Da reportagem
Na manhã de sábado da semana passada, 12, na Praça da Matriz, a Escola Projeto “Senna em Ação”, pertencente à Secretaria Municipal de Educação, em parceria com o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), promoveu a Feira do Empreendedorismo.
O evento integra o programa Jovens Empreendedores Primeiros Passos (Jepp), uma proposta de educação empreendedora para estudantes do ensino fundamental, com o objetivo de incentivar o empreendedorismo e a orientar para os negócios nas novas gerações.
A feira, que mobilizou gestores, professores e alunos do “Senna em Ação”, foi aberta ao público e contou com barracas vendendo “geladinhos”, churros e brinquedos confeccionados pelos alunos na “Sala Maker”.
De acordo com a analista de negócios e gestora da cultura empreendedora do Sebrae de Sorocaba, Isabel Janaína Soares, “o Jepp faz com que os alunos trabalhem desde a produção até a comercialização de produtos, estimulando-os a assumirem riscos calculados, a terem um olhar observador e a identificarem, ao seu redor, oportunidades de inovações, mesmo em situações desafiadoras”.
“Por meio de atividades lúdicas e um ambiente sensibilizador, o programa apresenta práticas de aprendizagem considerando a autonomia dos alunos para aprenderem e o desenvolvimento de atributos e atitudes necessários para a gerência da própria vida, nos âmbitos pessoal, profissional e social”, comentou a analista.
Isabel reforçou que o Jepp está “consolidado” em Tatuí e vem capacitando professores para que eles também capacitem seus estudantes para os desafios do cotidiano.
“Entendendo a importância da educação empreendedora neste século, com foco no protagonismo juvenil e no projeto de vida, o projeto propõe levar alunos e educadores a transpor os muros da escola e a aplicar a resiliência, vencendo as dificuldades diárias, desenvolvendo competências e habilidades múltiplas, como sugerem os quatro pilares da educação: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver com os outros, aprender a ser”, explicou.
Para ela, ver os projetos finais na feira mostra que os ensinamentos, durante todo o processo, surtiram efeito. “É maravilhoso ver as crianças empenhadas em mostrar os produtos que produziram e a seriedade como os comercializam. Isso chama a atenção de quem é abordado por elas ou simplesmente as observa vendendo”, mencionou Isabel.
“A educação empreendedora proposta pelo Sebrae para o ensino fundamental incentiva os alunos a buscarem o autoconhecimento, novas aprendizagens e o espírito de coletividade”, frisa.
Para ela, “a ideia é que a educação deve atuar de forma transformadora, incentivando o aluno a quebrar paradigmas e a desenvolver habilidades e comportamentos empreendedores”.
“Dessa forma, a solução, aliada a um ambiente propício à aprendizagem, favorece o envolvimento dos jovens estudantes no próprio ato de fazer, de pensar e de aprender. Essas são características fundamentais dos comportamentos empreendedores, nos quais o estudante e o grupo em que ele está inserido reconhecem que suas contribuições são importantes e valorizadas”, pontuou Isabel.
“Em nome do Sebrae, parabenizo os professores, a direção e os alunos que abraçaram o projeto, plantaram a semente e estão começando a colher os frutos”, acrescentou.
Para a secretária da Educação, Elisângela da Costa Rosa Cecílio, o Jepp é um programa que, com o decorrer dos anos, consolidou-se no ensino municipal, atuando em todas as disciplinas e sendo realizado dentro das escolas. “Pedagogicamente falando, os estudantes trabalham principalmente a língua portuguesa, a matemática e os problemas sociais”, apontou.
“Com o projeto deste ano, veio bem a calhar o trabalho de contraturno, possibilitando ao aluno ganhar mais conhecimento nos horários em que não está tendo aula. Foi uma experiência muito positivo e que levaremos para o próximo ano”, antecipou a secretária.
A titular da pasta afirmou que, após o Sebrae procurara secretaria dela, todas as escolas passaram a trabalhar a “Semana do Empreendedor” com os alunos. O Projeto “Senna em Ação”, por exemplo, vem trabalhando sobre o empreendedorismo desde o início do ano letivo, no contraturno.
“Os estudantes realizaram variadas pesquisas, como a de preço, de mercado, aprenderam a fazer planilha de custo e também a ter noção de quais materiais precisam para confeccionar o que desejam”, acrescentou Elisângela.
A secretaria complementou que os conhecimentos adquiridos pelos alunos durante as atividades no Jepp serão levados por eles pela vida toda.
“O simples fato de eles buscarem informações sobre o que queriam mostrar na feira, ao entrarem em contato com alguém que já atua na área comercial e vendendo determinado produto, mostra como o projeto atua no amadurecimento e na sensibilização”, enfatizou.
Elisângela reforçou que, graças ao Jepp, novos programas para o futuro estão sob análise da Secretaria Municipal, como a implantação da educação financeira.
“Este assunto está tão em voga que queremos explorá-los da melhor forma possível, pois é essencial que os alunos tenham noções básicas sobre a área. Trabalhar bem a base faz toda a diferença para o futuro”, salientou.
“Todos estão de parabéns pelo empenho. Percebi a desenvoltura dos alunos, que atenderam o público de uma forma carismática, educada. Eles sabiam e confiavam no que estavam vendendo. Isso faz toda a diferença. Deu credibilidade. Eles têm tudo para se tornar futuros empreendedores. Estão apenas começando”, concluiu a secretária.
Para o desenvolvimento do Jepp, os professores do “Senna em Ação” passaram por capacitação e trabalharam com os alunos o material fornecido pelo Sebrae.
Eles tiveram, ainda, o suporte da diretora Cristina Jesus Pereira Maciel de Campos e dos coordenadores Alzira Ananias de Cardoso e Altair Benedito Vieira, que acompanharam o trabalho diariamente, auxiliando e orientando.
O projeto também contou com a palestra “Os primeiros passos para empreender”, da empreendedora Ana Teresa Cecílio, homenageada durante o evento. Ela é filha da secretária Elisângela.
Além das barracas, aconteceram apresentações culturais de danças “Aquarela do Brasil” e “Maculelê”, conduzidas pelas professoras Mina Garcia e Larissa Orsi; além da peça teatral “Sítio do Pica-Pau Amarelo”, sob a direção do professor Sérgio Ventura.
Para a professora Luciana Aparecida Tristão, que acompanhou os estudantes do 5º ano Maria Laura Lima Cardoso Pires, Kauanni Alves Coelho, Diogo Augusto da Silva, Monique Tawane Turri, Felipe Rodrigues e Gustavo Henrique dos Santos na barraca de sorvetes “Sabores e Cores”, a iniciativa “aflorou nos alunos sensações e comportamentos que favorecem o amadurecimento de cada um”.
“As crianças não tinham tido a experiência de conversar com o público. Vender produtos confeccionados por eles, pela primeira vez e na Praça da Matriz, foi um desafio, e absorveram com a maior naturalidade”, comemorou.
Segundo a professora, após apresentarem o tema central do projeto, os alunos “aderiram à ideia com bastante entusiasmo, sendo que o trabalho fez com que eles conquistassem mais autoconfiança”.
“Eles notaram que empreender é um estilo de vida, que acompanha o seu crescimento pessoal, através de atividades e pela frequente busca por conhecimento”, enalteceu.
“Trabalhar em equipe, planejar e realizar aquilo que se deseja, acreditar no próprio potencial, valorizar a cultura e o meio ambiente, são fatores que, sob a minha ótica como professora, foram desempenhados com maestria por todos os alunos presentes. Eles pensam no bem comum. Isso também é empreender”, completou Luciana.
Já os professores Júlio Reinaldo Menezes e Fabiane Cristine Miranda estiveram à frente da barraca de churros, com os alunos do 1º e 2º ano Leonardo Maciel dos Santos, Gabrielly Lorena Camargo Rosa, Anna Laura Camargo Rosa e Anna Alice Veiga Rampasso.
Para o projeto, o tema foi o mundo das ervas aromáticas e temperos naturais. “Durante o Jepp, apresentamos diversos aromas para que os alunos escolhessem qual era o de sua preferência. O escolhido foi o de canela. Com isso, ficou decidido que os produtos vendidos seriam os churros”, contextualizou a professora.
De acordo com Fabiane, graças a um conjunto de planos estratégicos e práticos, apresentados no decorrer do projeto, os estudantes tiveram êxito no resultado.
“Na minha análise, obtivemos resultados expressivos, e cada um explorou ao máximo seu potencial. Eles se empolgaram conforme as vendas fluíam. Ficaram surpresos. Isso é meritocracia. Estou muito orgulhosa.”, citou.
Na barraca “Reci Brink”, as alunas do 1º ano Kelry vitória Bueno Marques, Alícia Gomes Gaspar e Evelyn Caroline Figueiredo Tomé venderam brinquedos educativos produzidos por elas a partir de materiais recicláveis, como o papelão. A professora Cássia Carnielli supervisionou as atividades.
“Para a confecção dos itens, as alunas utilizaram o maquinário disponível na “Sala Maker Espiral”, o que foi um diferencial, pois possibilitou com que elas usassem a imaginação para compor o que queriam vender, como o jogo da velha e peças para formar uma pequena fazendinha, com formatos de cerca e diversos animais”, observou Cássia.
A “Sala Maker Espiral” foi inaugurada em setembro deste ano, na Escola Projeto “Senna em Ação”, em conjunto com a prefeitura de Tatuí e a Secretaria de Educação.
“Unir a tecnologia com a imaginação e os ensinamentos do projeto Jepp foram enriquecedores para as estudantes e para mim, como educadora. Elas venceram a timidez e interagiram muito bem com as pessoas que visitaram a barraca, curiosas em saber o que estava sendo comercializado. Foi uma alegria participar desta iniciativa”, finalizou a professora.