Da reportagem
Na quinta-feira, 27, o vereador João Éder Alves Miguel protocolou o projeto de lei 082/2022, para a denominação de “Jornalista Renato Ferreira de Camargo” o Museu da Imagem e do Som (MIS) de Tatuí. Agora, o projeto de lei irá a votação na Câmara Municipal.
O MIS foi criado por meio da lei municipal 5.286 e sua sede será no antigo prédio do matadouro municipal, situado na avenida Domingos Bassi, esquina com a avenida João Batista Correia Campos. O museu foi criado pela lei municipal 5.286 de 05/09/2018, de autoria da então prefeita Maria José Gonzaga.
Para o jornalista, historiador, chefe de gabinete da prefeitura e filho do homenageado, Christian Pereira de Camargo, associar o nome do pai ao futuro museu do município “é um reconhecimento merecido ao seu trabalho enquanto historiador e memorialista”.
“O projeto do MIS de Tatuí vem sendo cuidado com muito carinho desde 2018. Será um equipamento de pesquisa da memória audiovisual importante. Ter um museu deste em nossa cidade era um sonho de meu pai”, lembrou.
“Ele foi único, juntou informações que puderam nos dar referências da história do município, de uma forma linear e cheia de detalhes. E fez mais: dividiu conosco o seu conhecimento e sua pesquisa nos livros que escreveu e na sua participação como colunista do jornal O Progresso de Tatuí, onde escrevia semanalmente”, acrescentou.
Em O Progresso, Ferreira de Camargo começou a publicar textos no tabloide Stopim, um encarte do periódico que circulou entre 1992 e 1994, e, na sequência, passou ao título principal, quando Ivan Camargo assumiu a editoria do jornal, em 1995.
Para Pereira de Camargo, é importante que o público conheça a história de alguns tatuianos que não aparecem em livros. “O museu tem essa vocação e vem para complementar essa necessidade, na forma de audiovisual. É um espaço de preservação da memória de Tatuí, e que as futuras gerações utilizem este espaço para pesquisa e conhecimento”, complementou.
“Agradecemos este reconhecimento ao vereador Alves Miguel, proponente da homenagem e da perpetuação de um legado que vai ajudar gerações a entender seu passado e vislumbrar um futuro de mais cuidado com os nossos valores culturais”, celebrou Pereira de Camargo.
O outro filho do homenageado, Renato Pereira de Camargo, secretário municipal do Governo e Negócios Jurídicos, parabenizou a iniciativa do projeto de lei.
“Fiquei muito feliz com a notícia. ‘Renatão’ – assim nós o chamávamos – era um apaixonado pela nossa história, pelas nossas origens e pelo povo tatuiano. Seu nome atrelado ao MIS fará com que a cultura da cidade seja eternizada e preservada”, comemorou.
Alves Miguel afirmou que Ferreira de Camargo se tornou uma referência em história para ele e para os munícipes. “É uma alegria denominar o MIS, esta ferramenta que será tão importante para a nossa cultura”, descreveu.
“Sou apaixonado por história, e venho estudando cada vez mais a de Tatuí. O legado que o senhor Camargo nos deixou não tem preço. Quem valoriza a sua história, tem a oportunidade de fazer um futuro com mais condições de atender os objetivos da sociedade”, enfatizou o vereador.
O professor e presidente da Academia Sorocabana de Letras, Geraldo Bonadio, também se pronunciou e parabenizou o vereador Alves Miguel pela iniciativa.
“Tem o presente a finalidade de aplaudir vossa excelência por sua iniciativa, em vias de formalização, de propor ao Legislativo dessa cidade que se dê, ao MIS, o nome do eminente e saudoso tatuiense Renato Ferreira de Camargo”, escreveu ele.
“Escritor, jornalista e jurista, o homenageando, que honrou esta academia com a participação em seus quadros, na condição de sócio correspondente nessa cidade, é merecidamente conhecido, em nossa região, pelo valiosíssimo trabalho, financiado por recursos por ele próprio levantados, na pesquisa e edição de importantíssimas obras sobre a história de Tatuí e das cidades situadas em seu entorno; reedição, anotada, de publicações que há muito se achavam fora das livrarias além de levantamento e ordenação de documentos textuais e fotográficos sobre diferentes momentos da Capital da Música”.
“Parece, pois, a esta academia, que tem como escopo a cultura da língua e a promoção das artes e das ciências humanas, que tenha sua memória perpetuada como patrono de uma instituição tão relevante como o MIS de Tatuí”, conclui Bonadio.
O homenageado
Renato Ferreira de Camargo nasceu em Tatuí, no dia 29 de novembro de 1938. Era filho do ferroviário Francisco Rozendo de Camargo e da confeiteira Georgina Ferreira de Camargo e irmão de Roberto, Ruth e Rachel.
Viúvo, foi casado com a professora Eunice Pereira de Camargo, que faleceu em 17 de junho de 2004. Foi pai de Christian Pereira de Camargo e Renato Pereira de Camargo e avô de João Renato Alleoni de Camargo e Leonardo José Amaro de Camargo.
Fez o curso primário no Grupo Escolar “João Florêncio”, entre 1947 e 1950. Já o curso secundário foi feito no Instituto de Educação “Barão de Suruí”, de 1953 a 1957. Em 1973, fez o curso Madureza (2º grau).
Foi investigador de polícia até 1991, quando se aposentou do quadro da Secretaria de Segurança Pública do estado de São Paulo. Concluiu a carreira profissional como investigador-chefe da Divisão de Sindicâncias da Corregedoria de Polícia Civil.
Foi bacharel em ciências jurídicas e sociais pela Fundação Karnig Bazarian (FKB), de Itapetininga, de 1977 a 1980, onde foi o presidente da comissão de formandos.
Também foi bacharel em comunicação, com habilitação em jornalismo, pela Uniso (Universidade de Sorocaba), entre 1998 e 2001. Foi membro da Associação Sorocabana de Letras (1997), admitido como sócio correspondente.
Memorialista e pesquisador da história de Tatuí, reuniu grande acervo e participou como colaborador em várias situações de pesquisas para a preservação da memória local. Foi sócio fundador do Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Itapetininga, tendo como patrono de sua cadeira Venâncio Ayres.
Ferreira de Camargo teve pesquisas publicadas no livro “Perseverança III e Sorocaba”, de autoria de José Aleixo Irmão, Volumes IV e V.
Foi membro da Comissão Paulista de Folclore, órgão do IBECC (Instituto Brasileiro de Educação, Ciência e Cultura) da Unesco – Núcleo Caipira de Estudos de Sorocaba e Região. Foi colunista do jornal O Progresso de Tatuí.
Foi autor de várias obras: “Memórias de Tatuí” (1997), “Achegas para a História Tatuiense” (1999) e “Almanach Tatuhyense de 1900” (reedição), “Tatuí: Antiga Tatuhy – Coletânea de Fotos”, “História dos Crentes Primitivos da Congregação Cristã no Brasil”, “Ilustres Cidadãos” (2006), “Tatuí Capital da Música” (2006) e “Cronologia Tatuhyense – Volume 1” (2008) – estes três realizados junto com o filho Christian.
Produziu o CD “Alma Cabocla”, com poemas de Paulo Setúbal na voz do professor Paulo Ribeiro. Foi membro da loja Maçônica Caridade III, onde ingressou em 1976, sendo o presidente/venerável mestre na gestão 1983-1985.
Também foi membro fundador da loja Maçônica União Fraterna de Tatuí, em 1996, e membro honorário da loja Maçônica Firmeza, de Itapetininga.
O homenageado foi portador do Mérito “Gonçalves Ledo”, a mais alta condecoração da maçonaria paulista, pelos serviços prestados ao Grande Oriente Paulista. Foi Grande Inspetor Geral do Grau 33. Recebeu da Câmara Municipal de Tatuí o título de “cidadão emérito”, em 1998.
Foi chefe escoteiro do Grupo Tupancy, de Tatuí, e membro das entidades filantrópicas tatuianas Conselho Social da Comunidade (Cosc), Lar Donato Flores e Santa Casa de Misericórdia de Tatuí. Foi associado do Rotary Club Cidade Ternura.