Da reportagem
O temporal que atingiu Tatuí na tarde de sábado passado, 28 de janeiro, é tido pela Defesa Civil do município como o maior já registrado nos últimos anos pelo volume de água e pela quantidade de bairros afetados, em apenas duas horas.
Conforme o Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais), a chuva atingiu 89 milímetros, entre 17h e 19h, deixando estragos em pelo menos 16 bairros. Famílias ficaram desabrigadas, casas foram alagadas e prédios públicos de serviços essenciais, afetados.
De acordo com o coordenador da Defesa Civil, Sérgio Luiz de Moraes, esse foi o maior volume acumulado para o período. Ele afirma que não há registro de chuvas dessa gravidade na base de dados do órgão.
“Dois anos atrás, Tatuí registrou uma chuva que atingiu 73 milímetros em duas horas, mas os estragos foram pontuais, não há nenhum registro com relação à cidade toda, como ocorreu no sábado. Os mais antigos compararam este temporal com um que atingiu Tatuí em 1923 e que também foi bem forte”, contou o coordenador.
Até a manhã desta sexta-feira, 3, os estragos ainda estavam sendo contabilizados pelo órgão. A previsão é de se fechar o relatório, com o levantamento de todos os prejuízos, até segunda-feira, 6, para enviá-lo à Defesa Civil do estado de São Paulo.
A equipe da DC local está em campo desde a noite de sábado, fazendo o levantamento dos estragos. Muitos imóveis ficaram com muros no chão, houve queda de árvores e problemas nas vias públicas (asfalto e lajotas).
Até o balanço mais recente do órgão, com dados levantados até a manhã de sexta-feira, 3, havia 16 pontos críticos. Os bairros vila Angélica, vila Esperança, São Cristóvão, vila Dr. Laurindo, Village Campos, vila Juca Menezes, Jardim Manoel de Abreu e rua Nhô Nhô da Botica, no centro, tiveram moradores desalojados, somando 35 famílias.
Elas precisaram ser retiradas das casas, por questão de segurança, e foram realocadas em moradias de parentes. Somente na região da vila Menezes (próximo ao CEU das Artes), cinco casas foram atingidas pela chuva.
Segundo Moraes, na região da vila Dr. Laurindo, pelo menos dois serviços essenciais foram afetados. Na base do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), a chuva atingiu equipamentos e suplementos usados no atendimento da população, como medicamentos e materiais de curativo.
“Foi tudo perdido, contaminado pela água”, informou o coordenador. A unidade ainda fazia o levantamento dos prejuízos, mas, conforme a coordenadora do Samu, Mariana Leme de Campos, o sistema operacional não foi prejudicado e os serviços continuaram sendo prestados pelo 192.
Outro prédio atingido é o que abriga a Secretaria de Assistência Social e a sala dos conselhos municipais. A estrutura foi destruída pela força da água. No departamento, as perdas também estão sendo contabilizadas.
Conforme Moraes, até sexta-feira da semana passada, 27 de janeiro, os boletins meteorológicos mostravam a possibilidade de tempo nublado para o sábado, 28, e nove milímetros de chuva para o domingo, 29, na região de Sorocaba.
“Seria tranquilo, visto que a quantidade era prevista para a região. Contudo, a chuva se adiantou para o sábado, e com muito mais força”, explicou o coordenador.
Na tarde de sábado, moradores registraram imagens dos estragos. Diversos vídeos foram gravados na região da vila Dr. Laurindo, um deles mostrando a base do Samu tomada pela água. O estacionamento de um supermercado e o terminal rodoviário também ficaram alagados.
Na mesma região, perto da praça Ayrton Senna, moradores registraram diversos transtornos durante a chuva. Um deles gravou vídeo dizendo ter visto móveis, cadeiras de bar e até geladeira sendo levados pela enxurrada. Outro mostra um carro carregado pela água.
Na sede da Associação Renascer Tatuiense, conhecida como Clube Renascer da Terceira Idade, também na vila Dr. Laurindo, muita água e terra invadiram o espaço, causando diversos estragos. A direção estima prejuízo de pelo menos R$ 30 mil.
“Tiramos muita lama do salão e do escritório do clube. A água subiu quase um metro, queimando a máquina de lavar roupas que tínhamos, afetando o circuito de segurança, que também queimou. Perdemos documentos e muitas outras coisas, vai ser difícil reestabelecer tudo”, declarou a presidente do clube, Maria dos Anjos de Arruda.
Imagens ainda mostram carros sendo arrastados e estragos em outras regiões, como na rua Coronel Lúcio Seabra, que ficou alagada e teve parte das lajotas arrancada, prejudicando o tráfego de veículos e pedestres.