Verdade que muitos ainda não “botam fé” que Tatuí pode, sim, tornar-se uma grande opção turística no Estado de São Paulo. A enquete promovida pelo jornal O Progresso na semana passado identifica o fato.
Pela pesquisa, 63% dos participantes indicaram não crer no potencial tatuiano para o turismo – ou seja, o equivalente a dois em cada três munícipes, a se considerar os votantes como representativos do universo geral.
Outro episódio interessante também foi observado pelo jornal na semana anterior, então com relação à receptividade de público de um jovem tatuiano que se apresenta como comediante stand-up, cuja reportagem figurada por ele será publicada na próxima semana.
O jovem contou que, quando se apresenta em Boituva e Cerquilho, por exemplo, “fica gente pra fora do teatro”, ao passo que, em Tatuí, digamos que a dimensão de público passa longe de arrepiar os cabelos…
Gente, o que é que está acontecendo com esta cidade? Seria a velha e mais que manjada proposição de “superbaixa autoestima”, segundo a qual, em casa de ferreiro, espeto de pau?
Convenhamos: se os próprios tatuianos não acreditarem nos atributos locais – sejam artísticos ou de caráter turístico -, certamente, não serão os cidadãos de Boituva, Cerquilho ou da Quinta do Inferno à Quatro que vão sair país afora divulgando Tatuí como Capital da Música, Cidade Ternura, Terra dos Doces Caseiros…
Claro: há muita gente apenas “estando” na cidade, não “sendo” tatuianos. Não buscam fazer parte da comunidade, claramente desinteressados em reconhecer e, tampouco, contribuir com a cultura e a valorização dos atrativos locais.
Apesar de muitos já residirem aqui há tempo, portam-se como se “de passagem”. “Eu, pé vermeio, hein? Aff!”. Óbvio que, desse contingente – tão ávido por acelerar na Castello Branco, “correindu” para longe de Tatuí –, não se pode esperar nada.
Mas, a questão intrigante encontra-se sobre os tatuianos mesmo, entre os quais uma parte significativa insiste em não se dar o devido valor.
Por sorte – e pela iniciativa de outros tantos locais que preferem agir por um projeto produtivo de investimento no turismo -, além das fronteiras tatuianas, o espeto de ferro tem suas virtudes reconhecidas.
Uma destas situações foi marcada em cerimônia na sexta-feira da semana passada, 18, quando Tatuí recebeu o troféu do prêmio Top Destinos Turísticos, na categoria “estudos e intercâmbio”. O evento aconteceu na Assembleia Legislativa do Estado.
Entre 39 cidades premiadas, Tatuí figurou na lista das dez mais destacadas, segundo votação popular. O município concluiu a disputa estadual na nona colocação geral, atrás apenas de Itanhaém, Praia Grande, Santos, Bofete, Guarujá, Campos do Jordão, Olímpia e Ilhabela.
Mais de 400 cidades se inscreveram nesta edição do concurso, dividido em 13 categorias: aventura, cultural, ecoturismo, esportes, estudos e intercâmbio, náutico, negócios e eventos, pesca, religioso, rural, saúde, social e sol e praia. Cada categoria foi disputada por três municípios, eleitos pelo voto popular.
O prêmio, que tem como objetivo selecionar os melhores destinos turísticos do Estado, é uma realização conjunta da ADVB (Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil) e da Skál Internacional São Paulo.
A premiação foi entregue à prefeita Maria José Vieira de Camargo, que esteve presente no evento ao lado do secretário do Esporte, Cultura, Turismo, Lazer e Juventude, Cassiano Sinisgalli.
Na cerimônia, Maria José reforçou as principais referências atrativas do município: “Capital da Música”, “Cidade Ternura”, “Terra de Paulo Setúbal” e “Terra dos Doces Caseiros”, indicando que a administração já tem claras as diretrizes pelas quais precisa direcionar os investimentos.
Por sua vez, o presidente do Comtur (Conselho Municipal de Turismo), Wagner Eduardo Graziano, apontou o prêmio como uma importante conquista para o turismo local. Segundo ele, para se conseguir chegar a um bom número de votos, foi fundamental a participação da população.
“Poderíamos ter ido muito melhor, mas não tivemos muito tempo. De qualquer forma, mostra que a cidade quer participar. Turismo, hoje em dia, é importante para qualquer cidade”, argumentou.
Graziano destacou que Tatuí está criando bases para um turismo sólido e que a obtenção do prêmio é comprovação de que “o trabalho está sendo feito de maneira correta e bem pensada”.
César Augusto de Araújo, vice-presidente do Comtur, acentuou que o prêmio deu grande visibilidade a Tatuí junto ao “trading” turístico do Estado.
“Agora, a gente está indo no nível Brasil. O prêmio é do Estado de São Paulo, mas a divulgação feita pela Skál e ADVB é difundida em nível nacional”, comemorou Araújo.
Segundo o vice-presidente, a premiação colocará Tatuí em uma boa posição no ranking das cidades MIT (município de interesse turístico) com intenção de se tornarem estâncias turísticas.
“Imaginamos que, em 2019, já teremos a definição desse ranqueamento. Estamos fazendo todo o esforço possível para chegar ao objetivo de tornar Tatuí uma estância turística. O destaque está sendo dado, esse prêmio foi bem expressivo e muito comentado”, sustentou.
Naturalmente, o Conservatório foi o principal “carro-chefe” para a conquista de Tatuí, sendo responsável por boa parte da agenda cultural e por toda a oferta de excelente ensino musical. No entanto, conforme defendeu Graziano, “em contrapartida, o turismo reforça a importância do Conservatório na cidade”.
Em outras palavras, tivesse Tatuí somente o Conservatório e nada mais, já haveria motivo para atração turística. Mais até: razão para festa! Para orgulho de qualquer legítimo tatuiano – tenha ou não nascido sobre a terra vermelha.
O chatinho, apenas, é que muitos – certamente entre os quais os que não creem na Capital da Música e na Cidade Ternura – gastam tempo deitando bobagens e veneno em redes sociais, mas sequer conhecem, por exemplo, o teatro “Procópio Ferreira” (um dos melhores e mais bonitos do país!).
Pode parecer discurso oportunista de autoajuda, mas verdade é que, antes de se alcançar algum objetivo, é preciso acreditar nele. Felizmente, Tatuí possui, sim, motivos para merecer a fé dos tatuianos.
Agora, para quem pouco se importa, aí, o certo é deixarmos a ternura de lado e lembrarmos que a Castello Branco é logo ali. Aliás, outro grande atributo da Capital da Música: sua localização privilegiada, que permite o acesso a muitos outros lugares, e rapidinho!
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