RAUL VALLERINE
A Quaresma é tempo de limpar e enfeitar a casa por dentro. Convém que vivamos sempre de modo sábio e santo, dirigindo a nossa vontade e as nossas ações para aquilo que sabemos agradar a Deus (São Leão Magno).
Na Quarta-Feira de Cinzas, dia 22, foi iniciado o período de Quaresma que antecede a Páscoa. Para algumas vertentes do cristianismo, esse é um momento de reflexão e realização de penitências, como a prática de jejum. Até hoje, não se sabe exatamente como foi iniciado esse período na história, mas ela foi estabelecida durante o Primeiro Concílio de Niceia, em 325 d.C.
Milhões de cristãos praticam o costume ao redor do mundo. Esse momento é uma preparação para a Páscoa – celebração da ressureição de Jesus e a festa mais popular do cristianismo. Além de ser uma preparação espiritual, para que haja uma maior aproximação com Deus.
Sempre olhando para dentro de si e mergulhando na via penitencial do Cristo, cercado pelo caminho do arrependimento e da misericórdia, no qual o cristão é chamado a dar um sentido mais verdadeiro de si e mais transparente.
Na determinação da duração de quarenta dias, para que os cristãos se preparem para celebrar a solenidade Pascal, é mais do que certo que teve grande peso a liturgia bíblica dos quarenta dias, a saber: o jejum de quarenta dias de Jesus Cristo; os quarenta anos que passou o Povo de Deus no deserto; os quarenta dias passados por Moisés no Monte Sinai; os quarenta dias durante os quais Golias, o gigante filisteu, afrontou Israel, até que Davi avançou contra ele, abateu-o e o matou; os quarenta dias durante os quais o Profeta Elias, fortificado pelo pão assado e pela água, chegou ao Monte de Deus, o Horeb; os quarenta dias que o Profeta Jonas pregou a penitência aos habitantes de Nínive.
A expressão Quaresma é originária do latim, quadragésima (quadragésimo dia). Onde, se comemora a ressurreição e a vitória de Cristo após seus sofrimentos e morte, conforme narrados nos Evangelhos e refletidos na semana santa.
Deus tem constantemente, tanto no Antigo como no Novo Testamento, incentivado o povo a chegar próximo dele através de jejuns e orações, e isso deve ser feito continuamente quando acharmos necessário.
Para os cristão, esse é um momento de profunda reflexão e conexão espiritual, pois lembramos a passagem de Jesus pelo deserto e as tentações que enfrentou; é um momento de preparação e conexão com Deus.
Uma viagem de regresso a Deus, onde foi dito: Convertei-vos a mim. A Quaresma é uma viagem de regresso a Deus que lança um apelo ao nosso coração. Na vida, sempre teremos coisas a fazer e desculpas a apresentar, mas agora é tempo de regressar a Deus.
Os cristãos primitivos costumavam orar e jejuar com frequência. Certa vez, quando eles estavam adorando ao Senhor e jejuando, o Espírito Santo disse: “Separem para mim Saulo e Barnabé a fim de fazerem o trabalho para o qual eu os tenho chamado”. Então eles jejuaram e oraram, e puseram as mãos sobre Barnabé e Saulo. E os enviaram na sua missão.”
(Atos 13:2-3)
A quaresma como vimos caracterizar-se como sendo um período em que os cristãos levam mais a sério as coisas relacionadas ao evangelho.
Muitos deles prosseguem refletindo e se aproximando de Deus mesmo depois da quaresma. Só temos a ganhar procedendo assim, é necessário cada vez mais nos aproximar de Deus observando a sua palavra e nos entregando diariamente a Ele, pois ele é maravilhoso e cuida de nós.
A sede que Deus tem de amar a cada pessoa que se põe distante de sua misericórdia (que nunca se afasta de nós) abre um horizonte de futuro capaz de sanar toda marca que o mal provocara na caminhada, e torna-se um ‘clamor’ do próprio Criador por aquele no qual insiste em depositar ‘sua fé’: a pessoa humana. É por este ‘não desistir’ de Deus que sempre poderemos ter a certeza de que “é agora o momento favorável, é agora o dia da salvação” (Cf. 2Cor 6,2).