Da reportagem
Quando o assunto é intervenção plástica na terceira idade, a especialista pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica Poliana Marocolo, com consultório em Tatuí, é muito clara: atualmente, o que se quer é envelhecer bem.
“Menos é mais. Não existe mais aquela cultura de procedimentos invasivos e radicais, de estica e puxa, de esperar ficar tudo ruim para só depois mexer”, explica.
Até porque, de acordo com a médica, seu público já tem uma vida ativa, cuida bem da saúde, faz esportes e alimenta-se bem.
“A mulher, agora, quer colocar uma maquiagem, quer passear, viajar, namorar, se sentir bem. Arrumar tudo de uma vez? Não existe mais! É aquilo que incomoda, melhorar isso ou aquilo”, ela define.
De acordo com Poliana, diferentemente do jovem- que pode não saber ao certo o que deseja -, o paciente na terceira idade sabe muito bem. Ele chega e aponta o que está incomodando.
“Depois, ao se sentir mais confortável, ele pode até fazer outros procedimentos com os quais tinha uma certa insegurança, ou mexer onde antes nem tinha reparado direito que incomodava”, observa a cirurgiã.
De acordo com ela, após esses procedimentos menos invasivos, os pacientes ficam muito satisfeitos com os resultados. “Quando voltam, já estão diferentes. Homens, quando tiram a bolsa de gordura na pálpebra, passam a exibir uma imagem saudável; a mulher, também”, exemplifica.
Poliana, além das intervenções cirúrgicas, faz procedimentos estéticos avançados. “Um público que sempre tive, mas que tem aumentado muito, que vem, faz tudo direitinho e volta”, conta.
Segundo a médica, antes, mulheres e homens esperavam muito e faziam cirurgias plásticas de maior porte, como face associada com olho. Sempre foi tido como único jeito, depois de se estar com determinada idade, fazer uma plástica radical.
“Hoje em dia, há diversos procedimentos. Muitas das pessoas na terceira idade – mulheres principalmente, mas também muitos homens -estão querendo envelhecer bem, sem aquela ideia de querer rejuvenescer, parecer 20 anos mais jovem”, acentua.
Procedimentos
Segundo Poliana, as principais queixas comumente surgidas em seu consultório são com relação às pálpebras, quando estão um pouco caídas, os lábios, que incomodam na hora de passar o batom por conta das rugas, mas nada muito radical.
“Hoje, há desde os tratamentos de pele, que são feitos com laser CO² e luz pulsada, cremes, tumor pequeno de pele, que é muito comum nesta faixa de idade”, enumera.
E acrescenta, ainda como as ações mais comuns, o preenchimento e a toxina botulínica, que age relaxando os músculos onde é injetado.
“Desta forma, ameniza os movimentos constantes sem deixar o paciente inexpressivo, mas, ao mesmo tempo, evitando o ato de vincar a pele durante as expressões faciais”, explica.
Há, ainda, o preenchimento com ácido hialurônico, um ativo produzido naturalmente pelo corpo que possui propriedades hidratantes e estimulantes de colágeno.
É encontrado no organismo, mas, com o passar do tempo, sua produção diminui, precisando ser reposto em formato de tratamento, através de aplicações tópicas ou injetáveis.
Existem também aparelhos para melhorar a musculatura, como o ultrassom microfocado e as cirurgias de menor porte, com anestesia local, como a da pálpebra (blefaroplastia superior e inferior), que tira o ar de cansaço, o olhar envelhecido.
“Homens também fazem, nem que seja só para tirar gordura na parte inferior. É uma cirurgia feita com anestesia local, com ou sem sedação, sem necessidade de internação e retirada dos pontos uma semana depois. Não precisa de ninguém para cuidar. Pode ter vida ativa, sem problemas”, reforça Poliana.
Papada resolve-se com lipoaspiração ou com bioestimulador, quando é só pele, não havendo gordura. O ultrassom microfocado também é uma das opções indicadas. Outro procedimento é o botox, que dá melhor aspecto, “uma levantada no olhar”, exemplifica.
“Preenchimento é para repor o que se perde: osso (mulher na menopausa, mais ainda), músculo mais fino, gordura. É o processo de envelhecimento normal, que acontece no corpo inteiro. As mãos vão ficando com vasos aparentes, pele mais fina”, cita a cirurgiã plástica.
Ela completa acentuando que, na atualidade, há o preenchimento reabsorvível, de longa duração, também buscado pelo que se pode entender como um novo público da terceira idade.
“São pacientes que cuidam destes pequenos detalhes, fazem exercícios, cuidam da mente, da alimentação e têm qualidade de vida”, aponta Poliana.
Os tumores de pele também recebem atenção. “Eles precisam ser retirados, mas fazemos isso já olhando a parte estética. É feita a cirurgia, mas com preocupação da cicatriz na parte estética. Olha-se o que se pode fazer de melhor, e tratar a cicatriz em qualquer idade”, salienta.
Quanto à frequência dos tratamentos, Poliana explica que o botox, por exemplo, pode ser feito uma vez e o paciente resolver não fazer mais. “No entanto, entre quatro e cinco meses, o ideal é refazer, só que depende de cada corpo”, orienta.
Quanto ao tratamento com ácido hialurônico, primeiro, é necessário estruturar os tecidos perdidos do rosto e, depois, refinar o procedimento nas regiões onde há essa necessidade – o chamado lifting. Pode ser feito em várias regiões da face e nas mãos, com bioestimulador, que estimula a produção de colágeno.
O ácido é um precursor do colágeno, só que sintético. “Então, além de preencher, você trata. Eu uso há mais de 20 anos. É positivo justamente porque ele é reabsorvível, integrando-se aos tecidos. Por isso que o tratamento não tem tempo, mesmo que não repita (o que é o ideal)”, explica.
“Colocamos o ácido para melhorar os locais onde os tecidos vão sendo perdidos, através de pontinhos, que vão segurando. Não é para mudar a expressão da pessoa, é para melhorar e tratar”, ensina Poliana.
Já nas mãos, é possível fazer a luz pulsada, que tira as manchinhas da idade. “As pessoas não são iguais. Não pode ficar todo mundo igual também com procedimentos”, avalia.
“Eu resolvo o que está incomodando a pessoa. E há como melhorar e envelhecer bem, estar bem, e não rejuvenescer. Hoje, tem homens que fazem toxina botulínica, além das pálpebras, por exemplo”, diz.
Poliana conta algumas curiosidades. Na hora da avaliação, as mulheres são totalmente diferentes dos homens, por exemplo. Eles querem o resultado mais natural possível; já elas são mais ousadas.
“Cada pessoa tem uma dose, uma marcação de pontos. Às vezes, ligam perguntando quanto é o preenchimento. Preciso ver para saber o que fazer e como. Não há receita de bolo”, explica Poliana.
“Não é o que eu quero fazer com você, é você que tem de dizer para mim o que te incomoda. Geralmente, minhas consultas começam assim”, conta.
Poliana revela que faz uma prescrição de tratamentos para o que as pessoas precisam, para se chegar ao resultado que se quer a partir de uma queixa. “E assim a gente começa um relacionamento”, observa.
“Ao verificar a transformação depois de dois ou três anos, que fica registrada em toda a documentação fotográfica que fazemos, a pessoa brinca que não quer nem ver a primeira imagem. E ela deixou de ter a idade dela? Não”, finaliza.