
Raul Vallerine
O ser humano inventou a tecnologia e tantas outras coisas maravilhosas. Mas não consegue encontrar a felicidade em uma vida fútil nem a juventude numa fonte.
É comum associarmos o termo “dependência” ao universo de substâncias químicas como álcool e drogas. Mas, no mundo moderno, outros vícios estão ganhando espaço, como a dependência digital, presente no contexto da internet.
Nos dois cenários, as consequências desse tipo de comportamento afetam a percepção., provocam desde a perda da noção de tempo até o desenvolvimento de quadros de abstinência, com alterações de humor e sentimentos de raiva, tristeza e frustração.
Quanto maior o tempo dedicado ao mundo digital, maior é a tolerância à exposição às telas, o que gera o aumento da necessidade de mais horas de uso.
Assim, quem fica muito tempo conectado todos os dias acaba se isolando socialmente e pode apresentar desempenho insatisfatório nos estudos ou no trabalho. Esses são apenas alguns dos sintomas que caracterizam a dependência digital.
A dependência digital ocorre quando um indivíduo passa a desvincular-se da sociedade para permanecer mais tempo em frente a um computador.
É desenvolvida quando uma pessoa fica verificando a caixa de entrada do e-mail constantemente, quando participa constantemente em salas de bate-papo, quando utiliza mensageiros instantâneos, jogos on-line e sites específicos.
É importante evidenciar que a utilização da internet e seus benefícios não caracterizam a dependência digital e sim o seu isolamento perante o convívio social.
Os dependentes não conseguem controlar seu envolvimento e seu uso com a vida real e social, o que pode além do isolamento provocar desconforto emocional, ansiedade, agitação, irritabilidade e depressão.
Quando ocorre em adultos, a dependência digital pode ser tratada com terapias, mas quando ocorre em crianças e jovens além da terapia psicológica deve haver a interferência dos pais quanto ao uso do computador que pode ser feita colocando o computador em local visível aos olhos dos pais.
Estipulando horários para a utilização do computador, invertendo os horários estipulados para navegação, restringindo acesso aos sites visitados compulsoriamente e outras.
A dependência digital já passou a ser patologia psiquiátrica em alguns países. Existem profissionais e estudiosos que já até associam a dependência digital à alcoólica. No Brasil a dependência ainda não é considerada doença e sim um transtorno que deve ser tratado por um psicólogo o quanto antes para obter melhores resultados.
O uso inadequado de dispositivos durante à noite pode também prejudicar a qualidade do sono e levar a problemas de insônia e fadiga durante o dia, além de afetar a saúde dos olhos.
Por isso, entidades como a Sociedade Brasileira de Pediatria e a Academia Americana de Pediatria atualizaram suas diretrizes e orientações sobre o uso de aparelhos eletrônicos por crianças, abordando idade de início do uso, mediação de tempo e conteúdo e sugestões de atividades que possam manter crianças e adolescentes afastados das telas por mais tempo.
De acordo com especialistas, o tempo de tela recomendado para crianças de 2 a 5 anos é de 1 hora, de 6 a 10 anos é de 2 horas e para adolescentes é de 3 horas, medidas distantes do que observamos atualmente.
Para prevenir a dependência digital é importante adotar algumas medidas, como: estabelecer limites para o uso das tecnologias; definir horários específicos para navegar nas redes sociais; organizar rotinas de trabalho e lazer equilibradas também no universo on-line.
Especialistas recomendam também a prática de atividades físicas, o contato com a natureza e a leitura como formas de equilibrar o tempo dedicado às telas.