Stella Azulay *
Segundo um estudo elaborado pela Universidade de Minnesota e publicado na revista Developmental Psychology, o comportamento superprotetor pode ser nocivo para os filhos, tornando-os menos capazes de lidar com suas emoções e enfrentar os desafios exigidos ao longo de seu desenvolvimento.
A proteção é natural e necessária, sendo até instintiva quando se trata da prole. Mas superproteger é anular a autonomia do seu filho. É querer colocá-lo numa bolha, privando de conhecer o mundo real, de passar por frustrações, de ter poder de escolhas e decisões.
É na fase pré-escolar (dois a seis anos) que a criança começa a explorar mais o mundo, e sente curiosidade em descobrir coisas novas, o que faz com que ela possa assumir riscos. Esses riscos devem ser supervisionados, mas permitidos, desde que não envolvam situação de risco real.
Isso é importante para que a criança tenha iniciativa e independência. Se cada vez que ela ouvir “deixa que eu faço”, “você não vai conseguir fazer sozinho”, “você é pequeno demais”; sua capacidade de evoluir e de ter interesse por novas descobertas será totalmente inibida.
Com o tempo, isso pode levar a criança a ser mais tímida, mais medrosa e achar que as coisas só darão certo se a mãe ou o pai estiver por perto.
Muitas vezes, os próprios pais não percebem essa dependência que eles mesmos criaram. A criança também não tem a percepção de que está muito dependente. Pelo contrário. Ela não tem desafios e obstáculos, o que torna sua vida uma zona de conforto.
Essa é a hora de fazer uma reflexão: será que o excesso de proteção não está prejudicando o amadurecimento e a independência da criança?
Sim, está, e esta forma de educar trará consequências frustrantes em sua vida adulta, tanto na questão pessoal como profissional. Obviamente, os primeiros passos para cortar essa dependência exacerbada devem ser dados pelos adultos.
Permita que seu filho cresça emocionalmente.
Conforme a criança cresce e desenvolve novas habilidades, a sua interação com o ambiente possibilita que ela adquira maior autonomia em relação aos pais, aprimorando gradativamente suas competências e proporcionando confiança em si mesma. Daí a importância de validar e motivar essa confiança.
Vale lembrar que ser bons pais não significa prover todas as necessidades dos filhos, mas dar a eles a oportunidade de construir e conquistar seus objetivos.
É normal ter medo, mas é preciso permitir que seu filho passe por situações de impotência, de tristeza e por momentos que requerem resiliência e determinação.
Também que ele arque com as consequências de seus comportamentos, pois somente dessa forma é que se desenvolve o que chamamos de repertório de enfrentamento, o que leva à construção da autoconfiança e da autoestima.
* Fundadora e diretora da Escola de Pais XD, educadora parental pela Positive Discipline Association, especialista em análise de perfil e neurociência comportamental e mentora de pais.