Cristiano Mota
Cestas são distribuídas com base em recomendação nutricional
Um mês após anunciar uma marca inédita – 47.269 quilos de frutas, verduras e legumes –, o Banco de Alimentos “Zacharias Nunes Rolim” divulgou novo recorde. O projeto, que ganhou prédio próprio em Tatuí em 2011, fechou o mês de maio com 59 mil quilos de alimentos coletados e distribuídos.
Com esses números, o banco atende 28 entidades do município e 330 famílias carentes. Outras 70 aguardam em “fila de espera” para receber cestas básicas semanalmente.
No entanto, os planos do projeto são de atender às famílias que ainda faltam até o final de agosto, a partir da vinda de uma nova Kombi e de mais quatro funcionários.
Segundo o coordenador, os alimentos são recebidos pelo projeto de “duas maneiras”. Uma parte é obtida por meio de doação do comércio varejista (supermercados, casas de hortifrutigranjeiros, feirantes, entre outros); a outra, de pequenos produtores, pelo PAA (Programa de Aquisição de Alimentos).
Neto explicou que o comércio entrega, para o banco, os alimentos que são bons para consumo, mas impróprios para venda. “Um mamão que tem uma mancha, uma maçã com um amassadinho. Nós recebemos frutas e verduras e, depois de uma triagem e higienização, eles são doados para os assistidos”, disse.
A via do PAA é composta por cooperativas formadas por pequenos produtores. Essas entidades fazem convênio com o Banco de Alimentos, recebendo do governo federal. Tatuí mantém convênio com quatro cooperativas: de Tatuí, Itapetininga, Capela do Alto e Campina do Monte Alegre.
“Isso gera renda para os pequenos produtores, que têm compra garantida”, disse Neto. Conforme ele, o governo federal repassa, por meio do Fome Zero, valor de até R$ 8.200 por ano, por agricultor, para garantir a produção dos bancos de alimentos. “E nós revertemos isso em ajuda”, afirmou.
Em Tatuí, o projeto tem como “carro-chefe” os hortifrutigranjeiros (alfaces, rúculas, couve e frutas). No entanto, o banco recebe outros alimentos, como arroz, feijão, sal e açúcar. As frutas e alguns legumes são processados e transformando-se em compotas, distribuídas tanto para as entidades como para famílias.
As primeiras são selecionadas com base em documentações. As instituições assistidas precisam ter CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica) e cadastro na Prefeitura. As exigências ajudam a coordenação do Banco de Alimentos a verificar quais os tipos de alimentos que as entidades precisam.
Já as famílias são definidas por meio de visitas de assistentes sociais. Os profissionais realizam cadastro e analisam a situação de vulnerabilidade. Depois, definem quem precisa e quem não precisa receber alimentos.
As entregas são feitas semanalmente, com as entidades retirando no prédio do projeto. “Já as famílias recebem dos dois jeitos. Algumas vêm retirar aqui e outras recebem em casa, por uma parceria que temos com o Cras (Centro de Referência de Assistência Social), do Santa Rita de Cássia”, relatou Neto.
Para os próximos meses, o coordenador projeta aumento na capacidade de recebimento dos alimentos. Para que isso aconteça, formou uma “rede de contatos” com outros coordenadores de bancos de cidades da região e solicitou “reforço” na equipe de funcionários.
O Banco de Alimentos ga-nhará, também, uma nova Kombi, para auxiliar na retirada e entrega dos alimentos. A meta é poder atender às 70 famílias que estão na fila de espera, de modo a “universalizar” o atendimento local.
Além dos 18 funcionários, o projeto conta com um voluntário e prestadores de serviços. São pessoas enviadas pela Justiça, por conta da CPMA (Central de Penas e Medidas Alternativas), para cumprimento de serviços comunitários.
São 12 prestadores de serviços que se revezam nas tarefas. “Nós os colocamos nos setores que estão mais apurados. Isso, de acordo com o dia”, disse Neto.
A equipe conta com dois veículos, sendo uma Kombi e um caminhão. Em breve, receberá mais um. Eles são usados durante toda a semana, uma vez que os alimentos chegam ao banco de segunda a quinta.
O prédio revitalizado possui sala de administração, setor de triagem, de higienização, cozinha industrial para processamento de doces e molhos, setor de recebimento, estoque seco e câmara fria – para estocagem de perecíveis.
Também há espaço para montagem das cestas básicas distribuídas pelo projeto. Os itens são, praticamente, os mesmos para as famílias, variando em quantidade e tipo, de acordo com recomendações feitas por nutricionistas.
O coordenador do Banco de Alimentos destacou que cada cesta atende especificamente à necessidade de uma família.
“Dependendo da quantidade de pessoas, as porções são maiores. A montagem também leva em consideração se há pessoas com diabetes. Nesses casos, elas não recebem doces”, contou.
Por conta desses cuidados, Neto afirmou que o Banco de Alimentos tem duas principais características: gera renda para os pequenos produtores e possibilita equilíbrio nutricional às pessoas de baixa renda. “Os itens são dosados conforme as necessidades, se há desnutrição ou sobrepeso”, argumentou.
Grande família
A auxiliar de serviços gerais Sara de Campos Medeiros inte-gra o Banco de Alimentos há três anos. Responsável pela recepção e pesagem dos alimentos enviados pelos pequenos produtores, ela diz que o projeto representa uma “grande família”.
Sara anota e dá “baixa” nas mercadorias, realizando uma “medição do que entra e do que sai”. “Tudo tem de ser na mesma quantidade”, disse ela, que considera como maior pagamento o agradecimento dos assistidos.
“É muito gratificante. A ajuda para as famílias representa muito. Os funcionários se envolvem em tudo, e somos, praticamente, uma família”, concluiu.