“Você nunca sabe que resultados virão da sua ação. Mas se você não fizer nada, não existirão resultados”.
(Gandhi)
A Honestidade
Tenho um princípio básico na educação dos meus filhos: – Que eles sejam Honestos, Justos e Bons. Porém, é uma missão árdua principalmente na sociedade em que vivemos, onde a desonestidade virou senso comum. É claro que existem exceções, mas não estou me referindo a minoria e sim ao grande número que cresce, não apenas no Brasil, mas no mundo.
A revista Seleções do Readers Digest fez uma pesquisa em trinta e um países para testar a honestidade das pessoas. Não, o Brasil não ficou em primeiro lugar e sim em décimo quarto… Bem, não somos os mais desonestos do mundo, o que pode ser um pequeno alívio, mas não a solução.
A pesquisa consistia em “esquecer” trinta celulares em locais estratégicos para ver quem os devolvia. A China ganhou o título de país mais desonesto. Foram recuperados apenas treze celulares. Segundo a pesquisa, uma das pessoas ao invés de devolver, deu o celular para o filho pequeno, só porque ele pediu. Em Hong Kong, um guarda que achou um celular, disse ao ser questionado: – Que celular? Ele estava segurando o telefone.
A honestidade é uma questão de educação, mas infelizmente até mesmo pessoas que foram rigorosamente educadas podem vir a desenvolver a desonestidade. Por que isso acontece? Muitas vezes por ambição, desejo de ter o que não se pode comprar, enriquecer sem fazer esforço ou à custa do dinheiro do outro.
Há também quem seja desonesto por doença, como roubos compulsivos. Essa doença não escolhe classe social e geralmente é diagnosticada na idade adulta.
Ser desonesto não é somente roubar, mas também levantar falso testemunho, conseguir as coisas passando por cima de outras pessoas, fraudar, não ser digno, não ter caráter e enganar.
Certa vez, fui vítima de uma inédita situação desonesta: – O meu telefone fixo ficou mudo por um longo período de dias, quase uma semana depois veio um técnico e o “consertou”. Dois dias depois, o mesmo problema; novamente chamei o técnico da telefonia e o mesmo argumentou que o problema era no cabo e que precisaria trocar.
Disse que o serviço precisava ali naquele momento, ser pago antes de ser executado. Achei tudo muito estranho. Primeiro pelo serviço ter sido cobrado, já que eu pagava mensalmente uma taxa para manutenção; segundo porque ele não tinha nota fiscal do serviço.
Para tirar a dúvida, liguei para a central de atendimento confirmando se o procedimento efetuado pelo técnico era devido. Como suspeitava, não era.
Para a minha surpresa, no final do dia adivinhem quem me ligou? O técnico! Aquele que cobrou um valor indevido por um serviço que era a sua obrigação de fazer.
Com muita ousadia, ele liga e me questionou por que eu reclamei contra ele. Se o problema era o dinheiro eu não precisava pagar o serviço.
Disse mais, que eu havia lhe prejudicado, pois ele era um pai de família. Bem, é claro que ele ouviu algumas verdades e provavelmente nunca mais ousará me ligar novamente.
Ao desligar o telefone, fiquei por alguns minutos pensando no que havia acontecido. Eu fui enganado, reclamei por isso e o autor do “crime” me liga questionando. Meu Deus! Pensei logo em seguida. É assim que a mente de uma pessoa desonesta funciona.
Ele acha que tem razão, um bom motivo para fazer o que faz e que não está fazendo nada que não possa ser desfeito mais tarde.
A empatia, a consciência por si e pelo outro, a dignidade e todos os demais valores que agregam a honestidade não fazem o menor sentido para uma pessoa desonesta. Valores são aprendidos e apreendidos em casa, somos nós os pais que devemos dar o bom exemplo.