Da reportagem
Cláudio dos Santos, popularmente conhecido como Claudião Oklahoma (PSL), não é mais vereador em Tatuí. Na manhã desta terça-feira, 12, por volta das 8h, o mandato dele foi cassado após denúncias de racismo e misoginia.
Em sessão de julgamento, realizada no plenário da Câmara Municipal, iniciada na noite anterior, por volta das 21h, os edis seguiram o entendimento da comissão criada para investigar as denúncias e optaram pela cassação por quebra de decoro parlamentar.
A única das dez denúncias protocoladas, no início de abril, que teve prosseguimento foi a apresentada pelo Núcleo Feminista Rosas da Revolução, juntamente com o Coletivo Alvorada Antirracista, representados por Regiane Heloísa de Lima.
A base das denúncias são mensagens discriminatórias supostamente enviadas pelo parlamentar, por meio de aplicativo de conversa, dentro do denominado “Grupo do Jaum”, contra uma mulher negra. Além de ofendida, a vítima teria sido procurada e ameaçada pessoalmente pelo edil no local de trabalho dela.
Conforme as representações, os atos, mais que configurar crime, também constituem uma “quebra de decoro gravíssima, totalmente incompatível com o exercício do cargo”. Os responsáveis pelas denúncias ainda solicitavam que, após a conclusão do processo, o mandato de Oklahoma fosse cassado.
Durante a sessão, o plenário da Casa de Leis teve lotação máxima, além de inúmeras pessoas não foram autorizadas a entrar e permaneceram manifestando-se contra Oklahoma, do lado de fora. Dezenas delas, ainda continuaram, por mais de 11 horas, até o encerramento da votação.
Advogado de Oklahoma, Bruno Giovani Santos, solicitou que as cerca de 440 páginas do relatório entregue pela comissão, pelo presidente Alves Miguel, pela relatora Cíntia Yamamoto Soares (PSDB) e pelo membro João Alves de Lima Filho (Cidadania), fossem lidas na íntegra, o que durou quase dez horas.
Na sequência, cada vereador tinha até 15 minutos para falar em tribuna, mas somente José Eduardo de Morais Perbelini (Republicanos) manifestou-se. Antes da votação, Giovani Santos e Oklahoma tinha até duas horas para defesa, dos quais utilizaram pouco mais da metade do tempo.
Dentre diversas argumentações, o advogado apontou que o processo não foi realizado tecnicamente da forma correta e garantiu que Oklahoma não era o autor das mensagens, as quais já estariam no grupo e ele teria somente as encaminhado.
Com exceção de Oklahoma – por ser o investigado – e de Eduardo Dade Sallum (PT) – por ter auxiliado a coletar provas à denúncias – que não puderam votar, todos os vereadores foram à favor da cassação. Sallum, inclusive, foi substituído na votação por Dione Batista, primeiro-suplente do mesmo partido.
Com a cassação do mandato de Oklahoma, a cadeira dele será ocupada pelo primeiro-suplente Levi Pinto Soares (PSL), popularmente conhecido como Levi do PAT (Posto de Atendimento ao Trabalhador), em breve. Nas eleições municipais de 2020, Soares recebeu 455 votos.