Fale um pouco sobre o senhor, por favor.
Ortiz Neto – Sou tatuiano, nasci dia 19 de fevereiro de 1950, estudei o ensino fundamental e médio em Tatuí, formando-me professor primário no IEEBS. Em São Paulo, fiz o curso de jornalismo impresso na Cásper Líbero e conclui na Fiam. Trabalhei na Folha de São Paulo sete anos e fui aos Estados Unidos. Vivi em Nova York, Lisboa, Paris e voltei a São Paulo em 1997.
No exterior, tornei-me empresário nas empresas trilógicas, um modelo de empresa cooperativa, sem patrões ou empregados, modelo esse criado pelo psicanalista e cientista social Norberto Keppe, que segue muito bem-sucedido até hoje no Brasil.
Formei-me também em psicossocioterapia pela Sociedade Internacional de Psicanálise Integral (Trilogia Analítica) e fiz o curso de pós-graduação em gestão da psicossociopatologia pelo Instituto Educacional Norberto Keppe e INPG (Instituto Nacional de Pós-Graduação). No momento, dou aulas nos cursos de graduação e pós-graduação das Faculdades Trilógicas e escrevo livros. Este é o 15º.
Gostaria de conhecer melhor a mente por trás da iniciativa…
Ortiz Neto – Quanto à minha mente, pode considerá-la “trilógica”, pois penso com a união entre o sentimento, o pensamento e a ação, ou seja, a teologia, a filosofia e a ciência (sobretudo psicanalítica integral de Norberto Keppe e Cláudia B. S. Pacheco).
Assim, vejo os problemas humanos como consequência da psicopatologia individual e da sociopatologia (doença da organização social). Há casos de pessoas muito sãs, como artistas, por exemplo, que são massacradas pela patologia social, e há casos de pessoas bem de vida, com toda ajuda social, mas que naufragam e vão ser moradores de rua por causa da própria psicopatologia e dos vícios.
Por favor, fale um pouco mais sobre o livro lançado.
Ortiz Neto – O livro traz uma visão, como eu disse, ao contrário da tradicional. Por exemplo, aprendemos na escola que o Brasil foi descoberto por acaso, que nosso país foi colonizado por bandidos, que a religião foi negativa para os indígenas e para o Brasil e que a miscigenação degenerou o povo. É uma visão totalmente invertida dos acontecimentos.
Em primeiro lugar, o Brasil foi descoberto planejadamente. O livro explica que os portugueses já sabiam da existência do continente sul-americano desde o século 12, e aqui chegaram 157 anos antes da vinda de Cabral.
O navegador português Sancho Brandão, na verdade, foi o primeiro português a chegar ao Brasil, em 1343, no reinado de Afonso IV. A descoberta foi mantida em segredo até 1500, quando houve o descobrimento dos documentos que davam conta da descoberta. A vinda de Cabral foi apenas para tomar posse da terra prometida.
Depois, o Brasil foi povoado (não colonizado) pela mais alta nobreza de Portugal, que enviou seus melhores homens para o Novo Mundo. Trouxeram degredados também, mas esses degredados eram pessoas condenadas, em sua maioria, por crimes menores, como assoar o nariz em pano de igreja, ou então por assediar moças na rua. Estes últimos eram os preferidos para serem enviados ao Brasil pois a Coroa queria povoar depressa a nova terra.
A ideia dos reis portugueses era juntar Brasil e Portugal num só povo, fazendo de tudo um grande Portugal, por isso os portugueses eram encorajados (e até premiados) caso se unissem com as indígenas (e os navios eram proibidos de trazer mulheres a bordo, pois a miscigenação era desejada, para formar um povo amigo, tudo em família).
Essa política também era praticada pelos indígenas de muitas tribos (política do cunhadismo). Quando queriam se aliar a outro povo, davam suas filhas em casamento e ficava tudo em família.
Em terceiro lugar, não foi uma companhia marítima de piratas que veio ao Brasil (como a Companhia Marítima das Indias Ocidentais, holandesa, constituída de corsários dedicados à pirataria, ao roubo e à rapinagem).
Não, as grandes navegações foram realizadas pela Ordem de Cristo, sucedânea da Ordem dos Cavaleiros Templários, à qual pertenciam todos os reis de Portugal. O livro mostra que D. Manuel, O Venturoso, assim como os reis que o precederam e os que vieram depois, tinham um sonho messiânico, de tornar toda a Terra um templo, o Templo do Espírito Santo, trazendo todas as nações do mundo ao cristianismo.
Foi graças a esse ideal elevadíssimo que conseguiram empreender as maiores navegações da história da humanidade, dando a volta ao mundo e chegando na África, Indonésia, China, Japão, América do Norte e do Sul etc.
Quanto à miscigenação, foi a melhor coisa que aconteceu ao Brasil. Aprimorou geneticamente os descendentes e não o contrário. O livro traz estudos científicos que mostram que a miscigenação é altamente benéfica, e o Brasil é o povo mais miscigenado que existe na “humanidade”.
Tudo isso ficou escondido do brasileiro, dando ideia a muitos de que somos inferiores a outros povos, e não o contrário, que temos mais qualidades adormecidas, que farão do Brasil o centro difusor da nova civilização do terceiro milênio para a humanidade. A prova disso é que o mundo inteiro está em guerra e o Brasil procura viver em paz com todos os povos.
Este livro é um “filhote” do livro “História Secreta do Brasil”, da doutora Cláudia Bernhardt de Souza Pacheco. Naquele livro, publicado em 2000, atuei como auxiliar de redação. Este livro foi ela quem idealizou, orientou e supervisionou o andamento. Ela me incumbiu de coordenar a redação da obra.
Escrevi a maioria dos capítulos e orientei a redação dos demais, produzidos por oito coautores. É a primeira realização do Centro de Estudos do Nordeste das Faculdades Trilógicas, que ela dirige.
Mais uma coisa que gostaria de comentar: os religiosos que vieram ao Brasil, franciscanos, dominicanos, jesuítas, foram verdadeiros heróis que penetraram as selvas para levar o cristianismo aos povos que não o conheciam, muitos deles morrendo como mártires nessa evangelização.
Além disso, defendiam a liberdade dos indígenas e promoveram a escolarização e o progresso do Brasil. Basta dizer que a pujante cidade de São Paulo foi fundada a partir de um Colégio Jesuíta no Planalto de Piratininga.
Como se vê é o contrário do que se ensina…