Da reportagem
Eleito no ano passado com 593 votos, o parlamentar Cláudio dos Santos, do PSL (Partido Social Liberal), conhecido como “Claudião Oklahoma”, assumiu no dia 1º de janeiro o primeiro mandato na Câmara Municipal.
Em entrevista a O Progresso, Santos falou sobre o início na carreira política, as eleições municipais e a forma que pretende atuar para “tentar entrar para história de Tatuí”.
Nascido em 15 de maio de 1981, Santos é o caçula de quatro irmãos, todos empresários. Há 21 anos atuando na área empresarial do município, o vereador é casado e pai de um casal de filhos.
Ele conta que já “nasceu político” e, durante a adolescência, ao sair da Emef “Professor José Tomas Borges”, costumava acompanhar comícios no Mercado Municipal “Nilzo Vanni” e no largo da Santa Cruz, além de preparar adesivos, distribuir porta-documentos com “santinhos” e colecionar broches de alguns políticos. “Mas cheguei a uma certa idade e acabei desistindo da carreira política”, relembra.
Antes de concorrer pela primeira vez e ser eleito, Santos recebeu e recusou quatro convites para participar de eleições municipais anteriores.
O primeiro convite foi feito em 2003, quando ele tinha 21 anos, para disputar uma vaga na Casa de Leis. “Recebi o convite, mas, além de ser novo, tinha outros objetivos”, justifica.
Em 2007, veio o segundo convite para concorrer na eleição do ano seguinte. Segundo o vereador, na ocasião, ele já estava casado e tinha acabado de se batizar na igreja. “Tinha o desejo de mudar o mundo, porém, de forma espiritual”, observa Santos.
Dois anos antes de receber o terceiro convite, em 2010, Santos começou a acompanhar o atual presidente da República, Jair Bolsonaro, em programas de televisão e pela internet. Naquela época, sem saber que só poderia votar em candidatos a deputados federais do estado de São Paulo.
“Cada estado tem seus deputados estaduais e federais. Eu imaginava que, por ele ser federal, mesmo sendo do Rio de Janeiro, poderia votar nele”, confessa.
Em 2012, Santos foi novamente convidado e, mais uma vez, recusou. No entanto, segundo ele, já tinha recuperado a afeição pela política. Quatro anos depois, teve o primeiro convite para ser candidato a vice-prefeito do município, mas recusou e decidiu apoiar a candidatura de Rodnei Rocha, o “Nei Loko”, ao Poder Legislativo.
De acordo com o parlamentar, o interesse pela política reacendeu em 2018, durante a campanha que elegeu Bolsonaro à presidência da República. Ele conta ter participado de várias discussões políticas em fóruns de debate, passando a aprender mais sobre política.
No ano seguinte, Santos diz ter “posto na cabeça” que, enfim, seria candidato a vereador nas eleições municipais de 2020. Ele afirma ter optado por um partido de direita, “que pensasse igual e tivesse os mesmos princípios” dele. Por isso, filiou-se ao PSL.
O vereador destaca que a sigla foi a menor nas eleições municipais e garante que os candidatos foram “motivo de chacota” de ex-integrantes do partido.
“Fui massacrado pela oposição, falando que não estava com o Bolsonaro. Pessoas disseram que eu era aliado ao PSDB, mas era aliado aos meus ideais”, declara.
Durante a campanha eleitoral, Santos revela ter saído às ruas somente uma vez. Segundo ele, houve pessoas pedir-lhe camisas de times de futebol, enquanto outras sequer sabiam se eram eleições municipais ou presidenciais. “Eu ficava transtornado e acabei até discutindo”, reconhece o vereador.
Dessa forma, ele optou por remodelar a campanha para redes sociais, através de “lives” e publicações no Facebook e em grupos no WhatsApp. “Tenho um público que me ouve nas redes sociais. As postagens, em pouco tempo, têm muitas visualizações”, ressalta.
Conforme o vereador, diferentemente de muitos candidatos ao cargo, ele disputou as eleições municipais contra a vontade da igreja, da família e dos amigos. Com 593 votos, Santos acabou eleito, apesar de ter sido o 24º candidato mais votado.
“Só eu queria, e Deus teve misericórdia. E, para provar que Deus me colocou lá, sete pessoas receberam mais votos do que eu e não foram eleitas”, destaca.
Santos admite ter assumido uma cadeira na Câmara Municipal com imaturidade política. Segundo ele, achava que iria chegar no Legislativo e no Executivo “metendo o pé na porta”. “Há muitas coisas que você quer fazer, mas a lei não permite. Outras coisas você quer ajudar, mas é obrigação do Executivo”, pontua.
Ele relembrou uma das promessas feitas durante a campanha, de que doaria parte do salário dele como vereador ao terceiro setor. Porém, afirma ter sido bastante criticado por ter ajudado secretarias municipais e decidiu adotar algumas entidades e pessoas para auxiliar mensalmente.
“Nas redes sociais, cheguei até a ser acusado de devolver o dinheiro para a prefeitura e poder pegar depois”, expôs.
“Eu era ignorante, achava que vereadores tinham um salário muito alto, e realmente tinha de devolver parte dele. Mas, se o vereador quiser trabalhar, como é o meu caso, há muito serviço. Não são duas horas por semana durante as sessões ordinárias na Câmara”, complementa.
O parlamentar ressalta estar se aprimorando gradativamente, realizando cursos. Inclusive, tem viagem marcada para Brasília (DF), neste mês, para participar de um curso de especialização em administração pública.
Assumidamente contra o assistencialismo no Legislativo, Santos garante buscar por recursos ao município. Nos primeiros meses de mandato, visitou quatro deputados federais e estaduais para viabilizar emendas parlamentares a Tatuí.
Segundo o vereador, o deputado federal Júnior Bozzella (PSL/SP) já assinou ofício para a destinação de R$ 100 mil para infraestrutura da cidade, enquanto o deputado estadual Tenente Coimbra (PSL/SP) deverá enviar R$ 300 mil em benefício ao Banco de Sangue “Fortunato Minghini”, em 2022.
Santos informa ter feito outras duas solicitações, uma no valor de R$ 150 mil para a compra de veículo adaptado para pessoas com deficiência ao deputado federal General Peternelli (PSL/SP), e outra, de R$ 200 mil, para aquisição de kits de prevenção para a Defesa Civil, ao deputado estadual Coronel Telhada (PSL/SP), ambas em análise.
“Quero tentar entrar para história de Tatuí, por ter corrido atrás de recursos ao município e ter ajudado a mudar a história dos tatuianos”, reitera Santos.
Entre as melhorias que deseja ao município, o parlamentar sugere que o Executivo crie um cronograma de serviços de capinação, poda e corte e limpeza de vias públicas, além de operações tapa-buracos, para não permitir o “estelionato eleitoral”.
De acordo com Santos, sem um cronograma, vereadores costumam fazer solicitações e indicações e, quando a prefeitura executa o serviço, eles vão até o local tirar uma foto e divulgar, “dizendo que o serviço foi feito graças ao pedido dele”. “É um estelionato eleitoral comum às 5.570 cidades brasileiras”, completa.
Atualmente, o vereador considera-se da base da prefeita Maria José Vieira de Camargo e afirma ter carinho por todos os secretários municipais. Ele garante não ter qualquer oposição e diz manter diálogo com todas as figuras políticas tatuianas, além de bom relacionamento com os atuais vereadores.
“Entrei na política para somar, não para espalhar”, frisa. “Tenho certeza de que Tatuí só tem a ganhar com a atual administração e com os vereadores que estão na Câmara”, conclui Santos.