Entre os incontáveis estragos e tragédias causados pela pandemia de Covid-19 – cuja mais grave, de maneira incomparável, é a morte precipitada de mais de 660 mil pessoas só no Brasil -, também se encontram as perdas vivenciadas pelo setor do turismo.
Junto às áreas de eventos e das artes – intrinsecamente relacionadas –, o turismo praticamente esteve interrompido por completo em alguns momentos, causando prejuízos extraordinários e inéditos na história recente do país.
Obviamente, o volume das perdas mostrou-se mais dramático na mesma medida em que as localidades mais dependem do turismo em suas economias. Nem por isto, contudo, Tatuí passou incólume. A paralisação da Feira do Doce por dois anos seguidos o comprova.
O evento chegou a ultrapassar 90 mil pessoas nas edições recentes, gerando inúmeros postos de trabalho, renda direta aos expositores e um movimento no município cujos frutos extrapolam o setor de doces.
Por isso, é motivo de verdadeira satisfação a retomada da feira, sobretudo porque ela passa a ser cada vez mais fundamental para a manutenção de Tatuí como Município de Interesse Turístico (MIT), senão como oportunidade para a elevação a estância.
Também não seria alheio ao sucesso do evento que a cidade acabou de receber a notícia de ter passado a integrar o Mapa do Turismo Brasileiro. O Ministério do Turismo (MTur) divulgou na semana passada o novo ranqueamento entre as cidades de destaque da Microrregião Turística “Raízes do Interior Paulista”.
O aparato do governo federal reúne municípios que adotam o turismo como estratégia de desenvolvimento e os classifica por vocação turística e impacto no setor de viagem.
Pelo novo mapa, as cidades brasileiras são classificadas em categorias de “A” a “E”. Tatuí foi incluída na “C”, junto com Boituva – sendo estas as duas melhores cidades classificadas na “Raízes do Interior Paulista”.
A microrregião é formada por outros oito municípios: Cerquilho, Laranjal Paulista e Porangaba, na categoria “D”; e Torre de Pedra, na categoria “E”. Os demais (Cesário Lange, Quadra, Pereiras e Jumirim) não entraram no mapa.
Conforme divulgado pelo MTur, a categorização leva em conta o desempenho da economia no turismo a partir de algumas variáveis, como a quantidade de estabelecimentos de hospedagens e empregos, estimativa de visitantes domésticos e internacionais e a arrecadação de impostos federais nos meios de hospedagens.
De acordo com os dados disponibilizados pelo MTur, Tatuí somou, no ano passado, 73.269 turistas domésticos, 1.798 internacionais, 8 estabelecimentos de hospedagem e arrecadação de mais de R$ 1,5 milhão.
O secretário do Esporte, Cultura, Turismo e Lazer, Cassiano Sinisgalli, avalia a classificação na categoria “C” como “excelente para o município e para a microrregião turística”.
Segundo ele, as categorias superiores, “A” e “B”, são compostas, geralmente, por grandes metrópoles, em virtude dos critérios exigidos por ambas, como a necessidade de uma média de 167 mil turistas, no mínimo.
“Estar na categoria ‘C’, principalmente após uma pandemia, com dois anos de isolamento social, é uma grande conquista. Agora, com a melhoria da situação epidemiológica, estamos retornando com as atividades voltadas ao turismo, e vamos buscar a elevação para a categoria ‘B’ no próximo mapa”, afirmou o secretário.
O intuito da elaboração do mapa, que é realizado a cada dois anos, de acordo com o governo federal, é “auxiliar os gestores municipais a identificarem o desempenho da economia do turismo nas cidades, para que políticas assertivas em prol ao desenvolvimento do setor sejam criadas, sendo assim uma forma de estimular as ações turísticas nos municípios para promover maior diversidade de atividades e a competitividade turística”.
Ao todo, são 2.578 cidades distribuídas em 329 regiões turísticas incluídas na edição de 2022. Nela, há 55 municípios na categoria “A”, que representa as capitais e cidades com maior fluxo turístico, maior número de estabelecimentos, empregos e arrecadação de impostos federais no setor. Outros 211 estão na categoria “B”, 419 na “C”, 1.463 na “D” e 394 na “E”.
Para integrar o mapa, as cidades precisam atender aos critérios estabelecidos na portaria 41/2021. Entre eles, possuir um órgão responsável pelo setor turístico e orçamento definido para investimentos. Também é necessário que as empresas e trabalhadores estejam registrados no Cadastro de Prestadores de Serviços Turísticos (Cadastur).
Além disso, o município tem de comprovar a existência de um Conselho Municipal de Turismo ativo e ter assinado termo de compromisso com o Programa de Regionalização do Turismo (PRT).
Por fim, devem comprovar a existência de uma instância de governança regional no turismo, que pode ser conselho, associação, fórum ou comitê.
Segundo Sinisgalli, para conquistar a elevação de categoria no mapa de 2024, o município está investindo na divulgação do Cadastur, visando aumentar o número de cadastros dos prestadores de serviços turísticos.
“Muito desta classificação esta ligado ao número de empresas que geram emprego no setor, e Tatuí ainda tem muitos estabelecimentos que não estão cadastrados. Já estamos desenvolvendo a divulgação do cadastro e pretendemos trabalhar ainda mais nesta questão para aumentarmos a pontuação do município e conquistarmos a categoria ‘B’’, acentuou o secretário.
O objetivo de se intensificar a formalização dos empreendimentos ligados ao turismo na cidade, por si só, já indica significativo avanço no setor local. Isto porque – todos podem se lembrar -, não faz muito tempo que o esforço era para se convencer os próprios tatuianos acerca da existência de potencial turístico na Capital da Música.
Agora, contudo, já se prioriza divulgar ainda mais esse patrimônio, além do cadastramento de todos os produtos e serviços relacionados ao turismo – mostra evidente de mudança muito positiva de “pensamento”.
De sua parte, o jornal O Progresso de Tatuí, que participou ativamente do movimento de reconhecimento da cidade como MIT, segue com sua maior contribuição ao turismo local, já agendando o lançamento da quinta edição do Guia Turístico e Gastronômico Tatuí Cidade Ternura”.