Raul Vellerine
Uma sociedade depende de todos os cidadãos. Seu país precisa de você e seu voto consciente é mais que um direito; é um dever cívico.
A história do voto no Brasil é longa e cheia de mudanças. No dia 23 de janeiro de 1532, trinta e dois anos após Cabral ter desembarcado no País, houve uma votação apenas em âmbito municipal.
Nesta data, os moradores da primeira vila fundada na colônia portuguesa São Vicente, em São Paulo foram às urnas para eleger o Conselho Municipal.
No entanto, pode-se dizer que o percurso do voto no país começou efetivamente em 1824, com a primeira Constituição do Império, que estabelecia um sistema eleitoral censitário, restringindo o direito de voto a homens livres e com uma determinada renda mínima.
Mais tarde, com a Proclamação da República em 1889, o sufrágio foi ampliado, mas era ainda restrito. Menores de 21 anos, mulheres, analfabetos, mendigos, soldados rasos, indígenas e integrantes do clero estavam impedidos de votar.
Significativas mudanças ocorreram em 1932, com a promulgação do Código Eleitoral. Foram instituídos o voto secreto e a Justiça Eleitoral. Além disso, concedeu-se o direito de voto às mulheres, um marco importante na luta pela igualdade de gênero.
Porém, foi só partir da Constituição de 1988, que o Brasil adotou um sistema de voto universal e obrigatório para todos os cidadãos com idade entre 18 e 70 anos, assegurando um processo eleitoral mais representativo e consolidando a democracia no país.
A democracia é o regime político que estrutura e permite a participação popular nos rumos da sociedade. Uma das grandes expressões da democracia é o voto, sendo os cidadãos, nesse contexto, sujeitos ativos e não meros espectadores da dinâmica do poder.
O voto é, portanto, um importante instrumento de mudança política e social. É votando, que se mostra o que se quer, escolhendo representantes e governantes que fazem e executam as leis que interferem e interferirão diretamente na vida de todos.
Nesse sentido, faz-se necessária a participação coletiva na vida eleitoral para escolher conscientemente os representantes de acordo com o que se acredita ser melhor para o município.
Além disso, é importante destacar que a ocasião das eleições representa um dos raros momentos em que todos se igualam, já que não há diferença de raça, sexo, condição financeira, classe ou grupo social. Existe uma igualdade de valor no voto dado por cada cidadão.
Escolher em quem votar é uma tarefa de extrema relevância, já que o voto é uma forma de demonstrar opinião, vontade ou preferência.
Primeiramente, o eleitor deve identificar quais valores julga mais importantes e quer ver seu representante defender. A seguir, é interessante prestar atenção no passado do candidato: pessoal, profissional, político e partidário, nas suas propostas e nas suas ideias.
Ademais, o cidadão deve manter-se informado sobre as questões que envolvem a política, atentando-se tanto às pessoas que já desempenham mandato eletivo, quanto aos que se apresentam publicamente para disputar um cargo pela primeira vez.
A proximidade das eleições municipais de 2024 acende um alerta sobre a desinformação e a propagação de notícias falsas.
Neste ano, os brasileiros vão às urnas para escolher novos prefeitos, vice-prefeitos e vereadores dos 5.568 municípios do país.
O desafio de garantir eleições limpas e em igualdade de condições cresce com a sofisticação tecnológica, com o uso de aplicativos e da inteligência artificial generativa para produção de textos, áudios e vídeos os chamados falsificações profundas.
Combater a disseminação de notícias falsas nas eleições contribui para exercermos o voto responsável. A desinformação afeta nossa liberdade de escolha na hora de votarmos, pois pode influenciar a decisão com base em mentiras.