Entre o Bem e o Mal!

RAUL VALLERINE

O que somos hoje e o que seremos amanhã depende de nossos pensamentos. Se procedo mal, sofro as consequências; se procedo bem, eu mesmo me purifico.

Buda

Outro dia alguém perguntou: Quem criou o bem e o mal? Deus nos fez à sua imagem e semelhança. No entanto deu-nos o livre arbítrio, onde as escolhas e os caminhos somos nós que fazemos.

Portanto, nós seres humanos, escolhemos entre o bem e o mal, o certo e o errado. Mas o que é o bem e o mal? Ainda insistiriam. E eu responderia: o bem é tudo que nos eleva a alma como: respeitar o limite dos outros e da vida; é não querer para os outros o que não quer para si. É respeitar o planeta como sua casa, sua morada.

A forma mais eficaz de lutar contra aquilo que enxergamos de ruim no mundo é fazendo escolhas conscientes que promovam o bem.

O bem e o mal são formas que a consciência pode escolher assumir em um determinado momento. Diferentes níveis de consciência resultam em diferentes definições de bem e de mal.

Assim, podemos interpretar que o mal depende do nível de consciência de cada pessoa. O que define quem vai agir de forma boa ou má são justamente as escolhas que esse indivíduo faz.

Mas é importante saber e aceitar que, ainda que você tenha crescido sob forças externas que moldaram suas escolhas na direção do bem, o potencial para o mal também vive em você, em algum lugar. Ainda que como uma sombra, algo que você finge que não existe, reprime ou varre para debaixo do tapete.

O desafio para quem trilha um caminho de espiritualidade e para qualquer pessoa é aplicar compaixão e amor nas situações difíceis, de violência. Normalmente, elas fazem o amor se contrair, se transformando em medo e ódio.

Diante do mal, nos sentimos impotentes, porque não podemos resolver esse problema em grande escala. Essa sensação de impotência gera em muitos o sentimento de que o bem não vai vencer. Mas, para lutar contra o mal, precisamos olhar para ele com interesse, e não horror.

Quando o mal começa a acontecer em massa, como temos visto em tantos conflitos no mundo, pessoas cujas escolhas costumavam em geral pender para o bem agora começam a participar dos elementos do mal.

Quando a sociedade começa a acreditar que todos os problemas estão sendo causados por “eles” contra nós, os “intrusos”, aí, sim, o mal começa a se propagar ainda mais depressa.

Porque, mesmo na ponta em que deveriam estar as pessoas mais “conscientes” e, portanto, mais inclinadas a tomar decisões na direção do bem, começam a se multiplicar as forças e circunstâncias que moldam as decisões que pendem para o mal.

O resultado é que nossa capacidade de escolher com mais consciência fica prejudicada. Enquanto acreditarmos nos elementos do mal, manteremos ativa a nossa participação nele.

Precisamos viver em sociedade e temos dificuldades em lidar com tudo que é exterior a nós, tudo é limitado em nós, nossa força, fraqueza, felicidade, tristeza.

De modo que a noção de bem ou mal reflete justamente isso que há em nós: a bravura e a fraqueza, cuja intensidade varia conforme nosso estado de espírito, se estamos em paz ou em guerra, se a tranquilidade habita em nós ou o sentimento da raiva, do ódio, da amargura e impotência nos domina e consome a ponto de nos fazer se sentir num verdadeiro inferno, a ponto de nos transformar em pessoas doentes, amedrontadas, com medo do mundo, de todos e também de nós mesmos.

Em resumo, o bem e o mal habita em nós, cuja intensidade varia conforme nosso estado de espírito, cultura, educação, amizades, traumas, bem como ora com nossa facilidade, ora com nossa dificuldade em lidar com tais sentimentos, sensações e experiências.