Saúde confirma queda acentuada em 2022 de dengue em Tatuí

Foram confirmados 24 casos no ano passado, contra 20.521 em 2021

Da reportagem

O número de casos positivos de dengue apresentou grande queda em Tatuí. A Vigilância Epidemiológica do município publicou, na tarde de terça-feira, 17, nos canais oficiais do Executivo, um relatório confirmando a menor incidência. Nele, registra 24 confirmações da doença entre janeiro e dezembro do ano passado.

Do total de confirmações, nove foram autóctones (contraídas na própria cidade) e 15, importadas. Houve uma confirmação no mês de fevereiro, três em março, cinco em abril, cinco em maio, duas em junho, duas em julho, uma em agosto, uma em setembro, duas em novembro e as duas últimas em dezembro.

No Brasil, em 2022, segundo boletim divulgado em dezembro pelo Ministério da Saúde, foram 1.450.270 casos de dengue, com 1.016 mortes, o maior índice desde 1980 – aumento de 162,5% em comparação a 2021.

O número é o novo recorde anual de óbitos pela doença, superando o maior patamar anterior, de 986 mortes, em 2015. Desde a década de 1980, quando a dengue ressurgiu no país, não se registraram tantas mortes em um único ano.

O estado de São Paulo lidera o ranking, com 282 mortos — equivalentes a 27,7% do total. Em seguida, Goiás contabiliza 162 vítimas (15,9%). Paraná soma 109 vítimas e Santa Catarina e Rio Grande do Sul, 88 e 66.

De acordo com a coordenadora do Setor de Combate à Dengue, Juliana Aparecida de Camargo da Costa, as ações de prevenção contra o mosquito transmissor Aedes aegypti e campanhas realizadas no município no ano passado, em parceria com diversas secretarias, resultaram no menor número de confirmações da doença dos últimos quatro anos.

Segundo os dados do órgão da Secretaria Municipal de Saúde, em 2021, a cidade viveu o pior ano em relação ao número de contaminações por dengue, com 20.521 casos. Em 2020, a cidade havia recebido 342 exames positivos e em 2019, 54.

Somente nos primeiros 20 dias de janeiro de 2021 (enfrentando-se, em paralelo, os desafios da Covid-19), a cidade já havia positivado 53 exames de dengue, quase o mesmo número de confirmações dos 12 meses de 2019.

De janeiro a outubro de 2021, no auge do surto, o número de casos positivos atingiu 20.453, quase mil vezes (92.868,18%) maior em relação ao apresentado no mesmo período de 2022, com 22 casos.

Conforme Juliana, assim que os casos começaram a aumentar, o setor iniciou a nebulização “pesada” (fumacê) e reforçou o trabalho preventivo, com equipes atuando de domingo a domingo no combate à dengue.

Segundo ela, no começo do ano, como os casos estavam mais concentrados no Jardim Santa Rita de Cássia, foram realizadas diversas ações na região, e, a partir de março de 2021, as operações foram estendidas para outros bairros.

De segunda-feira a sexta-feira, o Sucen e o Setor de Combate à Dengue realizavam as vistorias nas casas e, aos finais de semana, uma equipe mista, formada com pessoas de setores como educação, obras e meio ambiente, promovia ações de conscientização e operações “cata-treco”.

Segundo balanço do setor, de 1º de janeiro a 31 de dezembro de 2021, foram realizadas 63.695 visitas a imóveis, 6.718 avaliações de densidade larvária, 45.240 controles de criadouros, 3.059 nebulizações portáteis, 69 visitas a imóveis especiais (escolas, clubes e outros) e 389 visitas em pontos estratégicos (ferros-velhos, cooperativas de reciclagens e outros).

Juliana apontou que, ainda em 2021, o município também criou as chamadas “Brigadas de Combate ao Mosquito Aedes Aegypti”, para atuarem junto às secretarias da Saúde, de Obras e Infraestrutura e da Educação.

Outro ponto destacado pela coordenadora para zerar o número de casos da doença é a contratação de mais agentes de controle de endemias. Segundo ela, o Setor de Combate à Dengue quase triplicou o número de profissionais em atuação, passando de 12 para 34.

Os agentes visitam as residências de, aproximadamente, três bairros por dia, tendo a disposição quatro veículos para facilitar a logística do trabalho, sendo um apropriado para o recolhimento de pneus abandonados.

As campanhas de prevenção foram definidas já no começo de 2022, quando diversas autoridades e servidores municipais se reuniram com a Sucen, a pedido do Departamento Regional de Saúde (DRS XVI) de Sorocaba, para debater a situação atual de Tatuí e planejar ações para 2022.

Desde então, as ações de prevenção ocorrem de segunda-feira a sexta-feira, das 8h às 17h. São feitas visitas de rotina nos imóveis e retorno aos imóveis que estavam fechados durante as primeiras visitas e locais com demandas de reclamações, com o objetivo de detectar e eliminar os criadouros do Aedes aegypti.

“Durante a visita, o agente elimina os recipientes com água parada e que possam conter larvas e adiciona o larvicida nos locais onde não se pode eliminar a água, como piscina fixa. Eles também orientam os munícipes e notificam em casos mais graves”, explica a coordenadora.

Juliana ainda informa serem realizadas ações de controle em pontos estratégicos cadastrados no setor de ferros-velhos, cooperativas de reciclagem, borracharias e outros. Nesses locais, as atividades são feitas em períodos quinzenais e mensais, com aplicação de inseticida.

“Além disso, trimestralmente, realizamos a avaliação de densidade larvária em imóveis especiais. As larvas são coletadas e analisadas para termos um parâmetro dos bairros com maior número de criadouros”, acrescenta Juliana.

Neste ano, até o relatório emitido pelo órgão na quarta-feira, 18, apenas um caso da doença havia sido confirmado. A notificação chegou ao setor no dia 9 de janeiro, referente a um morador do bairro Valinhos.

“Quando um caso é confirmado, realizamos o controle de criadouros, em um raio de 150 metros da residência do contaminado e, posteriormente, fazemos a nebulização costal”, salienta a coordenadora.

Ela alerta que, apesar do balanço positivo, é hora de redobrar os esforços no combate ao mosquito para evitar a proliferação de criadouros e novos casos. Segundo Juliana, o período de maior transmissão da dengue ocorre entre outubro e maio. Além disso, ela informa que Tatuí apresenta índice larvário preocupante, com alto risco de um novo surto (reportagem nesta edição).

Para a prevenção, a coordenadora pede a colaboração de todos quanto à limpeza e à manutenção de terrenos e residências e salienta que as denúncias sobre possíveis criadouros do mosquito podem ser esclarecidas e/ou informadas para a Ouvidoria Municipal.

“Nós buscamos eliminar o máximo possível de criadouros, mas precisamos do apoio da população. É necessário ficar atento e eliminar todos os locais com água parada”, concluiu Juliana.