Da reportagem
Um novo projeto cultural, chamado “Quintal do Ditinho Rolim” começou a ser realizado em Tatuí, no mês de fevereiro, e deve continuar trazendo música e nostalgia para o município. A intenção é reunir artistas e a população em geral em uma “roda” movida a música e história.
O projeto é uma homenagem ao seresteiro tatuiano Benedito Sebastião Rolim, o Ditinho Rolim (falecido em 2002), e relembra as rodas de música promovidas no quintal da casa do músico para familiares e amigos.
A ação foi criada por uma neta do músico, Michele Rolim. A primeira edição ocorreu no Carnaval, entre os dias 17 e 21 de fevereiro, reunindo parentes e amigos. Já as próximas, ainda sem data definida, devem ser abertas ao público.
“Fui criada pelo meu avô, Ditinho Rolim, que foi um grande músico aqui da cidade, e a memória afetiva que tenho da minha infância é no quintal da minha casa, com todos cantando e se divertindo. Nós cantávamos até nos momentos mais tristes. Aí surgiu a ideia de realizar este projeto em homenagem a ele”, contou Michele.
A intenção inicial, conforme ela explicou, era relembrar as músicas cantadas e tocadas nas “rodas” dos amigos e familiares e as histórias da época, vivida junto ao seresteiro. Contudo, depois do primeiro evento, mais pessoas quiseram participar.
“Chamei as pessoas que participavam; infelizmente, algumas delas já não estão mais entre nós. Mas, reuni alguns amigos e familiares em um local alugado e fizemos cinco dias de festa no Carnaval, relembramos músicas, momentos e, a partir deste dia, as pessoas me chamaram e me pediram para abrir ao público e fazer outros eventos como este”, argumentou.
Michele explicou que a ideia é apresentar o projeto aos espaços públicos e conseguir um local fixo para a ação cultural. Os eventos devem ser realizados pelo menos a cada dois meses, abertos para quem quiser participar.
O evento de Carnaval, segundo Michele, já ficou fixo e está agendado para o ano que vem. A intenção também é realizar a festa em cinco dias de folia, aberta ao público e gratuitamente.
“A primeira edição teve samba, seresta e também black music, pois somos uma família de negros. Vimos que este foi um evento muito importante para manter viva a tradição das rodas de música e, também, para difundir a cultura preta em Tatuí”, apontou a organizadora.
As próximas datas ainda serão agendadas e publicadas na página oficial do projeto no Instagram: @quintaldoditinhorolim.
“O Quintal do Ditinho Rolim tem com intuito relembrar a nossa casa, o nosso quintal, que era de muita alegria e descontração, onde vivíamos música. Reuníamos e cantávamos, porque a nossa maior defesa era a música, e, hoje, não muito diferente, nos reunimos para cantar e aliviar um pouco da saudade que tanto nos sufoca daqueles que nos deixaram”, concluiu Michele.
Benedito Sebastião Rolim nasceu no dia 1º de julho de 1934. Foi casado com Elza Lopes Rolim e teve 12 filhos (Márcia, Eliete, Elizete, Elis, Adriane, Sônia, Nêncy, Elbe, Gerson, Gilmar, Wilson e Walmir).
Além dos netos: Michele, Francine, Emerson, Vinícius, Rayane, Rayla, Rayssa, David, Robert, Tabata, Carol, Kaiany e Lucas; dos bisnetos Elza, Dandara, Sebastian, Ricardo, Ana Flávia, Marília, Eduarda, Maria Clara, Maria Cláudia, José, Brayan, Lorena, Wallace, Laura, Thaylla, Pietro; e dos tataranetos Derick, Maria Alice e João Philipe.
Trabalhou como tecelão nas fábricas São Martinho e Santa Luzia e foi atendente em uma lanchonete da rua 11 Agosto, mas onde fez história foi nas noites da cidade e região, cantando serestas e “encantado com sua voz suave e potente feito um rouxinol”.
Ditinho Rolim fez história na música em Tatuí e, por isso, foi eternizado em uma escultura que faz parte do monumento “Os Seresteiros”, na Praça do Museu, instalado em 13 de dezembro de 2013.
O monumento é composto por sete personalidades que fomentaram o gênero seresta na Capital da Música: Ditinho Rolim, Noel Rudi, Zé Fiuza, Joãozinho do Irineu, Osmil Martins e Raul Martins, além do ex-prefeito e poeta Paulo Ribeiro.