Carlos Serrão
Não fosse por uma vitória do Clube de Campo no sub-15, o Bom de Bola teria levado as cinco finais disputadas no sábado, dia quatro, da oitava Copa Craque do Futuro, no estádio “Lupércio Bernardes”, o “Itatibão”, do clube campino, em Tatuí.
O projeto social tatuiano estava nas cinco finais do certame mirim, mas perdeu a do sub-15 para o Clube de Campo, por um a zero.
Mas foi só. De resto, só deu o projeto social. No sub-17, em confronto “caseiro” entre Bom de Bola Tatuí B e Bom de Bola Tatuí, melhor para a equipe B, que venceu por cinco a três nos pênaltis, depois de um empate de um a um no tempo normal.
O time B do Bom de Bola também foi campeão no sub-13, ao vencer o Bom de Bola por um a zero.
No sub-11, o Bom de Bola foi superior ao Clube de Campo e levantou a taça com uma goleada de quatro a zero.
No sub-nove, após um empate sem gols no tempo normal, deu novamente Bom de Bola, desta vez em cima do XI de Agosto, ao vencer nos pênaltis por quatro a três.
O projeto social esportivo “Bom de Bola, 10 na Escola” já começara o dia com pelo menos dois títulos garantidos, pois conseguiu sete das dez vagas em finais.
HISTÓRIA
No dia 27 de julho de 2009, nascia o projeto social “Bom de Bola, 10 na Escola”. Foi idealizado por Diego Rodrigo de Oliveira Medeiros de Barros, conhecido como Diego Barros, ex-jogador profissional de futebol.
O Bom de Bola surgiu com o objetivo de promover o desenvolvimento intelectual e físico de crianças e adolescentes de Tatuí e da região, com idades entre seis e 17 anos.
De acordo com Barros, “o Bom de Bola não pode ser julgado por resultados, mas pelo trabalho desenvolvido, e, desta forma, é possível entender a razão de, às vezes, alcançar resultados positivos”.
Conforme Barros, o critério para a formação de mais de uma equipe para disputar a mesma categoria é o ano de nascimento do jogador. Na sub-11, por exemplo, o time A é formado por atletas com a idade limite da categoria e a agremiação B, com jogadores de nove anos.
Já na sub-15, o time A é formado por atletas de 15 anos, a equipe B, com jogadores de 14 anos e o C, misturado com esportistas das duas idades – segundo Barros, para dar oportunidade a todos e fazer com que se sintam valorizados.
“Revelados” no Bom de Bola, Barros destaca atletas como Felipe Burani, Pedro Paulo, Guilherme, Nicola e Maycon, com passagens por divisões de bases de diversos clubes do país. O atleta Felipe Silva, em 2016, chegou a ser convocado para a seleção brasileira sub-15.
Após o auge da carreira no Remo, no início de 2009, quando havia acabado de ser contratado pelo Grêmio Barueri, um exame constatou problemas cardíacos em Barros e ele foi afastado de qualquer atividade física.
Poucos meses depois, fundou o projeto “Bom de Bola, 10 na Escola”. Segundo o idealizador, “o desempenho, dedicação e força que os meninos demonstravam preenchia o vazio de não estar jogando”.
“Eu poderia cair em uma depressão ou ter desistido de ser feliz. Hoje, encontro a mesma felicidade que tinha jogando futebol, em partidas e treinamentos com o Bom de Bola”, revela.
No ano seguinte, os exames realizados por ele não acusaram arritmias e ele voltou a jogar profissionalmente. Quando anunciou o retorno ao futebol, Barros conta que muitas pessoas acreditavam que o projeto iria acabar.
Entretanto, os coordenadores Renan Cortez, Cleber Cabral e Luís Carlos Negri, o Tubarão, mantiveram as atividades do projeto. “Eles foram importantes para a continuidade do projeto, e sempre seguiram a mesma linha de pensamento”.
Em 2013, Cortez optou por seguir outro rumo e se desligou do projeto. Foi nesse momento que Barros decidiu encerrar a carreira profissional para voltar a Tatuí e manter o Bom de Bola.
“Eu tinha um projeto individual que talvez não acrescentasse nada na vida de alguém. Hoje, o projeto Bom de Bola conta com mais de 160 pequenos jogadores, beneficia a eles, aos seus pais e a família que, futuramente, irão formar”, concluiu Barros.