Da reportagem
A Câmara Municipal de Tatuí aprovou o projeto cultural “Quintal do Ditinho Rolim”, de autoria do Poder Executivo, durante a 23ª sessão extraordinária, realizada na noite de segunda-feira, 22.
Apresentado e aprovado em duas votações, o projeto de lei 23/2024 tem como objetivo a proteção, preservação das memórias, raízes da cultura e musicalidade de Tatuí, valorizando e reconhecendo músicos que marcaram a história da cidade.
Se colocado em prática, Tatuí passaria a homenagear o cantor e compositor tatuiano Benedito Sebastião Rolim, o Ditinho Rolim (1934-2003), em agosto, durante as comemorações do aniversário da cidade.
Ditinho Rolim trabalhou como tecelão nas fábricas São Martinho e Santa Luzia, além de ter sido atendente em uma lanchonete da rua 11 de Agosto. No entanto, fez história nas noites da cidade e região, cantando em serestas.
Sua trajetória na música em Tatuí já foi eternizada em uma escultura que faz parte do monumento “Os Seresteiros”, na praça Manoel Guedes, a “Praça do Museu”, instalado em 13 de dezembro de 2013.
O monumento é composto por sete personalidades que fomentaram o gênero seresta na Capital da Música: Ditinho Rolim, Noel Rudi, Zé Fiuza, Joãozinho do Irineu, Osmil Martins e Raul Martins, além do ex-prefeito e poeta Paulo Ribeiro.
Ditinho Rolim foi casado com Elza Lopes Rolim e teve 12 filhos, além de netos, bisnetos e tataranetos. Membros da sua família estavam presentes durante a sessão extraordinária.
O legado do músico e defesa ao projeto foram aprofundados nas discussões da tribuna. Alguns dos vereadores que se posicionaram foram: Eduardo Dade Sallum (PT), Antonio Marcos de Abreu (Republicanos), Paulo Sérgio de Almeida Martins (PSD), João Éder Miguel (União) e Márcio Antonio de Camargo (PP).
O presidente da Câmara, Sallum, defendeu a importância do seresteiro para o patrimônio histórico e cultural da cidade. “A personalidade musical do Ditinho Rolim marcou nossa cidade, não só nas serestas, mas também a cultura tradicional do nosso povo”, declarou.
“Tatuí tem no seu DNA a música, muito antes do Conservatório. Com certeza, essa é uma das personalidades que construiu na nossa cidade essa identidade e DNA cultural”, complementou.
Sallum também defendeu os espaços culturais, um dos objetivos da iniciativa. Para frisar o posicionamento, finalizou: “Maldito é o país ou a sua cidade que não conhece sua história. Quando não conhecemos a nossa história, estamos fadados a cometer erros no futuro. Então, acredito muito no poder, na energia e na potência que tem esse tipo de projeto”.
Além de exaltar a memória do músico, Éder Miguel foi outro vereador que falou dos benefícios do projeto para a população e sua história. “Quantas cidades vivem do turismo cultural? Elas vivem daquilo que são referência. Um exemplo próximo é Itu. As pessoas a visitam, diariamente, simplesmente por lá ter sido o berço da República”, observou.
Por sua vez, Camargo levou uma informação diferente sobre o projeto, que já tinha sido apresentado por ele no ano anterior. “Infelizmente, não foi aprovado pela base do atual gestor. Não estou aqui querendo fazer politicagem, mas deixar claro, para que as pessoas saibam, principalmente que os familiares tenham o conhecimento”, relatou.
Sessão ordinária
Na mesma noite, os vereadores participaram da 25ª sessão ordinária, na qual foram apresentados dois projetos de lei, aprovados 81 requerimentos, encaminhadas seis indicações e concedidas cinco moções de aplausos e congratulações.
O primeiro projeto apresentado foi o de lei 27/2024, que dispõe sobre a criação do Programa Municipal de Conscientização Sobre o Diagnóstico Precoce do Transtorno do Espectro Autista (TEA).
Na sequência, foi feita a leitura do projeto de lei 28/2024, que visa instituir a Campanha Municipal Permanente de Assistência Emocional às Mulheres no Puerpério.
Já os requerimentos questionam a prefeitura sobre demandas de diversos pontos da cidade e áreas administradas pelo Executivo. Eles abordam temas, como lombadas e lombofaixas, trânsito e sinalização, mutirão de castração, manutenção de vias, saúde, tapa-buracos e recapeamento e rondas da Guarda Civil Municipal.
Também integram a lista: limpeza e zeladoria, concursos públicos, vagas em creches, servidores públicos, poda de árvores, licitações e contratação de empresas, TatuíPrev, fiscalização, academia ao livre e playground, pagamento de fornecedores, convênios, falta de água, calçadas, contêineres de lixo e obras.
Nessa sessão, 11 vereadores – Jairo Martins (PL), José Eduardo Morais Perbelini (Republicanos), Maurício Couto (PP), Gabriela Xavier (Podemos), Abreu, Camargo, Sallum, Cintia Yamamoto (PP), Martins, Fábio Villa Nova (PSD) e Miguel – usaram o tempo de discurso da tribuna para argumentar sobre os requerimentos.
Além da apresentação das reivindicações, em comum, quatro vereadores – Sallum, Martins, Villa Nova e Miguel comentaram sobre publicação do jornal O Progresso de Tatuí referente ao recorde de empregos gerados no ano.
Sallum foi o primeiro a criticar os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), depois de relembrar um evento no qual estivera presente havia uns 15 dias em Salto, cidade a cerca de 85 quilômetros de Tatuí.
Lá, ele afirma, encontrou vários trabalhadores, que o informaram “que todos os dias chegam quatro ônibus de Tatuí”. “Me deu uma profunda tristeza. Nosso povo, mão de obra qualificada de 30, 40 e 50 anos de Rontan, indo trabalhar para fora”, declarou.
“Aí, tem orgulho de falar que nós estamos gerando emprego. Que tipo? O que sustenta as famílias ou os fora da cidade, que as pessoas saem às quatro e meia da manhã para voltar às oito horas da noite?”, acrescentou.
O presidente da Câmara apresentou a situação para argumentar o problema de falta de emprego no bairro Jardim Novo Horizonte, além de uma série de outros requerimentos relacionados à região, como iluminação, serviços de limpeza e segurança.
Já Martins elogiou os dados do Ministério do Trabalho e Emprego, destacando alguns números, como admissões e empresas abertas. “Não é um dado nosso, é o Caged falando que Tatuí tem crescido na geração de empregos, e sabemos que vai aumentar muito mais. Deveria ser melhor? Mas, sabemos que outras gestões não fizeram e não planejaram do jeito que era para ser”, sustentou.
Por sua vez, Villa Nova afirmou acreditar que a prioridade da administração, antes, nunca fora gerar emprego. Por isso, a cidade perdeu 150 posições no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), apontou ele.
“Tatuí está voltando a ter credibilidade, e só para concluir: no PAT, existem mais de 600 vagas e não tem pessoas qualificadas”, afirmou, depois de ler os principais dados do levantamento.
Depois dessa explanação, o presidente interveio antes do próximo discurso. “Minha preocupação é que a maior parte do emprego que está sendo gerado é no comércio e em serviços. E isso é divisão de renda, hoje. A indústria é a que traz o dinheiro de fora para dentro da cidade”, avaliou.
“Infelizmente, o último dado, o mesmo que combina com esses que os senhores falaram, é um do censo: Tatuí foi de 3,2 de salário médio para 2,3 agora, em 2022. Para vocês verem como estamos dividindo renda”, acrescentou.
Alvez Miguel, além de defender o posicionamento sobre a necessidade de desenvolver empregos em Tatuí, falou sobre a importância de investir em infraestrutura.
“Nenhum investidor vai colocar dinheiro numa cidade que não tem uma infraestrutura adequada, que não olha o desenvolvimento das rodovias. Talvez, a última grande empresa que Tatuí atraiu foi a Guardian, há uns 15 anos atrás. E onde ela foi se instalar? Próximo das rodovias”, analisou.
“Aqui, fica mais uma vez o pedido à prefeitura e, principalmente, ao governo do estado de São Paulo: nós precisamos ter o acesso da Guardian no km 110 resolvido. A chave do desenvolvimento de Tatuí e dos novos empregos está naquela região. Enquanto nós insistirmos em não tratar o assunto como tem que ser, Tatuí vai caminhar com muitas dificuldades”, finalizou.