“Tudo é vaidade”. Já diz a bíblia em Eclesiastes.
Nos últimos quatro anos, desde março de 2020, exatamente no início da pandemia, meu pai veio morar comigo.
Chegou em minhas mãos com diabetes e pressão alta, além de estar acamado, usando fraldas e sonda nasal. Com tempo para cuidar, até porque eu estava sem trabalho, resolvi aplicar o que sei em relação a ganho de força e alimentação anti-inflamatória.
Em alguns meses, ele saiu da cama e passou a usar andador. Não tinha mais o quadro das doenças metabólicas. E também tiramos a sonda nasal com as fraldas. A única situação que não foi possível melhorar foi a deglutição de água, a qual, com o passar do tempo, comprometeu os rins, fazendo com que Ivan voltasse a ficar debilitado.
Tenho na minha mente duas versões do meu pai: o antes da queda no hospital sendo um homem de gênio forte, cheio de atitudes e orgulho próprio do fruto de suas próprias mãos, e a outra versão dele… Chorando por não conseguir respirar pelo excesso de secreção. Por não poder se movimentar para ir aos lugares que gostava. Por não poder comer o que desejava…
Aqui, eu entro falando de como é necessário o “cuidado próprio”. O entender que sua saúde é o seu melhor bem.
Porque eu o via revoltado, tendo uma mente lúcida, porém, preso num corpo fraco e limitado.
E, nos últimos dias, o medo pela morte pairava no seu coração e, como era ateu, não se sentia confortável em chamar para Deus. Foi quando, há 15 dias, pediu para eu falar com o meu Deus e pedir perdão por ele. Entendendo a situação, perguntei se ele queria falar com o pastor e, ele aceitou.
Depois dessa conversa, na qual ele pediu perdão, se redimiu e se sentiu perdoado, Deus o recolheu. Logo, entendo que a união de cuidar do corpo, mente e espírito, são fundamentais para que se possa viver até o fim de nossos dias com dignidade e tranquilidade.
Por isso, todo o resto não passou de vaidade, porque o que importa é sempre o final!
Luciana Maria Gonçalves, filha