Da Máxima Assessoria de Imprensa
O assunto do momento é, sem sombra de dúvida, a vacina. De repente todos se tornaram especialistas nos tipos disponíveis e um debate constante sobre porcentagens de imunização, efeitos colaterais e laboratórios produtores, vem impactando a vida do brasileiro, seja em casa, na mídia ou pelas redes sociais.
Por causa das milhares de informações disponíveis, que variam de marca para marca e fake news, temos hoje grupos que vão desde os antivacinas até os chamados “sommeliers” dos imunizantes, que querem escolher qual vacina tomar. Nesse espectro ainda encontramos um novo problema, as pessoas que foram até o posto receber a primeira dose, mas não voltaram para a segunda.
Da baixa contagem de imunizados no Brasil, até junho, cerca de 90 milhões de vacinas aplicadas, temos 4,4 milhões que não voltaram para a segunda dose. Só no estado de São Paulo, foram mais de 500 mil.
Segundo Malek Imad, médico especialista em gestão de saúde, coordenador de um dos hospitais de campanha e responsável pela criação do primeiro ambulatório pós-Covid, ambos no estado de São Paulo, “a falta de informação correta dificilmente chega às pessoas. Mesmo com tantos estudos e números sendo divulgados a todo momento, muito pouco disso é compreendido e absorvido pelos brasileiros.”
Exemplo disso é a questão da segunda dose. Muita gente acha que, por ter a imunidade com um grau alto na primeira vacinação, como a AstraZeneca que gera 76%, já estão garantidos e protegidos. Mas essa disparidade entre doses num país tão populoso como o Brasil, pode ter consequências graves.
De acordo com estudo da faculdade de Princeton nos Estados Unidos, publicado na renomada revista Science, uma única dose das vacinas da Pfizer e AstraZeneca, faz com que o vírus se torne mais agressivo e aumenta ainda mais a probabilidade de sua mutação e, por consequência, a existência de uma nova variante.
O vírus, assim como todo ser vivo, se adapta para sobreviver. “A combinação de muitas contaminações com a vacina incompleta vai fazer com que ele conviva com essa vacina e tenha mais espaço e tempo para evoluir e se sobrepor ao imunizante,” esclarece o especialista.
Um dos grandes medos da comunidade médica mundial é que o coronavírus se torne mais forte do que as proteções que desenvolvemos contra ele até o momento, o que é uma possibilidade, principalmente na condição atual.
Imad frisa o quanto é importante que as pessoas se dediquem às campanhas de vacinação em seus estados e pensem a longo prazo e na saúde de suas famílias.
“Todas as vacinas que temos foram testadas muitas vezes, por cientistas no mundo todo, e essas duas doses foram pensadas e estudadas. Falo por toda a comunidade médica quando peço que escutem a ciência e tomem a vacina, não importa qual,” finaliza.
Sobre o especialista
Dr. Malek Imad é médico especialista de gestão em saúde, com pós-graduação em medicina de urgência e emergência, e também pediatria.
Passou o último ano administrando o hospital de campanha de Ribeirão Pires (SP), durante a pandemia. Criador de um dos primeiros ambulatórios de atendimento pós-Covid-19 do estado de São Paulo.