RAUL VALLERINE
Sete pecados sociais: política sem princípios, riqueza sem trabalho, prazer sem consciência, conhecimento sem caráter, comércio sem moralidade, ciência sem humanidade e culto sem sacrifício.
Mahatma Gandhi
A presença da mulher foi, muitas vezes, ignorada no decorrer do tempo em várias sociedades do mundo. Na Antiguidade, no Oriente e no Ocidente, a mulher era solicitada praticamente para funções subservientes.
A própria maternidade era desconsiderada quando se dava luz a uma menina. Como sociedade machista, o pai esperava a festejada chegada de um varão.
Nas tradições das sociedades judias, por exemplo, a mulher não se sentava à mesa com os homens para se alimentar. Apenas os serviam e comiam separadamente.
Por outro lado, alguns pensadores humanistas, como filósofos e educadores, consideraram a presença feminina, com sua relevante contribuição para o desenvolvimento social.
Foram poucos. A conquista incipiente de espaço, em seu direito natural de ser humano, só foi alcançada pela mulher no século XX, após lutas e conflitos agressivos.
Foi uma longa jornada, que até hoje deixam manifestos os preconceitos decorrentes da ignorância e da coerção da personalidade masculina sobre a feminina.
Ao longo da história brasileira, as mulheres tiveram os principais direitos políticos negados, como o de votar ou até mesmo se candidatar a cargos políticos, fato que mudou somente a partir do governo Getúlio Vargas, em 1932 por meio do decreto 21.076.
A luta das mulheres no cenário político é de uma trajetória marcada por grande resistência, devido à diferença entre os gêneros, sendo que por muito tempo a política era um cenário restrito aos homens.
O Brasil vem passando por uma grande transformação na política, com as mulheres conquistando seu espaço e buscando a igualdade de direitos entre os gêneros.
Mesmo que atualmente existem programas de incentivo para tal participação, há poucas mulheres que se interessam em disputar cargos políticos, reflexo do histórico fato de a política ter sido, por muito tempo, um espaço quase que totalmente masculino.
Dentre esses incentivos se encontram as cotas, que estão previstas na lei 9.504/97, conforme artigo 10, parágrafo 3o, criadas para impedir que os partidos políticos lancem todos seus candidatos de um mesmo sexo, impondo um limite de 70% (setenta por cento). Ou seja, se um determinado partido lançar 10 (dez) candidatos, 3 (três) referente a 30% (trinta por cento) devem ser mulheres.
Prioritariamente, os partidos têm usado a regra para lançar mulheres como candidatas e este mecanismo tem sido interessante para amenizar a exclusão das mulheres na esfera política.
As mulheres vêm adquirindo mais representação social e política com o passar do tempo, entretanto esse avanço ainda não se mostra o suficiente, pois o número de mulheres na política é expressivamente inferior ao de homens, dado que representa um obstáculo a uma participação igualitária.
A participação da mulher na política é essencial para a defesa da democracia, das políticas de incentivo, sendo fundamental para a construção de uma sociedade mais igualitária, mais justa e solidária.
Por outro lado, quanto mais mulheres se dispuserem a enfrentar os muitos obstáculos existentes para adentrar o campo da gestão pública, maiores questionamentos trarão sobre o papel social feminino em nossa cultura, podendo contribuir para o debate e abertura de mudanças sociais.
Falar em diferenças comportamentais entre homens e mulheres no exercício de alguns cargos e funções trata-se de algo bastante relativo, pois aspectos como questões morais não necessariamente manifestam-se de forma diferente a depender do sexo.
Assim, bom governante é aquele que tem compromisso com a democracia e com a coletividade, seja homem ou mulher.