Da reportagem
Neste domingo, 20, às 16h, no hotel Del Fiol, na Praça da Matriz, acontece o lançamento do livro “Eu Comigo Conversando com o Umbigo”, da escritora tatuiana Cristina Siqueira. O evento também terá participação do pianista e neto da escritora Théo Singh, que se apresenta durante a sessão de autógrafos.
De acordo com Cristina, o livro é destinado a adultos e crianças maiores de oito anos. O enredo da obra se passa na cidade de Trancoso, litoral sul da Bahia. “Os personagens convivem em uma vila praiana, na qual se encontram pessoas de todos os lugares do mundo”, explica a escritora.
Sobre por qual motivo escolheu Trancoso, Cristina conta que a cidade a acolheu. “Fui para lá no início da década de 1980, quando ainda era uma minúscula aldeia com nativos gentis, alegres, acolhedores. O encanto me tomou e, durante este tempo todo, sempre passo temporadas lá para escrever”, descreve.
“Lá, pratico o exercício da simplicidade. É uma volta à calma e um viver com alma. Vivo e aprendo muito quando estou na região. Tenho o tempo para deixar fluir a imaginação”, celebra.
Cristina afirma que a ideia do novo livro surgiu em um dia em que observava as formigas trabalhando. “Uma voz interna insistia numa conversa que chamo de eu comigo conversando com o umbigo’. Trancoso, para mim, é o passado no futuro”, observa.
A autora conta que alguns críticos definiram a publicação como uma novela e a compararam com as obras “O Pequeno Príncipe”, de Saint Exupéry, “Alice no País das Maravilhas”, de Lewis Carroll, e com “O Sítio do Pica-Pau Amarelo”, de Monteiro Lobato. “As pessoas mergulharão nesta história que tem todo o sabor de vida brasileira”, acentua a autora.
“Ele resulta do desejo de compor um mundo melhor partindo de cada um de nós. Seria uma fábula moderna, trazendo reflexões profundas com extrema leveza. Fui escrevendo este livro durante anos, que viraram décadas nas minhas estadas em Trancoso”, destaca.
Surpresa com o volume de material escrito, durante esse tempo, Cristina iniciou a composição da obra durante a pandemia de Covid-19. “O livro é atemporal, mas cabe direitinho como alívio para esta fase caótica e violenta que ora atravessamos”, diz.
“É uma aventura com todos os ingredientes que tornam uma leitura saborosa, romance, descoberta de sentimentos de amor, ciúmes, inveja, questionamentos sobre a existência, humor e drama”, enumera.
A protagonista do livro é Serena, uma jovem tatuiana que, em férias em Trancoso, adora praticar corrida e conversar com a avó Maria enquanto joga pedras nos lagos.
“Os papos com a avó, que é uma enciclopédia humana, são recheados de pensamentos contemporâneos. As conversas se estendem pelas histórias vivenciais”, contextualiza.
De acordo com a autora, a relação de Maria com a neta “é rica em filosofia, poesia e aborda temas por vezes difíceis de se conversar com as crianças, como a morte, o respeito aos valores que nos tornam seres civilizados”.
“Os questionamentos feitos por Serena, no decorrer das páginas do livro, levam o leitor a amadurecer respostas. É uma obra sensível, de grandeza espiritual, que nos humaniza”, reforça Cristina.
A escritora conta que, durante o desenrolar do enredo, diversos personagens vão surgindo no cotidiano da vila praiana, como o sapo Gregório, o benzedor “Sêo” Chico do Rio, os meninos que mangueiam nas praias, a amiga Manu e os amigos índios.
“Vovó Maria é sábia, foi hippie e, dessa época, tem mil histórias para contar. Serena é quase uma mocinha descobrindo o mundo”, menciona.
Cristina realça também que os netos Lorena, Bella, Théo e Ravi foram responsáveis por ela levar à frente a obra, apoiando-a e participando de todas as etapas da escrita. A eles, a escritora dedica o livro.
“Ser avó é um estado riquíssimo que atingimos e é quando temos muito a dizer. A relação entre netos e avós é perfeita. Eu os vejo como mestres. Eu quero e invisto em um mundo mais evoluído, onde a matéria sirva ao nosso espírito e não o contrário. Somos seres espirituais vestidos por um corpo humano perecível. Creio nas novas gerações que estão brotando no mundo, com mais consciência”, sustenta.
Os prefácios são assinados pelo escritor Gouveia de Helias, também professor de oratória e membro efetivo do Mutirão Cultural da União Brasileira de Escritores, e pela psicóloga especialista em infância e adolescência Adriane Siqueira de Proença Singh. A arte da capa foi desenvolvida pelo artista trancosense Damião Vieira.
Cristina Siqueira
Escritora, poetisa, decoradora e educadora, Cristina possui um ateliê em Tatuí, cidade onde realizou o projeto “Livro de Rua” e o livro “Prisma”. Foi articulista do jornal O Progresso de Tatuí e trabalhou durante 17 anos na área de educação.
Dinamizou espaços culturais e ampliou o trabalho em viagens pelo Brasil e pelo exterior, com foco na poesia. Seu CD “Se Houvesse Amor à Vida Seria Carícia” foi lançado em várias cidades da Europa, sendo seu “cartão de visitas” em Coimbra, Lisboa, Barcelona, Paris e Florença.
É curadora de várias intervenções poéticas e artísticas, promovendo saraus, exposições e recebendo, em seu ateliê, escritores, poetas e artistas.
Autora de cinco livros, entre eles, “Papel”, “A Carne da Noz” e “Por Trás dos Muros”, e da performance teatral “Chama de Vida”, com o grupo Novas Tendências, Cristina é membro correspondente da Academia Sorocabana de Letras.
No ano de 2020, durante a pandemia, trabalhou organizando todos os seus originais, fotos e documentos. Gravou vídeos publicados nos canais do Youtube dela própria e no do Museu “Paulo Setúbal”.
Em 2021, com apoio da Lei Aldir Blanc, realizou o projeto “A Poesia é o Espelho da Alma”, uma série de quatro encontros virtuais e um sarau com a participação de poetas do Brasil e internacionais. No mesmo ano, desenvolveu os projetos “Escritos Atrás do Pensamento” e “Tatuianês”.
Atualmente, trabalha com o projeto “Era Tanta Ternura que Virou Doce”, premiado pelo segundo edital de Arte e Cultura de Tatuí.