Fatalidade ou escolha?

Aqui, Ali, Acolá

José Ortiz de Camargo Neto *

Frase do dia: É preciso conscientizar o destino patológico para viver a sanidade.

Caros amigos

Eu gostaria de falar hoje sobre um livro fascinante e pouco conhecido, intitulado “Introdução à Psicologia do Destino”. Foi escrito por um genial geneticista e psicanalista húngaro, chamado Lipot Szondi.

Queria este estudioso entender por que há pessoas que se encaminham para um destino ruinoso, enquanto outras fazem escolhas que as levam para uma sorte mais favorável.

Estudando centenas de árvores genealógicas, Szondi concluiu que temos a nos empurrar uma herança dos antepassados, a influência da vida familiar presente, a vida social e o livre arbítrio.

Considerou assim que destino é um “conjunto de possibilidades de existência, herdadas ou adquiridas e livremente escolhidas pela pessoa.” No caso, a pessoa sabe que escolhe, mas não por que escolhe. Qual motivo a levou a escolher esta ou aquela profissão, este ou aquele amigo, esta ou aquela companheira?

Segundo ele, há pessoas, que têm um destino coercitivo, do qual parece não conseguirem sair. Por exemplo: uma pessoa masoquista, que escolhe, sem perceber, uma companhia agressiva; um dia se cansa de ser maltratada, rompe o relacionamento e escolhe outra companhia igual ou pior ainda que a primeira. E por toda a vida vai seguir assim. A isso, Szondi chama de destino coercitivo.

Para passar ao destino de livre escolha (ou seja, se libertar dessa fatalidade) a pessoa precisa perceber: a) que é ela quem escolhe; b) que escolhe porque é patológica e tem prazer no sofrimento. Ao perceber isso, ela tomará mais cuidado com as futuras escolhas, percebendo que vai atrás dos agressivos e despreza os bons. Diz Lipot Szondi que a pessoa só passa para um destino de livre escolha (do bem) se conscientizar que escolhe o mal e se tiver um ego suficientemente forte para mudar.

No mesmo sentido o psicanalista Norberto Keppe, em sua obra, trata da Inversão: o ser humano sem perceber, está vendo as coisas ao contrário: o que é bom para ele, acha que o irá prejudicar, e o que é ruim, que o irá beneficiar. Este é o motivo de fazer escolhas invertidas. E temos aqui outra obra fascinante neste campo do autoconhecimento: “A Libertação da Vontade”. Mas isto já é assunto para outro artigo.

Daí a frase do dia: É preciso conscientizar o destino patológico para viver a sanidade.

Até logo.

* Jornalista e escritor tatuiano