Ninguém aguenta mais ouvir sobre pandemia, Covid-19, máscara, álcool em gel e menos ainda em “isolamento”. Verdade! Por isto mesmo o problema se torna maior neste momento, quando recrudesce a contaminação, novamente impondo medidas mais efetivas de combate à doença.
Por si só, isso já seria grande desafio, porém, o país também sofre de outro grande mal, em parte sequela da própria pandemia: o desapreço à vida, sobretudo quando se trata da vida dos outros.
Para agravar ainda mais a enfermidade a contaminar a real consciência cívica e comprometida com um mínimo de humanidade, a nação caminha à deriva, acéfala de poder, com uma figurada administração que abdicou de suas responsabilidades – tal um adolescente mimado de quem tiraram o videogame -, seguindo, portanto, à espera de outra direção, que ainda não assumiu.
Enquanto isso, o novo coronavírus, indiferente às hipotéticas ideologias, ao fanatismo, às tentativas de golpe e mais ainda às fake news, continua se reproduzindo em novas cepas e subvariantes.
Neste livre caminho, aberto por um equivocado contingente ufanista, o vírus beneficia-se, sobremaneira, do desestímulo à vacinação, promovido pelo negacionismo que acabou por desacreditar até a história extremamente bem-sucedida das campanhas de imunização no Brasil (está aí o retorno de doenças tidas como extintas para o comprovar).
Esperar que atitude, então, em meio ao caos (verdadeiramente) “moral e cívico” para se defender – e aos seus não apenas parentes e amigos, mas “semelhantes” – de nova onda de contaminações, carregando consigo mais mortes evitáveis, além das perdas econômicas consequentes (lembrando que isto, para alguns, é “só” o que importa)?
A saída mais lógica e prática seria a revalorização da humanidade em cada um, sensibilizado pela dor dos demais brasileiros – algo, convenhamos, bem mais patriótico que meramente se enrolar em bandeira, cantar hino e pedir por ditadura.
Mas, tão incerto quanto o futuro da pandemia é contar com o retorno dos brasileiros em grande massa à sua virtude natural de gentileza, generosidade e empatia.
E não é exagero. Que pensar quando, por exemplo, um pai com o filho prestes a perder a visão é impedido de levá-lo ao socorro por um bloqueio de estrada, em cujos “cidadãos” dizem a esse pai, em pânico, para que leve o filho “a pé” se quiser passar pela “manifestação”?…
Outro, ainda menos apegado às virtudes comezinhas de um ser humano normal, nessa recente ocasião em Sorriso (!!!), no Mato Grosso do Sul, chegou a dizer ao pai sobre o filho: “Que perca o olho”!!! (https://revistaforum.com.br/brasil/centro-oeste/2022/11/23/que-fique-cego-diz-golpista-pai-impedido-de-levar-filho-para-cirurgia-em-bloqueio-no-mt-127673.html). Isto seria civismo, patriotismo, ou simplesmente barbárie, desumanidade?
É possível ser otimista frente a situações macabras como essas, ou estaria o vírus corona mais uma vez a ganhar terreno graças ao virulento tumor extremista ainda em metástase na sociedade brasileira?
Na dúvida, seguem alguns fatos, relacionados a Tatuí, a partir dos quais, esperemos, parte da comunidade se sensibilize e retome determinados cuidados para evitar maior proliferação da Covid-19 e, assim, venha a contribuir com a “vida”, acima de tudo!
Mesmo com os boletins municipais sobre Covid-19 tendo sido alterados em seu período de divulgação, previstos então para serem mensais – algo corretamente reconsiderado nesta semana -, já foi possível confirmar aumento significativo nas positivações entre o final de outubro e o começo de novembro.
Com a retomada da divulgação semanal, a prefeitura confirmou em boletim, nesta sexta-feira, 25, a contaminação de 431 tatuianos nas exatas últimas três semanas (entre os dias 5 e 25). Em igual período anterior (do dia 15 de outubro a 4 de novembro), tinham sido 40 – explicitando-se a seriedade da situação, frente a quase 1.000% de aumento.
Em razão dessa explosão de casos positivos, inclusive, acompanhando tendência nacional, a Secretaria Municipal de Saúde, pela Vigilância Epidemiológica (VE), está realizando mutirões (um neste sábado, 26, das 9h às 15h, no Cemem), para atualização da carteira vacinal dos imunizantes contra o novo coronavírus.
As pessoas que comparecerem devem portar o CPF, cartão SUS, comprovante de endereço e a carteira vacinal. Os menores de 18 anos devem estar acompanhados dos pais.
De acordo com a coordenadora da VE, Rosana Oliveira, a atualização é referente à segunda, à terceira e à quarta doses em atraso, mas também abrange o público que ainda não tomou a primeira, ou aqueles que já podem tomar a quinta dose, respeitando o intervalo de quatro meses entre uma e outra.
Segundo dados da VE, o aumento dos casos, além do surgimento de novas variantes, deve-se à baixa adesão da população às doses adicionais da vacinação, visto que 93,2% da população tatuiana tinham se vacinado com a primeira dose e 85,4%, com a segunda.
“Este número, porém, despenca em relação à terceira dose, com a qual apenas 56,6% da população se imunizou. Os dados ficam ainda piores quando se trata da quarta dose, na qual somente 25,5% dos tatuianos compareceram aos postos de vacinação”, comentou a coordenadora, na semana retrasada.
A relação das novas variantes, somadas à não vacinação com as doses adicionais, ocasionaram 56 casos de Covid-19 nessa semana, entre os dias 7 e 13 em Tatuí, seguindo tendência de crescimento que já vinha das semanas anteriores, em que 22 casos foram notificados de 31 de outubro a 6 de novembro e 32 entre 24 e 30 de outubro.
Ainda segundo Rosana, apesar dos índices crescentes, naquele momento, não havia pacientes internados com a doença no município, tanto na rede pública quanto na particular. A última internação de um tatuiano havia ocorrido em 27 de outubro, em Sorocaba, caso que levou o paciente a óbito.
A coordenadora frisou que tem acompanhado a movimentação das novas subvariantes através de notas técnicas divulgadas pelo Grupo de Vigilância Epidemiológica do estado de São Paulo. “Estamos seguindo todas as informações e medidas oficiais que são passadas. Nossa população será devidamente monitorada”, garantiu.
“Diagnosticado corretamente, o paciente tem mais chances de tratar a doença de forma a não evoluir para quadros clínicos graves. Além disso, ao aderir ao protocolo de uso de máscaras, higienizar as mãos com água e sabão ou com álcool em gel, ele não coloca outras pessoas em risco de contaminação”, orienta.
Rosana reforça que, caso o indivíduo sinta sintomas de gripe, deve procurar o atendimento médico, durante a semana, nas unidades básicas de saúde (UBSs) ou, aos finais de semana, na unidade de pronto atendimento (UPA). De acordo com a pasta, nesses locais, conforme critérios e avaliação clínica, o profissional de saúde poderá solicitar a realização do teste.
No sábado passado, 19, a prefeitura de Tatuí, no primeiro “Dia D” de vacinação, conseguiu atingir 433 pessoas, atendidas no Cemem. De acordo com Rosana, a maioria do público foi em busca da quarta dose do imunizante, totalizando 200 munícipes.
“Nesta edição, recebemos muitas pessoas que trabalham durante a semana e, muitas vezes, por falta de tempo, acabaram retardando a atualização do ciclo vacinal”, declarou a coordenadora.
“Precisamos que quem já está apto para receber as doses e os faltosos se conscientizem e compareçam para atualizar a carteira vacinal. Esta segunda edição do Dia ‘D’ também é referente às doses adicionais em atraso, respeitando o intervalo de quatro meses entre uma dose e outra”, acentuou.
Considerando, finalmente, haver esperança de um país menos doente em todos os sentidos, é aproveitar para revalorizar a saúde e a vida, começando pelo reforço da vacinação!