Turismo em Tatuí: nada a descartar

As alterações no comando de todas as organizações e instâncias de poder – como os Executivos locais, com especial interesse para os munícipes -, são naturais e passíveis de ocorrerem a qualquer tempo, quando não necessárias.

Em todas, a considerar-se o tal interesse público, deve-se esperar, sempre, a interrupção do que está “errado” e a continuidade do “certo” – muito embora estes conceitos sejam bastante questionáveis, conforme critérios, crenças, posicionamentos ideológicos e até experiências de vida de cada um.

Cada vez mais a nebulosidade sectária, sobretudo imposta pela desinformação, tem camuflado e embaralhado esses conceitos, estando certo, para alguns, o extermínio de índios, por exemplo, pelo “bem” do Brasil e da “soberania nacional”.

Outros, porém, creem ser errado seres humanos morrerem de fome – particularmente idosos e crianças -, ainda que esse povo seja de “pele vermelha” e nunca tenha armado uma taba na Faria Lima…

“São gente”, pensa esse pessoal. E, afinal, ver criança definhando, tendo os ossos quase a rasgar a pele, não é algo afeito a “família”, tampouco comunga com os ensinamentos cristãos básicos – ainda que os originários da terra idolatrem, nominalmente, Tupã e não Jeová – como se isso fizesse alguma diferença para quem, com sincera fé, crê na onipresença do Senhor.

Frente a uma catástrofe dessas – que vários outros entendem como genocídio real -, pouca oposição se encontra quanto à urgência de mudança. Mas, nem sempre é assim.

O Brasil de hoje, ainda envenenado por extremismos desagregadores e deletérios, segue farto em exemplos desta ordem (ou desordem), dispensando mais comentários.

Por sua vez, em meio à natural normalidade de alternâncias, incontáveis outras mudanças acontecem, seguindo a lógica do bom senso e, assim, em respeito e a favor da comunidade.

Uma destas tem a ver com a troca de comandos na liderança pública, como acontece na administração municipal das secretarias de Tatuí.

Nestas alterações, o aspecto a destacar-se (obviamente!) não é focado em “pessoas” – se mais, ou menos, capacitadas para as funções (o que não nos cabe julgar, até porque seria simplesmente injusto com os novos líderes que acabam de assumir), mas, prioritária e unicamente, na evidente intenção de se sustentar o que está “dando certo”.

Isso denota o tal bom senso, virtude a ser resgatada e revalorizada em imensa parte da política nacional e da própria população. A área de turismo em Tatuí é excelente exemplo.

Fato é que, desde quando Jorge Rizek, produtor cultural e colunista social deste jornal, assumiu, como dirigente do setor na cidade, a frente das ações para tornar Tatuí um município de interesse turístico (MIT), a cidade só tem ganhado.

E ganhado como? Conquistando não só um número crescente de visitantes (pela Feira do Doce, em especial, implementada por ele), mas levando todo o município a beneficiar-se do fomento desse setor, com o comércio, a gastronomia e a área de serviços lucrando com a movimentação e, portanto, gerando renda a todos.

Lógico, o secretário – seja quem for – não pode e não consegue fazer tudo sozinho, mesmo que o queira. Portanto, outros incontáveis profissionais da área e autoridades contribuíram e continuam a contribuir com o desenvolvimento turístico de Tatuí.

Isto é real e precisa ser sempre reconhecido, por questão de justiça e, também, por franco bom senso. Destaque, aqui (entre tantos, reitere-se), para o vereador José Eduardo Morais Perbelini (que levantou a ideia do MIT), o pessoal do Conselho Municipal de Turismo e os turismólogos da prefeitura, Jean Vinicios Sebastião e Rafael Halcsik Coutinho.

Na sequência, já na administração Maria José Vieira de Camargo e quando o MIT se concretizou em Tatuí, assumiu como secretário do Esporte, Cultura, Turismo e Lazer, Cassiano Sinisgalli, o qual esteve à frente, por conseguinte, das principais conquistas do setor turístico da cidade nas últimas décadas.

Pode-se dizer que, definitivamente, a maior parte da população “comprou” a ideia de que Tatuí pode, sim, ser um destino turístico, e isso alavancou diversas iniciativas no setor, gerando resultados amplos e positivos.

Esse reconhecimento de “possibilidades” parece ser o maior mérito do setor de turismo local, em cuja à frente esteve Sinisgalli, pelo que o ex-secretário também merece reconhecimento e gratidão.

Neste momento, por sua vez, sob a administração do prefeito Miguel Lopes Cardoso Júnior, assume a função Douglas Dalmatti Alves Lima, o “Buko”, o qual, desde 2017, era o diretor de esportes do município.

Em entrevista ao jornal O Progresso de Tatuí, ele informou que, entre as prioridades para a nova gestão, estão a implantação definitiva da Zeicts (Zona de Especial Interesse Cultural e Turístico) e a criação de uma lei “pró-turismo”, semelhante ao programa que atrai empresas à cidade mediante benefícios fiscais, o Pró-Tatuí.

Também estão na mira dele a criação de diversas oficinas culturais descentralizadas. O secretário ainda prevê a ocupação, por meio de parcerias com outras secretarias – especialmente a da Educação -, de espaços com horários ociosos para a realização de mais oficinas esportivas e culturais.

No turismo, a meta continua sendo transformar Tatuí em estância. “Vim para somar, para qualificar. Minha prioridade não é propor mais desafios, mas qualificar o que já existe. Nós aprendemos com os pequenos erros; o importante é saná-los para a próxima vez de um evento, por exemplo”, afirmou.

Ele lembrou que, no processo de elevação de MIT para estância, existe um ranqueamento. “Não é um processo fácil. Você pleiteia a vaga, assim como pleiteamos ser MIT. Trabalharemos muito para manter a condição de MIT também, não podemos perder isso de vista”, garantiu.

“Nossos eventos vêm sendo qualificados, melhorando a cada ano. Merecemos ser estância turística”, defendeu Buko. Uma das “armas” é a implantação definitiva das Zeicts – a primeira delas no final da avenida Firmo Vieira de Camargo, englobando a estação ferroviária.

“Já está no Plano Diretor; falta tirar do papel. Mas, dependemos de algumas autorizações do governo do estado”, informou. Elas podem estar localizadas em diferentes regiões do município e com variados usos. Falta, efetivamente, implementá-las.

As Zeicts levam em consideração a vocação cultural de Tatuí e a necessidade de regulamentação dos espaços públicos e privados, em conformidade com uma política de desenvolvimento cultural e turístico da cidade.

Elas têm como objetivos: “dar função social às áreas; promover o desenvolvimento cultural e turístico regional; promover a cultura e o lazer de interesse coletivo; consolidar eventos e espaços com o título de Capital da Música; valorizar a paisagem urbana e a paisagem natural”.

Entre outras novidades adiantadas à reportagem, portanto, evidenciou-se exatamente o que mais importa, uma expectativa muito boa com relação aos objetivos do novo secretário.

Isto porque suas colocações e anunciados projetos se pautam a partir da (“boa”) política de bom senso, consciente e comprometida com os interesses da população, que implica em não jogar nada fora, e sim aproveitar e aperfeiçoar o que já é bom!