É preciso questionar a democracia para podermos reinventá-la e não permitir que seja pervertida pelo poder econômico e financeiro que não é nem eleito pelo voto popular nem controlado pelos cidadãos.
José Saramago
A Democracia
Hoje, o Brasil precisa de mais e não de menos democracia, de mais e não de menos participação popular. Governar sem democracia é impor a vontade de uma minoria sobre o conjunto da população.
A democracia é barulhenta, implica a participação popular, muitas vezes desordenada, em uma sociedade tão plural como a nossa.
O povo grita, diz o que pensa, acerta, erra, dá volta, contorna, retoma o seu caminho. A democracia é incômoda, movida pela busca permanente de soluções, com a intervenção dos mais diversos setores da sociedade, que buscam defender seus interesses.
Democracia implica instituições sólidas, legítimas, em governos eleitos pela vontade popular, mediante organizações que representem os mais diversos setores da sociedade.
Governar sem democracia é impor a vontade de uma minoria sobre o conjunto da população. É preciso manipular a consciência das pessoas mediante uma mídia a serviço das oligarquias, é reprimir manifestações populares, como meio de sustentar governos sem apoio nem legitimidade, isolados.
Hoje o Brasil precisa de mais e não de menos democracia, de mais e não de menos participação popular.
A democracia é o único marco possível para resolver a crise atual, porque ela permite que a maioria da população decida como quer que o país resolva a crise.
Só a democracia permite instaurar-se um governo com legitimidade, porque eleito livremente pela maioria. Por isso, só a democracia permite a estabilidade politica, a credibilidade nos governos.
Quando falamos em política é comum às pessoas imaginarem um espaço externo à sua vida cotidiana e que diz respeito ao Estado e aos políticos encarregados das decisões relativas à Administração Pública.
Essa é, no mínimo, uma visão estreita, pois, todos nós, como cidadãos, temos o direito (e o dever) de participar do jogo político.
A verdadeira Democracia, onde o povo participe de alguma forma das decisões que interferem nas relações sociais, supõe uma prática pedagógica: educar para a cidadania.
Educar é um ato que visa não apenas desenvolver nossa habilidade físico-motora e psíquico-afetiva, mas igualmente à convivência social, a cidadania e a tomada de consciência política.
A educação para a cidadania significa fazer de cada pessoa um agente de transformação social, por meio de uma práxis pedagógica e filosófica: uma reflexão/ação dos homens sobre o mundo para transformá-lo.
Uma educação voltada para o exercício da cidadania em seu sentido mais pleno, em que os cidadãos efetivamente participam das decisões políticas que os afetam.
Uma concepção de cidadania onde os Movimentos Sociais e populares se tornam uma peça fundamental, já que eles representam novos atores sociais em diálogo constante e aberto com o poder do Estado e que participam das decisões políticas que os afetam.
Uma cidadania que é potencializada nas lutas sociais por direitos como Educação, Saúde, habitação, entre outros.
E entre estes direitos está, precisamente, o direito a uma educação de qualidade. Uma educação que deve formar não apenas o indivíduo, mas o cidadão.
Necessitamos, então, avançar na direção de um projeto comum de sociedade que assegure direitos iguais a todos, conforme prevê a própria Constituição Federal, no capítulo I, Artigo V, dizendo que “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza”.
Que esse princípio ético e legal nos sirva de guia para a construção progressiva de uma verdadeira democracia!