Na edição da semana passada, O Progresso de Tatuí informou que, de maneira muito significativa, em apenas seis meses, a Casa de Apoio ao Tratamento de Câncer de Tatuí “Gildete Spuri de Abreu”, em Jaú, já atendeu mais de 4.100 pessoas, entre pacientes que realizam tratamento no Hospital “Amaral Carvalho” (HAC) e seus acompanhantes.
É muita gente! Leva, por consequência, todo cidadão sensível a pensar quantas pessoas sofriam, diariamente, com a logística desse tratamento – além, claro das próprias manifestações da doença e seus efeitos não menos contundentes emocionalmente.
A concretização desse serviço de suporte na cidade de Jaú – aonde vai a grande maioria dos tatuianos enfermos – foi um grande ganho para o município.
Tão grande que merece não só ser reconhecido, mas apoiado de todas as formas possíveis, agora e no futuro, a despeito de quaisquer manutenções ou alterações na gestão municipal.
O espaço, inaugurado no dia 14 de setembro do ano passado, é administrado pela prefeitura em parceria com a Litac (Liga Tatuiana de Assistência aos Cancerosos) e, atualmente, tem 450 pacientes cadastrados.
Os dados foram anunciados pela secretária dos Direitos Humanos, Família e Cidadania, Elaine Leite de Camargo Miranda, durante a inauguração do Núcleo de Apoio e Assistência ao Paciente com Câncer, dia 28 de abril. “Este número é referente ao cadastro da nossa secretaria”, contou ela.
Entre as dificuldades, a secretária citou justamente o deslocamento dos tatuianos. O HAC está a 193 quilômetros daqui, levando os pacientes a terem de percorrer, no mínimo, 390 quilômetros por dia.
“Antes de existir a Casa de Apoio, o paciente saía de van de madrugada e voltava muito tarde para casa, pois tinha que esperar até a última pessoa ser atendida, ficando na frente do hospital, com fome, cansado e sem ter um lugar para descansar e comer”, comentou.
Com a Casa de Apoio, situada a apenas 400 metros do hospital, os pacientes e acompanhantes recebem café da manhã, almoço, lanche da tarde e, para os que pernoitam, jantar e ceia. Lá, também podem descansar e assistir TV, enquanto aguardam até o último paciente terminar o procedimento para retornarem a Tatuí.
“Apesar de ser um local onde as pessoas estão por motivo de doença, a ‘Casa’ tem um ambiente muito leve, o clima é muito bom e a troca de experiências fortalece uns aos outros”, comentou a funcionária pública Amanda Cibele dos Santos Fidêncio, que já fez uso das instalações.
“Se for analisado que estar com a ajuda de psicólogo é fundamental nesse momento, percebemos a importância da Casa de Apoio, pois ela é um divisor de águas na vida do paciente oncológico. Além da maneira gentil e carinhosa com que somos recebidos, a Casa também nos proporciona segurança e conforto”, acrescentou.
Para a secretária, após os seis meses de implantação, “o projeto se mostra um sucesso e uma referência”. Até o fim deste ano, a SDHFC estima que mais de 8.000 pessoas passem pela Casa de Apoio em Jaú.
Toda a estrutura do local, inclusive, não gera nenhuma despesa aos usuários, visto que a acomodação e toda a alimentação são gratuitas, fruto dos produtos adquiridos por meio do Banco de Alimentos, da Secretaria de Agricultura, Meio Ambiente e Bem-Estar Animal.
Além disso, o projeto “Farmácia Viva”, mantido em parceria com a Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati), garante aos usuários o acesso a mais de 30 espécies de ervas medicinais plantadas e colhidas para serem usadas em chás, infusões, receitas indicadas ao tratamento do alívio de sintomas gripais, problemas estomacais e dores de cabeça.
A O Progresso de Tatuí, Elaine acentuou que a Casa de Apoio deu início ao trabalho da prefeitura voltado a uma “atenção mais humanizada aos pacientes em tratamento contra o câncer”.
A secretária refere-se ao Núcleo de Apoio e Assistência ao Paciente com Câncer, apontada por ela como “revolucionário” no atendimento dos pacientes na cidade.
A unidade fica na rua Martiniano Azevedo, 25, centro, e oferece, de forma centralizada e gratuita, serviços de saúde especializados e direcionados ao paciente diagnosticado com câncer e à sua família.
Inicialmente, no local, são oferecidos serviços como acolhimento, consultas com nutricionista e psicólogo, ambulatório de enfermagem, assistência social, medicamentos e insumos (fraldas, leite, entre outros) com prescrição médica, agendamentos de exames e viagens com a frota municipal e encaminhamento para a Casa de Apoio de Jaú.
“Antes, os pacientes precisavam ir de um lugar para outro para conseguir serem atendidos pelos serviços necessários; agora, não: eles serão acolhidos em um só local. Isso tudo devido à nossa vontade de oferecer um atendimento cada vez mais humanizado aos pacientes e à população”, reforçou Elaine.
De acordo com a secretária da Saúde, Roseli Mochi, mais de 600 tatuianos poderão ser atendidos na unidade. São aqueles que receberam o diagnóstico de câncer e atualmente fazem tratamento em hospitais de Sorocaba, Itapeva, Jaú e Botucatu.
Apesar de independente, o espaço funciona como um braço da Casa de Apoio aos Pacientes com Câncer). Conforme Elaine, o núcleo é um serviço complementar, atendendo a todos os pacientes oncológicos tatuianos que fazem tratamento em Jaú, já cadastrados na pasta, e, também, os tratados em outros hospitais da região.
“Este é um dia histórico. A partir de agora, as pessoas que têm câncer têm um lugar para serem acolhidas e as famílias, também”, declarou o prefeito Miguel Lopes Cardoso Júnior durante a inauguração do novo espaço.
Ambos os serviços, tanto o Núcleo em Tatuí quanto a Casa de Apoio em Jaú, são ganhos inquestionáveis, respondendo positivamente a uma causa justa, que abraça saúde e “humanidade”. Que outras mais, no futuro, venham a somar-se a elas.