Da redação
O Grupo Experimental 3º Sinal divulgou, nesta semana, as novas datas da 1ª Mosteque (Mostra de Teatro Quebre a Perna). Programada para março, a mostra deve acontecer em maio. A mudança precisou ser feita em função da pandemia e da alteração no Plano São Paulo, que estabeleceu a fase emergencial para o estado.
Ao todo, dez espetáculos selecionados tiveram as datas remanejadas, com previsão de apresentação no CEU (Centro de Artes e Esportes Unificados) “Fotógrafo Victor Hugo da Costa Pires”, equipamento da Secretaria Municipal de Esporte, Cultura, Turismo, Lazer e Juventude, com sede na vila Santa Rosa.
O projeto cultural recebeu recursos da lei federal 14.017/20, a Lei Aldir Blanc, por meio de decreto municipal 20.657. Em dezembro do ano passado, com a contemplação, o 3º Sinal abriu processo seletivo para escolha das peças teatrais. No total, houve a inscrição de dez espetáculos, sendo oito selecionados para a mostra competitiva e dois classificados como convidados.
Pela nova previsão do grupo, a Mosteque será iniciada no dia 23 de maio, um domingo, com abertura a cargo da Trupe Garagem & Cia. de Teatro, de Tatuí. A peça de estreia chama-se “A Volta da Cantora Careca, porém muda” e tem direção de Paula Fernanda.
De acordo com a sinopse, a obra procura ilustrar o absurdo da existência humana de forma cômica, assim como o distanciamento e a frieza na comunicação entre as pessoas, observados no diálogo sem sentido entre as personagens. O enredo se desenrola na capital paulista (São Paulo) e mostra o cotidiano de dois casais, os Silva e os Martins, e da empregada deles, Maria. Ele se desenvolve “entre conversas banais e com pouco sentido até palavras desarticuladas que se limitam a sons e um crescente clima de violência”.
No dia 24, uma segunda-feira, será a vez do Grupo Arteemquê, de Tatuí, subir ao palco com a peça “Dois Palhaços Numa Praça Suja”. A obra conta a história de Totonho (Gabriel Tonin) e de Pacocó (Iuri Proença). Totonho precisa ganhar um dinheirinho para comprar um tênis novo e melhorar de vida e aceita a ideia de Pacocó para ambos virarem palhaços de rua. “Os dois discutem e procuram um caminho para ganhar um dinheirinho dignamente e humildemente na humildade úmida da vida”. A direção é coletiva.
No dia 25, estão programados dois espetáculos. O primeiro ficará a cargo da Cia. Ímpares, de Tatuí, com o espetáculo “Mac(H)os”, que trata da crise da representação masculina. Mac(H)os é um espetáculo construído através de pesquisa sociocultural e de ações investigativas e performáticas realizadas com homens de várias faixas etárias, com interpretação e direção de André Kaires.
A segunda peça será apresentada pela Cia. Teatral Sofá Laranja, de São Gonçalo, no Rio de Janeiro. O grupo encenará “A História de Osteobaldo e Bartolomeu”, com direção de Jhenifer Lima e Gabriel Pompeu, contando a história de um cachorro e de um gato que foram abandonados por seus antigos tutores.
Na rua, os animais encontram José, que mesmo em situação difícil, oferece abrigo. Conforme a organização, a peça “promete trazer muita música, cores e dinamismo”, além de procurar despertar “uma conscientização sobre os problemas que vêm acontecendo no mundo relacionados aos maus-tratos dos animais”. A obra discute, ainda, temas como a poluição e preservação ambiental.
Dia 26, uma quarta-feira, a mostra recebe o Grupo de Teatro Fântaso, de Indaiatuba, São Paulo, com o drama “Stefany”. A história envolve a chegada da noite, que é “quando os corpos perambulam pelos becos e esquinas escuras e sujas atrás de dinheiro pago pelo prazer ou pela obrigação”.
O espetáculo tem direção de Tiago Marcon e Márcio Guimarães e discute a prostituição sob diversos pontos de vista, como “a vergonha que cobre o rosto de alguns” e a venda do corpo “pela sobrevivência”. “A escola é a rua, onde se aprende com a dor, com o medo. Gordos, magros, sujos, velhos… Maconha, cocaína, crack, é o vício que sustenta o corpo ereto. Corpos diferentes perambulam pelas ruas, diferentes cores e formas”, conta na sinopse.
No dia 27 de maio será a vez do Grupo Tapanaraca Mutatis Mutandis, de Itapetininga, com “A Farsa da Compadecida Vestida de Sol”. O espetáculo tem direção de Fabio Jurera e é uma tragicomédia baseada nas obras de Ariano Suassuna.
A história traz a preguiça de Joaquim Simão, o drama vivido entre Rosa e Francisco e as desventuras de Chicó e João Grilo, sendo descrita como “uma experiência única que aborda a realidade e sofrimento nordestino, levando quem está assistindo do choro ao riso em um momento de expurgo sentimental”.
Dia 28 de maio, as apresentações começam com o Circo Nenúrio, de Iracemápolis, São Paulo, com “Biruta, Nua e Crua”. Calini Detoni assina o texto, a produção e interpreta a Palhaça Biruta que tem ao lado a Banda Abandonada.
Biruta é uma palhaça que tem a vaidade desconstruída. Não quer tocar apenas os olhos, mas o coração. Ela se rega do riso e das eternas possibilidades que vêm com cada momento, “transmutando o medo em coragem e a fragilidade em potência”. O espetáculo traz repertório musical circense, com intuito de expandir e encarar os desafios do mundo através de um viés feminino.
No mesmo dia, a Cia. Bambolina, de Paraguaçu Paulista, São Paulo, sobe ao palco com “O Pretendente”, sob a direção de Danilo Salomão. A peça acontece em meados da década de 40, tendo início em “um novo dia na casa escura e silenciosa de Iracema” e com a informação de uma notícia importantíssima.
A boa nova espalhada pela fiel escudeira, Caetana, às jovens sobrinhas é que há um pretendente. Iracema quer casar uma das meninas a qualquer custo. O mistério do espetáculo está em saber quem será a escolhida nessa comédia ácida e cheia de reviravoltas sobre mulheres fortes à frente do seu tempo.
Dia 29 de maio, a mostra conta com apresentação da peça “Invadindo a Roça da Dona Veióca na Quarentena”, do Grupo Saindo do Conto, de Porto Feliz. Tudo começa quando Pedro Malasartes, com seu compadre, Seu Nerso, vão até o sítio da Dona Veióca para roubar algumas verduras e frutas. Os dois são flagrados por Maria Flor que os estava vigiando, e acaba entrando nessa grande aventura.
Ao invadirem a Roça, Pedro e Seu Nerso percebem que Dona Veióca voltou de viagem da fazenda da filha, em Piraporinha. A história se desenvolve com Seu Nerso esquecendo a máscara no pé de mexerica, e Dona Veiocá encontrando os dois e ficando furiosa por descobrir que estão roubando a roça. Pedro, Maria Flor e Seu Nerso arranjam uma forma de escapar da situação. A peça tem direção conjunta de Matheus Provazi e Tati Santos.
O encerramento da mostra fica a cargo do 3° Sinal, com “Lisbela e o Prisioneiro”. A peça é sobre a jovem Lisbela, que adora ir ao teatro e vive sonhando com o casamento e lua de mel com Douglas, um pretendente que passou muitos anos no Rio de Janeiro e é cheio da grana e enche a bola do Tenente Guedes, pai de Lisbela.
Leléu é um malandro conquistador, que em meio a uma de suas muitas aventuras conhece a encantadora Inaura. Ela fica apaixonada pelo galã e se enrosca num triângulo amoroso com o matador Frederico Evandro, descontente com o chifre que tomou e que decide ir atrás do larápio bulinador de esposa.
Viajante sem rumo, Leléu chega à cidade de Lisbela por quem se apaixona logo depois de conhecer. “Em meio às dúvidas e aos problemas familiares que a nova paixão desperta, o espetáculo traz a perspectiva de ir e fazer aquilo que seu coração manda, independente do que seja proposto para ser seguido”.
A peça é estrelada por Beatriz Félix (Lisbela), Leonardo Pinheiro (Leléu), Maria Xavier (Inaura) e Mekcsor Parker (Frederico Evandro). Conta ainda com Vitória Felix, Heloisa Assunção, Pollyana Brizola, Cat Camargo, Eva Nobre, Paloma Gomes, Maikon Douglas e Carolina Miranda. A direção é de Cesar Santos.
De acordo com o diretor, o grupo anfitrião da mostra vem estudando o texto desde setembro de 2020, com aulas on-line e presenciais, seguindo protocolos rígidos por conta da pandemia. A nova montagem será apresentada após um ano da estreia de outro texto: “A Ver Estrelas”, “o primeiro espetáculo do grupo que em 2020 estava cotado para se apresentar em outras dez cidades do interior paulista e RMS (Região Metropolitana de São Paulo”.
A 1ª Mosteque teve corpo de júri formado por Adriana Afonso (atriz, palhaça, contadora de história do Grupo Asas de Tatuí, diretora, iluminadora e professora de artes cênicas do Conservatório de Tatuí), e Rose Tureck (atriz, diretora e uma das fundadoras da Companhia de Teatro “Atores em Conserva” e do “Grupo Joanas de Tatuí”).
Coordenado por Cesar Santos, a 1ª Mostra de Teatro “Quebre a Perna” tem por base difundir e compartilhar conhecimentos e formas diferentes de fazer teatro. A proposta é permitir que os grupos teatrais possam se conhecer, conhecer os trabalhos e trocar experiências sobre formação, processo de criação e resistência dos grupos de teatro no interior de São Paulo, além de divulgar a cidade de Tatuí como MIT (Município de Interesse Turístico).
Segundo o coordenador, o nome da mostra é uma homenagem aos artistas de teatro que usam a expressão para desejar boa sorte antes das apresentações.
Para a realização desse projeto, o grupo tatuiano conta com o apoio da Outlet dos Óculos de Tatuí; Trupe Garagem & Cia de Teatro; CEU das Artes de Tatuí; Secretaria de Esporte, Cultura, Lazer e Juventude de Tatuí; Prefeitura; Secretaria Especial da Cultura; Ministério do Turismo; e governo federal.