A geração do trabalhar pouco e ganhar muito

Para quem tem a sorte de viver profissionalmente do que gosta (muito), é possível reconhecer e supervalorizar um ditado muito comum e popular sobre trabalho, muito bem lembrado pela jogadora de basquete Hortência Marcari na deliciosa palestra dada por ela no Teatro “Procópio Ferreira”, quarta-feira da semana passada, 17.

A campeã mundial e medalhista olímpica de prata foi a grande atração do evento de cinco anos do Grupo One7, liderado pelos empresários locais João Paulo Fiuza e Everaldo Moreira.

Hortência, na verdade, fez um rico e hilário stand up motivacional, juntando fatos da vida dela, sempre com ênfase em esforço e objetivos definidos, com incentivos à constante superação, postura indispensável às “vitórias”, sejam nas quadras de esporte, sejam na vida profissional ou pessoal.

A sinergia do basquete com uma instituição financeira, em primeiro momento, poderia suscitar pouca sintonia, mas, muito pelo contrário: a craque arremessou à plateia experiências de vida com tanto desprendimento, graça e maestria que mal o jogo motivacional havia começado e ela já tinha ganhado o público.

Claro, carisma é virtude importante para todo líder – e liderança, obviamente, também teria de estar em pauta em evento corporativo. Não obstante, muito além disso, “valores” e convicções também são fundamentais para o sucesso real – não apenas o financeiro, acentuando-se outra obviedade.

Juntando tantos aspectos interessantes e produtivos – e depois de muito riso, bem mais que incontáveis profissionais da comédia não conseguiriam atingir -, ficou a mensagem inicialmente referida, o ditado popular, resgatado como uma síntese do evento e da palestra: “Trabalhe naquilo que você gosta para nunca precisar trabalhar!”.

Para quem tem sorte na vida, ótimo! É fato que nem todos conseguem, tendo apenas de suar para pagar as contas do mês, já se dando por satisfeitos quando assim o conseguem.

Por outro lado, perseverança e suor também podem mudar vidas para melhor. Portanto, “talvez”, o mais importante seja não perder a esperança e nunca parar de se esforçar.

Isso em consideração, vale observar um estudo recentemente divulgado a respeito da chamada Geração Z, a qual, como o título acima indica, busca “trabalhar pouco e ganhar muito”.

De início, (quase) todos podem pensar: mas quem não quer isso? Afora as “Hortências” e os demais apaixonados pelo que fazem, seria natural a conclusão de que “todos mesmo”.

Porém, embora isso não seja necessariamente ruim, mais uma vez, esta era, este tempo, exige bom senso. Ponderação equilibrada a respeito pode ser observada neste artigo, com base em apontamentos do “mentor” de empresários André Minucci. A seguir:

“A chegada da Geração Z ao mercado de trabalho tem gerado um intenso debate sobre suas expectativas e comportamentos profissionais. Esta geração, nascida entre 1997 e 2012, tem mostrado uma abordagem diferente em relação à carreira, especialmente quando se trata de remuneração e jornada de trabalho.

Um dado da Intelligent.com focada em trabalhadores norte-americanos revelou que a Geração Z está exigindo salários mais altos e redução da jornada de trabalho, levantando preocupações entre gestores de recursos humanos.

Os dados da pesquisa mostram que: 58% dos diretores de companhias acreditam que os recém-formados da Geração Z não estão preparados para o mercado de trabalho. Além disso, 38% dos entrevistados preferem contratar pessoas com um pouco mais de experiência devido à postura dos jovens em relação ao trabalho.

Essa postura inclui, entre outras coisas, a alta expectativa salarial e a demanda por uma jornada de trabalho reduzida, o que não corresponde às expectativas tradicionais do mercado.

Um aspecto intrigante apontado pela pesquisa é que um em cada cinco jovens da Geração Z leva um dos pais para as entrevistas de emprego. Esse comportamento, visto por muitos como um sinal de falta de independência, é outro fator que contribui para a relutância dos empregadores em contratar esses jovens.

Para entender melhor essa dinâmica, André Minucci, mentor de empresários, fala sobre a importância do comportamento dos jovens no ambiente profissional. Minucci enfatizou que a Geração Z cresceu em um ambiente tecnológico e de rápida evolução, o que moldou suas expectativas e comportamentos.

‘Eles estão acostumados a obter respostas imediatas e a trabalhar com ferramentas digitais avançadas, o que pode explicar sua impaciência com processos tradicionais e sua demanda por inovações, incluindo no modelo de trabalho’, afirmou

Minucci também destacou a importância de um equilíbrio entre expectativas dos jovens e as realidades do mercado. ‘Enquanto é crucial que os empregadores se adaptem às novas realidades trazidas pela Geração Z, os jovens também precisam compreender que o sucesso profissional é construído ao longo do tempo, e que a experiência e a resiliência são fundamentais’, explicou.

Para ele, a preparação para o mercado de trabalho não envolve apenas habilidades técnicas, mas também comportamentais. Um treinamento de inteligência emocional pode ser uma ferramenta valiosa nesse processo, ajudando a alinhar expectativas e a promover uma adaptação mais suave ao ambiente profissional.

A pesquisa da Intelligent.com também sugere que a Geração Z valoriza muito a qualidade de vida e o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal, mais do que gerações anteriores. Isso se reflete em suas demandas por salários mais altos e jornadas de trabalho mais curtas, visando garantir tempo para atividades pessoais e familiares.

Concluindo, a entrada da Geração Z no mercado de trabalho está forçando uma reavaliação das normas estabelecidas. A alta expectativa salarial e a demanda por uma jornada de trabalho reduzida são apenas algumas das questões que os empregadores precisam considerar.

‘Enquanto essa geração traz consigo habilidades tecnológicas avançadas e uma visão inovadora, é fundamental que ambos os lados – empregadores e empregados – encontrem um equilíbrio que permita o crescimento e o sucesso mútuo’, finaliza André Minucci.”

Concluindo, com tantas informações e indicações, seria correto pelo menos seguir as dicas da craque e, mais ainda, de alguma forma, estimular o bom senso, pelo bem da atual e das futuras gerações, até porque, uma coisa invariavelmente não deve mudar: sem esforço, sem valor – material e humano.