Aqui, Ali, Acolá
José Ortiz de Camargo Neto *
O Rio Grande do Sul registrou recentemente a pior tragédia climática de sua história e da história do Brasil.
E agora que as águas baixaram, seria o momento de grandes reportagens, que respondessem às seguintes perguntas: 1) Quantas pessoas efetivamente morreram? 2) Quantas ficaram enfermas? 3) Quantas moradias ficaram destruídas? 4) Houve responsabilidade do poder público na tragédia? 5) Neste caso, quem foram os responsáveis? 6) Que medidas estão sendo tomadas para resolver os problemas? 7) O que vai ser feito para evitar novas tragédias?
Fosse eu mais jovem e trabalhasse ainda na Folha de São Paulo, pediria para ir lá para tentar responder a todas essas questões.
A grande verdade é que, justo agora, que tudo poderia ser esclarecido, os jornalistas sumiram do ar e da internet.
Em vão pesquisei por notícias do RS, a resposta que recebo do co-pilot é: pergunte às autoridades do RS…
Imagine, perguntar justo para elas que geralmente têm interesse em esconder ou minimizar o problema…
Aqui vemos o pacto de muitas grandes mídias com os políticos do momento…
Na internet, a censura é muito fácil de fazer. Basta alguém reclamar de uma notícia para ela ser retirada do ar…
Ou, basta aparecer alguma palavra condenada pelos algoritmos, e tudo é escondido.
A verdade é que estendeu-se um manto de trevas sobre a verdade, e nunca tivemos uma censura tão violenta em nosso país.
A situação é muitíssimo grave. É preciso detectar os responsáveis, verificar a dimensão exata da tragédia e tomar as providências necessárias.
Os jornais do sul, que consultei, falam de eleições, de festas, de Olímpiadas – e nada das marcas horríveis da inundação do Estado.
Como diz o amigo Boris Casoy, que me deu a chance de trabalhar na Folha, “é preciso passar o Brasil a limpo!”.