
Raul Vallerine
O tempo não destrói o amor, o que destrói o amor é a falta de diálogo e compreensão entre as pessoas que nunca aprenderam o que é amar! (David Bezerra de Melo)
Um diálogo de qualidade é saudável e útil. Não significa que necessariamente só podemos falar de assuntos sérios. É apropriado ter conversas agradáveis, engraçadas ou interessantes.
Isto não vai de encontro às três peneiras de Sócrates: verdade, bondade e utilidade? Se considerarmos que ter uma conversa agradável e relações boas é útil, então não há problema.
Devemos sempre que possível nos nossos diálogos falar de algo que não gere intolerância e impaciência.
Estabelecer relações sadias ao conversar, afinal existem diversidades de pensamento. A beleza da vida está nessas diferenças, pois a diferença nos enriquece, nos faz perceber que cada um é distinto. E é desafiador conviver com a diferença. Isto exige sabedoria para ouvir e falar.
Estamos vivendo num tempo em que o diálogo se torna cada vez mais necessário na construção da paz e para a convivência fraterna.
O diálogo se torna tarefa irrenunciável num contexto sociocultural marcado, de um lado, por tanta agressividade e intolerância, de outro, pela indiferença egoísta.
Precisamos dialogar mais no dia a dia e nos vários âmbitos da vida social. Contudo, é preciso aprofundar a compreensão que temos sobre o diálogo para poder concretizá-lo.
A capacidade de dialogar serve de termômetro para avaliar a vivência da fraternidade e do respeito ao outro. A recusa ao diálogo pode expressar fechamento sobre si e a recusa de escutar.
O diálogo exige primeiramente a escuta, a disponibilidade em aprender com o outro que pensa diferente. Exige proximidade, disposição para aproximar-se do outro para escutar, compreender e respeitar; não somente para falar.
Não há espaço para o diálogo quando alguém se aproxima do outro apenas para convencê-lo de que está errado. Por isso, ao invés do orgulho ensimesmado, é necessário admitir as próprias limitações no conhecimento da verdade, para estabelecer diálogo.
Entretanto, a atitude de respeito às convicções do outro não exclui a coerência com a própria identidade e a sinceridade.
O autêntico diálogo não anula a identidade, não se confunde com a busca interessada do consenso fácil, nem pode ser ditado pela procura de vantagens.
Somente quem tem sua própria identidade preservada poderá oferecer uma contribuição própria no diálogo entre diferentes.
Em geral, a palavra diálogo logo faz pensar no relacionamento entre duas pessoas ou entre participantes de um pequeno grupo.
É inegável a importância do diálogo entre duas pessoas, como por exemplo, na vida de um casal, ou entre os membros de uma família, ou de um pequeno grupo.
É necessário, porém, que a prática do diálogo aconteça também em outros campos da vida social, especialmente, nos exigentes campos da política, da cultura e da educação, como caminho privilegiado de construção da fraternidade e da paz.
As Igrejas e instituições da sociedade civil desempenham papel fundamental na promoção do diálogo amplo e sincero, não somente no interior de cada uma delas, mas no relacionamento com a sociedade.
A opção pelo diálogo contribui para superar fundamentalismos e radicalismos que causam violência e dor.
Nós precisamos de todas as pessoas ao nosso redor, até daquelas que a gente não gosta, visto que é através dos relacionamentos que evoluímos. Ninguém cresce sozinho.
Saibamos que o bom diálogo gera respeito, tolerância, empatia, compreensão, relações duradouras, relacionamentos saudáveis.
O diálogo é uma ferramenta poderosa e indispensável para a construção de um mundo melhor. Seja nas relações pessoais, profissionais ou sociais, o diálogo nos permite conectar, compreender e construir juntos um futuro mais justo, pacífico e próspero. Investir no diálogo é investir em um mundo mais humano e feliz.