A instalação de novas empresas gerou um novo desafio para Tatuí: manter a qualidade do ar em bom nível, conforme aponta o ambientalista Décio Soares.
De acordo com a estação de monitoramento da Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo), a qualidade do ar da cidade é considerada boa.
Os níveis de poluentes, como as partículas inaláveis (MP10), dióxido de nitrogênio (NO2) e gás ozônio (O3), são considerados bons, de acordo com os equipamentos instalados na estação do bairro Valinho.
Embora a qualidade esteja boa, o ambientalista, que já fez parte da ONG (organização não governamental) Alerta, afirma que a cidade precisa ficar atenta com a arborização e a criação de parques e praças, se quiser manter a boa condição, considerando-se a instalação de novas indústrias.
“A gente precisa de ações fazendo com que a cidade se torne mais verde, para melhorar o ar da cidade. Tatuí não tem uma arborização adequada. Essa falta de arborização prejudica”, sustentou.
Segundo ele, o risco que a cidade sofre é com a criação de ilhas de calor, um fenômeno climático que ocorre em áreas com intensa urbanização. A arborização e criação de praças e parques evitaria a ocorrência, principalmente na região central, a mais propícia.
“A cidade precisa ter um cinturão verde, porque, senão, cria ilhas de calor. Aqui, a gente nota que, nesse aquecimento, a cidade fica insuportável”.
O trabalho de arborização precisa ser constante. Árvores velhas e que apresentam risco aos moradores precisam ser retiradas e ter novas mudas plantadas no lugar.
“Precisa ser um trabalho constante. Quando uma árvore é retirada por estar muito velha, no mínimo, precisam ser plantadas duas árvores para repor, dependendo da situação e do local”, declarou.
O poder público precisa, sempre, ficar atento se o tipo de árvore plantada é o ideal para o local. Árvores de grande porte, por exemplo, devem ser evitadas de serem plantadas em calçadas.
“As pessoas pensam que as árvores atrapalham, então, precisa ter uma conscientização com os donos das casas e colocar a espécie adequada para aquele local”, disse Soares.
Para o ambientalista, a cidade dispõe de uma legislação ambiental boa. “Entretanto, o poder público precisa colocar em prática algumas ações e fazer a fiscalização”.
A aplicação da lei, disse Soares, deve ser vista pelos cidadãos como a garantia de que todos terão um futuro melhor, do ponto de vista ambiental.
“As leis existem, então, precisa que elas sejam seguidas à risca, pois vai chegar um momento em que as coisas ficarão complicadas, do ponto de vista ambiental”, afirmou.
Apesar de os empreendedores plantarem o número correto de árvores nos loteamentos e fazerem a arborização adequada, os compradores dos lotes acabam retirando as mudas no início da construção da residência. O plantio nem sempre é refeito ao final da obra, o que prejudica a aplicação da lei, de acordo com o ambientalista.
“Nos loteamentos novos, as pessoas não conseguem colocar uma árvore em frente de casa, por causa da garagem, que acaba ocupando o espaço. Então, precisa criar algum padrão para esses empreendimentos”.
Soares defende a criação de novos parques. “A gente precisa, sempre, criar parques, como o “Maria Tuca” e o Vale dos Lagos, que não é formalmente um parque, mas é uma área verde. A cidade precisa de novos parques e criar, urgente, um cinturão verde”.
Além do investimento em arborização e criação de parques, o município deve ter foco no crescimento planejado, dentro do Plano Diretor.
“É uma questão ambiental e demográfica da cidade. Felizmente, temos o Plano Diretor, que norteia as atividades de todos os setores, o imobiliário e de indústrias”, argumentou.
A consciência ambiental do tatuiano está crescendo, na opinião de Soares. “Apesar de ter maior consciência da lei da ação e reação da natureza, a população precisa ser protagonista e não só esperar as soluções do poder público”.
“Todo mundo pode criar uma área verde no seu quintal e contribuir com o problema das enchentes, assim como pode plantar uma árvore e colaborar com a qualidade do ar”, declarou.
Soares finalizou apontando que a defesa do meio ambiente é um trabalho constante e que envolve a sociedade, o poder público e as empresas.
Só assim, na opinião dele, a cidade manterá o ar limpo e a temperatura agradável, mesmo com a instalação de novos empreendimentos.