Perto de 400 pessoas deverão ser ajudadas no decorrer da semana a partir de ação realizada em Tatuí. Coordenada pela empresária Rita Corradi Azevedo, a campanha “Doe Sangue” registrou, na manhã de sábado, 8, a coleta de cem bolsas de sangue do tipo “tripla”.
A iniciativa contou com participação de profissionais do HAC (Hospital “Amaral Carvalho”), de Jaú, mobilizou efetivo do Corpo de Bombeiros, registrou a realização do sonho de um menino de 9 anos e teve senhas esgotadas em uma hora.
Doadores de Tatuí, Tietê, Boituva, Cesário Lange e Cerquilho compareceram ao Cemem (Centro Municipal de Especialidades Médicas) “Dr. Jamil Sallum”. O espaço cedido pela Prefeitura, por meio da Secretaria Municipal da Saúde, recebeu a equipe de profissionais do hospital de Jaú.
A entidade ocupou parte das salas do centro para a realização de cadastro dos doadores, triagem e coleta dos materiais. Este tipo de ação é realizado em todo o interior do Estado de São Paulo, como contou o médico Fabrício Pascolat.
Em todos os municípios nos quais conta com parceria, o hospital realiza a chamada “coleta externa”. “É quando nós vamos até as cidades para conseguirmos sangue e os hemoderivados”, disse o profissional. Além de Pascolat, o Hemonúcleo Regional de Jaú enviou 11 pessoas, responsáveis pelas coletas.
“Nossa equipe multidisciplinar conta com enfermeiras, biomédicos e o médico”, disse.
Na cidade, o grupo fez a captação de cem bolsas de sangue e o cadastramento de 150 doadores de medula óssea das 7h30 às 11h. As senhas preparadas pela equipe foram entregues a pessoas de várias cidades, incluindo bombeiros do 2o Subgrupamento do Corpo de Bombeiros de Tatuí e da região.
Todos os doadores foram submetidos, além do cadastro e de entrevista, a testes para avaliação da qualidade de concentrados de hemácias. O procedimento, segundo o médico do hospital, é determinante para a coleta de bolsas de sangue.
“Nem todas as pessoas que vieram até aqui conseguirão doar. Nós temos em torno de 20% a 30% de recusa”, afirmou o médico. Os demais doadores cederam 470 ml de sangue, que é a capacidade de cada bolsa. O material é fracionado em plasma, concentrado de hemácias (glóbulos vermelhos) e plaquetas.
“Nós estamos precisando bastante de plaquetas. A nossa intenção, com o evento em Tatuí, é processarmos o sangue coletado o mais rápido possível”, comentou.
Como o Amaral Carvalho é um hospital de referência de transplante de medula óssea, a instituição necessita de uma grande quantidade de plaquetas para realizar os procedimentos. “Não que nós não precisemos do concentrado, mas a nossa maior necessidade são as plaquetas”, argumentou Pascolat.
As coletas são realizadas três vezes por semana, as terças, quintas e sábados. Em Tatuí, a iniciativa realizada em julho atendeu a um pedido do comando do Corpo de Bombeiros. O tenente-coronel Miguel Ângelo de Campos, que também participou da doação, contou que a coordenação programou a segunda coleta do ano para julho para coincidir com a ação “Bombeiro Sangue Bom”.
Perto de 15 bombeiros do quartel tatuiano (de folga e em serviço) compareceram ao Cemem para contribuir. Também colaboraram bombeiros de outras cidades, como Boituva. Clóvis Alexandre é bombeiro municipal da cidade vizinha e doador habitual. Pelo menos duas vezes ao ano ele doa sangue.
O bombeiro municipal tem sangue do tipo A+, mais difícil de encontrar na região, e é voluntário há nove anos. Ele participou da iniciativa justamente para reforçar a participação da corporação na campanha desenvolvida em todo o Estado.
A ação é realizada sempre no período de férias, época do ano na qual os bancos de sangue e hemonúcleos têm baixas nos estoques de bolsas. “O CB tem dado a colaboração para manter os níveis de sangue em alta. Para isto foi criada a campanha, é para fortalecer as entidades”, explicitou o tenente-coronel.
Campos contou que todos os quartéis ligados ao 15º Grupamento dos Bombeiros, com sede em Sorocaba, participaram da campanha. Na região de Sorocaba, Tatuí integrou um dos quatro pontos de coleta. Os outros três funcionaram em Itapeva, Itapetininga e Sorocaba.
“Para nossa satisfação, nós conseguimos, neste ano, conciliar a vinda do pessoal de Jaú, coordenado pela Rita, com o mês da nossa campanha”, acrescentou.
Segundo o oficial, a iniciativa deverá ser mantida em 2018, com coleta de sangue e cadastro de doadores de medula óssea programadas novamente para julho. “Este é um trabalho maravilhoso desenvolvido por todos”, avaliou Campos.
Nos anos anteriores, os bombeiros não conseguiram realizar a ação em Tatuí. O efetivo local precisou se deslocar para Sorocaba, devido à situação do Banco de Sangue “Fortunato Minghini”, que deixou de coletar por uma série de razões.
O espaço ganhou, no mês passado, novos equipamentos e deve retomar as atividades em breve, conforme divulgou a assessoria de comunicação da Prefeitura.
A campanha dos bombeiros é realizada em forma de competição, na qual se destacam os quartéis que conseguem maior número de doadores. Mesmo não tendo a chance de vencer, por conta do efetivo e da capacidade de coleta, o tenente-coronel enfatizou que os bombeiros de Tatuí fazem questão de participar por causa do objetivo da ação. “A campanha tem como princípio, realmente, manter o estoque de sangue alto no Estado”, reforçou.
Com objetivo similar, mas priorizando o Hemonúcleo Regional de Jaú, Jaciara Rodrigues Garcia também deu parcela de contribuição no sábado. A jovem de 27 anos, que há três é doadora de sangue e de medula óssea, compareceu ao Cemem para contribuir com a campanha organizada por Rita. “Como doadora, sei que posso ajudar muitas pessoas e isto me deixa bem feliz”, disse.
Morador de Cesário Lange, Juscelino Reis do Nascimento faz parte de um grupo comum de doadores. Ele é O+ e chegou até a campanha pela indicação de um médico. “Eu fiz um exame aqui em Tatuí e o doutor me disse que eu tenho o sangue grosso, e me deu uma carta para doar ao banco de sangue”, contou.
Com o encerramento da coleta pelo “Fortunato Minghini”, Nascimento priorizou as campanhas do “Doe Sangue”. “Este é o segundo ano que venho”, disse.
O voluntário já contribuiu com ações em Sorocaba e Botucatu. “Onde tem campanha, eu vou. Não ganho nada. Ninguém da minha família até hoje precisou de transfusão, mas a doação é algo tão simples. Não tem nada demais”, vaticinou.