também falou sobre a atuação do prefeito Miguel Lopes Cardoso Júnior: “Ele é fundamental porque passamos a proposta para ele, e ele poderia falar não, mas não fala. Ele diz: ‘Se é isso que a cidade quer, é isso que a cidade tem que fazer’”, finalizou.

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