Da reportagem
Uma moradora do bairro Jardim Wanderley registrou, no dia 8 deste mês, um boletim de ocorrência, por meio da Delegacia Eletrônica da Polícia Civil, em que afirma ter sofrido assédio por parte de um motorista de aplicativo em Tatuí.
De acordo com o documento, no início de fevereiro, ela acessou os serviços da Uber, via aplicativo, para levar o filho dela à escola. No caminho, o motorista comentou que também trabalhava com transporte escolar, fora do aplicativo, contou ela, em contato com a reportagem de O Progresso de Tatuí.
Em razão disso, a mulher então contratou o serviço dele, fechando um “pacote mensal” para levar e buscar o filho dela na escola. Ela conta que, durante quatro dias, o motorista executou o serviço como combinado e, no dia 5 de fevereiro, o marido dela efetuou o pagamento integral do valor acordado.
Ela salienta que, nesse mesmo dia, ela conversou “normalmente” com o motorista, em razão da confiança que disse ter sentido nele até então.
Desta forma, afirmou ter aceitado, “apenas por educação”, um convite do motorista para que, junto com o marido dela, os três “saíssem para tomar cerveja”.
“Ele perguntou se eu gostava de cerveja e, em seguida, disse que dava até água na boca em ouvir falar da bebida. E (também questionou) se eu e meu marido gostávamos de churrasco. Com isso, comentou se poderíamos marcar qualquer dia para sairmos todos juntos e, por educação, claro, falei que sim”, comentou.
Ainda segundo contou a mulher, em uma dessas conversas, o homem também havia proposto um encontro para que ele pudesse levar os netos dele para brincarem com o filho dela. No entanto, conta, os convites nunca foram concretizados.
A partir daí, ela contou ter começado a receber mensagens “invasivas” do motorista, convidando-a para sair. Em uma delas, relata, o homem a chama para “tomar uma cerveja e fazer uma loucura juntos”.
De acordo com informações registradas no boletim de ocorrência, ela sustenta que, desde então, tem sentido medo, ansiedade e piora nas crises de depressão. “Não me sinto mais segura”, salientou.
Na sequência, ela entrou em contato com a Uber para relatar o ocorrido. No entanto, disse que a empresa declarou que não poderia ajudá-la, em razão dos fatos terem ocorrido fora da plataforma.
“Meu marido, então, pediu o dinheiro de volta das corridas não feitas e cancelamos com ele, pois fiquei com medo de continuar. Ele devolveu o dinheiro sem falar nada”, ressaltou.
Procurada pelo jornal O Progresso de Tatuí, a empresa Uber afirmou, em nota: “Assim como foi relatado pela vítima, o fato não teria ocorrido durante viagem com o aplicativo, portanto sem relação com a empresa”.
Afirma ainda: “Cabe ressaltar que todas as viagens da Uber, necessariamente, só podem ser realizadas por meio de canais oficiais, como o aplicativo, onde o usuário solicita um carro ao toque de um botão e recebe, via app, informações do motorista parceiro que vai buscá-lo, como nome, foto, além de modelo e placa do veículo”.
Dessa forma, continua a nota, “qualquer viagem feita fora desses padrões não é uma viagem de Uber e, portanto, não dispõe das diversas ferramentas de tecnologia e processos de segurança oferecidos pela plataforma, nem é coberta pelo seguro de acidentes pessoais oferecido a usuários, convidados dos usuários e motoristas parceiros durante viagens”.
Em relação ao registro da ocorrência feito pela mulher na DP, a empresa de transporte sustentou “permanecer à disposição dos órgãos de segurança para colaborar com as investigações, na forma da lei”.
A reportagem também questionou a empresa de transporte para saber se o motorista apontado pela mulher ainda continua cadastrado na plataforma. No entanto, até o fechamento desta edição (sexta-feira, 23, às 17h), não obteve essa resposta.