Seguindo com o acompanhamento efetivado desde o início da pandemia, por meio de estatísticas divulgadas em gráficos duas vezes por semana, o jornal O Progresso de Tatuí apontou, nesta quarta-feira, 9, a diminuição de pouco mais de 70% nas confirmações de contaminação por Covid-19 nos então quatro dias recentes.
Em números exatos, entre o sábado da semana passada, 5, e terça-feira, 8, houve 18 casos positivos; no mesmo período da semana anterior, haviam sido 63. Os óbitos também seguiram em queda, com uma fatalidade.
Embora a se considerar quatro dias na semana, com um óbito, é possível constatar o avanço no combate à doença bastando apenas relembrar os números da semana mais trágica, ocorrida entre 3 e 9 de abril de 2021, quando ocorreram 547 casos e 34 tatuianos perderam a vida para a Covid-19.
Já neste ano, com o refluxo causado pela variante ômicron, houve 11 falecimentos pela doença entre 29 de janeiro e 4 de fevereiro em Tatuí. O balanço semanal representou, então, a maior média de vítimas fatais, em sete dias, dos sete meses anteriores.
Contudo, como antevisto pelas autoridades sérias da área de saúde – em observação aos locais do planeta onde primeiro surgiu essa nova variante -, as contaminações diminuíram em ritmo mais acelerado, tal como começaram a se disseminar na virada do ano.
Com muita atenção sobre isso – mais uma vez –, é preciso tocar no assunto “vacinação”. Isto porque, ainda, muitos acreditam que a situação epidemiológica melhorou porque a nova cepa do vírus é “mais fraca”.
Pode até ser, mas a verdade é que a pandemia arrefeceu graças à “vacinação”! Daí a importância de todos entenderem que a “liberdade” (não total, mas em muito) reconquistada agora, com a reabertura de praticamente tudo e até a dispensa de máscaras em lugares públicos, depende da vacinação para ser mantida.
Caso contrário – ou seja, se muitos acharem que a pandemia já passou e, portanto, não precisam se vacinar por completo, com todas as doses necessárias -, nada garante que uma nova cepa, mais agressiva e contagiosa, não possa aparecer e colocar tudo a perder novamente.
De qualquer maneira, até para acentuar ainda mais a condição inegociável da vacinação em favor da vida, O Progresso de Tatuí pediu à Secretaria Municipal de Saúde um estudo sobre os mais recentes óbitos ocorridos na cidade, particularmente no que diz respeito à vacinação – ou não – das vítimas acometidas pela Covid-19.
O balanço teve publicação no final de semana passado e demonstrou que, desde o início de 2022, a maioria das vítimas fatais em Tatuí tem sido composta por idosos e portadores de comorbidades.
Segundo o órgão, em alguns obituários ainda constam doenças de base. Contudo, em Tatuí, na atual fase da pandemia, a maioria das pessoas que faleceu por complicações da Covid-19 havia recebido duas doses da vacina contra a doença.
O levantamento, com dados de 1º de janeiro a 18 de fevereiro, demonstra que, das 25 mortes ocorridas no período, três corresponderam a pessoas não imunizadas – o equivalente a 12%.
Conforme o relatório, um dos pacientes tinha recebido apenas uma dose do imunizante contra a doença (4%) e os outros 84%, 21 pacientes, haviam se submetido a pelo menos duas doses.
Apesar de a maioria das mortes por Covid-19 envolver pacientes já vacinados, a secretária da Saúde, Olga Daniela Kramek, reafirmou que a vacina é eficaz e produz efeitos positivos contra a doença. Ela aponta o avanço da vacinação como responsável pela redução no número de mortes e internações.
No período de 1º de janeiro a 18 de fevereiro de 2021, a Vigilância Epidemiológica recebeu 31 notificações de mortes por Covid-19, contra 25 no mesmo período deste ano – queda de 19,35%.
O relatório da Secretaria de Saúde ainda mostra que, no primeiro mês do ano, houve redução de 16,34% em relação às internações pela doença em comparação a janeiro do ano passado.
A queda é mais expressiva nos casos de internações em unidades de terapia intensiva. No primeiro mês do ano passado, a UTI da Santa Casa de Tatuí atendeu 22 pacientes com a doença; já em 2022, o número caiu 63,63%, passando para oito.
Na ala de clínica médica, as internações baixaram 3,65%, passando de 82 casos, em janeiro de 2021, para 79, no primeiro mês deste ano.
Olga destacou que a vacinação, “sem dúvida, é o caminho para a prevenção da doença”, mas ponderou que a população não pode se esquecer de manter os protocolos de saúde, como evitar aglomerações e seguir as orientações sanitárias.
Por sua vez, as secretarias de saúde de estados como Amazonas, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo divulgaram que a maioria das mortes por Covid-19 ocorridas em janeiro deste ano envolve pacientes que não tomaram vacina.
No caso do Amazonas, por exemplo, 3.556 mortes por Covid-19 foram registradas no início de 2021. Neste ano, foram 152, das quais 62,5% eram de não vacinados.
No Rio Grande do Sul, a diferença é ainda maior: 70% das mortes ocorreram em pessoas não vacinadas ou com alguma dose em atraso. No caso das hospitalizações, esse público ocupa 68%.
A Secretaria de Saúde de Santa Catarina informou que o número de mortes de idosos não vacinados foi 47 vezes maior que o número de idosos que tomaram a dose de reforço. No caso do público adulto, a taxa de mortes de não vacinados foi 39 vezes maior.
No Paraná, os números mostram que vacinados têm chance 22 vezes menor de morrer pela doença. O risco de mortes entre as pessoas de 12 a 59 anos que não tomaram nenhuma vacina é de 6,59 por 100 mil habitantes.
Em São Paulo, um estudo feito pelo hospital “Emilio Ribas” indicou que 82% dos mortos por Covid-19 não tinham tomado todas as vacinas. Já a secretaria do Rio de Janeiro apontou que as pessoas não vacinadas ou que receberam apenas uma dose têm 73% mais risco de hospitalização.
No que diz respeito a internação em UTI no estado de Minas Gerais, não vacinados apresentam taxa de 8,2 por 100 mil habitantes, enquanto os vacinados com duas doses têm índice de 0,6 por 100 mil habitantes.
Por fim, Espírito Santo divulgou que a taxa de mortalidade em janeiro de 2022 é de 130 por 100 mil para não vacinados. No caso de quem tem o esquema vacinal completo, é de 2,4 para 100 mil.
Concluindo, em que pese o fato de Tatuí estar em parte descolada do registro maior de óbitos quanto aos não vacinados, há aspectos explícitos, os quais devem ser entendidos como “sagrados”.
Primeiro: com uma “ampla” vacinação, mesmo os poucos não vacinados acabam se beneficiando – o que não é justo em certa parte, mas não deixa de ser realidade (caso de Tatuí, certamente);
Segundo: as vítimas prioritárias, como no começo da pandemia, voltaram a ser os mais idosos e com outras doenças (aumentando a responsabilidade dos demais, daqueles que não querem matar ninguém, ainda que inadvertidamente); e
Terceiro: a pandemia, infelizmente, ainda não acabou, mas pode ter fim, desde que, antes, elimine-se de vez o negacionismo e a inconsequência (pelo verdadeiro “bem” dos brasileiros como um todo).