RAUL VALLERINE
A verdadeira fraternidade exige muito mais ouvir e entender a vida do irmão do que falar e explicar a vida segundo nossa exclusiva compreensão e entendimento. (Ricardo V. Barradas)
A fraternidade, nos tempos atuais, ultrapassa os laços entre irmãos. Sinônimo de solidariedade, de caridade e de compaixão, o “ser fraterno” representa ser aquele que se compadecerá com a dor do próximo, sendo esse próximo alguém bem-quisto, ou não.
Enxergar um irmão, de sangue, ou não, como alguém que necessita de nosso amor e de nossa compreensão, é mais do que indispensável para conviver neste mundo que atravessamos.
Quem gostaria de ter suas chagas expostas e reviradas? Quem gostaria de transpor uma dificuldade com ainda mais dificuldade, sem o apoio dos seus queridos, ou mesmo dos desconhecidos?
Todos temos provações nesta vida, pois são elas que nos proporcionam crescimento e evolução. Mas permear uma situação difícil sozinho, sem compreensão das nossas limitações, é ainda mais complicado.
Quando dividimos as mazelas, quando ouvimos palavras de incentivo, quando estamos rodeados de amigos carinhosos, fica bem menos penoso experienciar as provações.
A fraternidade, espera-se, estar presente entre irmãos. Os irmãos aprenderam as mesmas lições dos pais, ganharam o mesmo amor, cresceram juntos.
Toda regra, contudo, possui exceções: alguns irmãos “de sangue” se detestam, muitos amigos, sem laço consanguíneo, se amam. E faz diferença, ter nascido na mesma família?
As provas de que a fraternidade não é exclusiva de parentesco, são justamente as amizades: os amigos são os irmãos que a jornada nos proporcionou e que escolhemos para trilhar os caminhos da vida.
Irmãos eleitos, irmãos amorosos, irmãos solidários; aqueles que nos mostraram fidelidade nos momentos mais difíceis, aqueles com quem podemos contar sempre!
Temos, pelo menos, um amigo-irmão, uma amiga-irmã, que acaba sendo o padrinho ou a madrinha dos nossos filhos, o bom e velho “compadre”, a querida “comadre”. A eles, confiamos nossos segredos, nossas inseguranças e nossas fraquezas, pois sabemos que não irão nos julgar e ficarão ao nosso lado.
Como demonstrar fraternidade, nos dias de hoje? A verdadeira máxima do “faça ao outro o que quer que façam a você” é a mais verdadeira prova de que, respeitando o outro, seremos respeitados.
E se fizermos o bem e, ainda assim, sofrermos injúrias? Não somos responsáveis pela maneira como o outro age, por isso, não podemos controlar suas atitudes.
A dor do outro me dói quando eu imagino que, se fosse comigo ou com alguém próximo a mim, doeria muito! O simples fato de ser um ser vivo sofrendo, já deveria me bastar.
A solidariedade pode ser exercitada. A irmandade pode ser praticada dia a dia, em doses homeopáticas ou gigantescas! Um conselho, uma informação que ajuda, uma gentileza, são atitudes simples, mas que ressignificam muito.
Que gesto lindo, o do doador de órgãos ou de sangue! Normalmente, os pequenos gestos já estão enraizados de fraternidade. A abundância de amor é a resposta, pois o amor cura.
O egoísmo pessoal, o comodismo, a falta de generosidade, as pequenas covardias do cotidiano, tudo isso “contribui para essa perniciosa forma de cegueira mental, que consiste em estar no mundo e não ver o mundo. Ou só ver dele o que, em cada momento, for suscetível de servir aos nossos interesses.”
Sinta a necessidade de deixar o coração carimbado em tudo o que fizer. Mentalize a vivência de um dia nobre, útil, inspirador, para você e para os demais. Atue com imaginação e vontade, são duas ferramentas mágicas.
Cultive uma predisposição positiva que te permita não se abalar ao encontrar pessoas estressadas, mal-educadas; lembre-se de que todas as pessoas que amamos são duais, ou seja, têm qualidades e defeitos, e que cabe a nós escolher o que vamos valorizar nela.