Um silêncio profundo veste a manhã deste sábado ensolarado. Tão profundo que me permite ouvir o murmúrio das flores desabrochando…
Saio a caminhar e, de repente, começo a ouvir na copa viçosa da quaresmeira, a maviosa sinfonia de coleirinhas e tico-ticos.
Lá mais adiante, cresce o canto monótono e triste do anu solitário, em contraste com a alegria dos bem-te-vis em algazarra.
Repentinamente, os galos invadem a cantoria geral desta manhã com a estridência de suas vozes metálicas. Vão cantando, cantando aqui e ali… um diálogo sonoro interminável! Sempre se comunicam assim, desde os tempos bíblicos até a chegada dos celulares….
Para minha surpresa, uma pomba-rola alça voo bem aqui na minha frente. Assustada, talvez tenha ido chamar os quero-queros que hoje deixaram o campo de futebol vazio e silencioso.
As andorinhas recortam o espaço com seus voos rasantes e vão pousar na antena espetada na cumeeira da casa grande.
Minha caminhada matinal chegou ao fim. Tenho a sensação de que ouvi, durante o percurso, uma sinfonia digna do padre Antonio Vivaldi, ou de Tchaikovsky…
Com a vantagem de estar paramentado de tênis, bermuda, camiseta, óculos escuros, e longe das escadas do teatro…