O renascimento da medicina

Aqui, Ali, Acolá

José Ortiz de Camargo Neto *

Frase do dia: O importante é tratar o doente, e não a doença (Hipócrates)

Caros amigos:

Uma década atrás, na qualidade de psicossocioterapeuta e pesquisador da área de saúde, publiquei o capítulo “O Renascimento da Medicina” no livro “Medicina Psicossomática Trilógica – Saúde Integral”, escrito pela psicanalista Cláudia Bernhardt Pacheco e outros autores.

Como foi bem recebido por médicos, psicólogos e pessoas de outras profissões, resolvi colocá-lo nesta coluna, para conhecimento dos leitores. O artigo fala das bases greco-romano-judaico-cristãs da Medicina, que precisam ser retomadas, numa espécie de Renascimento. No artigo de hoje vamos tratar apenas das bases gregas.

“Bases gregas”

Como se sabe, a Medicina floresceu dentro da civilização greco-romano-judaico-cristã, ou seja, tem uma grandiosidade filosófico-teológica vinda da Antiguidade, que foi abandonada desde o início do século 20, motivo pelo qual decaiu, mas, no momento assiste-se a um renascimento.

Na Grécia, Hipócrates, considerado o Pai da Medicina, falava que era necessário tratar o doente e não a doença, e hoje esse lema faz parte de todos os códigos da deontologia médica; porém, infelizmente quase não é mais aplicado na prática.

Por exemplo, se o paciente tem úlcera e é uma pessoa muito nervosa, se tratarmos somente a doença (úlcera), com certeza ela voltará, ou o paciente adoecerá em outro órgão, pois a pessoa, o doente não foi tratado.

Ele também dizia que é a natureza que cura e que o médico é apenas um coadjuvante. Então, o ideal é deixar que a natureza recupere a pessoa, através de sua própria farmácia interior.

Na Grécia, depois veio Sócrates, com o lema: “Conhece-te a ti mesmo” fornecedor da base para a psicanálise atual, que é o autoconhecimento. Ele procurava tornar as pessoas melhores através do diálogo e havia um cômico na Antiga Grécia que para satirizar Sócrates, dizia que ele atendia num divã. Então, o divã de Freud pode ter vindo desta influência muito mais antiga.

Em “O Diálogo de Cármides”, escrito por Platão, no século I a.C. lê-se: “Não é possível cuidar dos olhos isoladamente, sem tratar simultaneamente da cabeça. De igual modo, julgar enfim que a cabeça se cura em si mesma, separadamente de todo o corpo, é uma grande loucura (…). “É preciso, através do todo, tratar e curar a parte. Assim também não é possível curar o corpo sem tratar da alma, e a alma se trata mediante certos diálogos” (FLAMMARION, g.f. – Platon – Premiers Dialogues, p. 276-7).

Na próxima semana, vamos falar das maravilhosas bases romanas, lembrando que em Roma havia o lema: “Mente sã em corpo são”. Dava-se muito valor à mente e viam o ser humano como um todo.

Até logo.

* Jornalista e escritor tatuiano