José Renato Nalini *
O maior perigo que ronda a humanidade não é a Covid-19. É a destruição do planeta, que avança rapidamente, sem que as vítimas reajam. O ecocídio é um crime da mais grave magnitude! É um crime intergeracional. Impede a sobrevivência das futuras gerações. Ele inclui em sua noção conceitual o genocídio, que pensávamos não mais ocorrer, depois do Holocausto e da tragédia armênia.
Governos são, em regra, insensíveis à causa ambiental. Pensam nas eleições e no desastre das reeleições, fonte segura de malefícios. Por isso, se alguém tiver de defender a natureza, é o indivíduo. De preferência, a criança e o jovem, não apenas por serem os mais sensíveis, mas também porque serão as vítimas preferenciais das mutações climáticas.
Poucas as almas sensíveis que pressentiram o perigoso rumo escolhido pelo ser humano, em sua marcha contra os recursos naturais. Uma delas foi Thomas Merton que, em sua clássica obra “Homem Algum é uma Ilha”, escrita em 1954, já dizia: “Há homens para quem uma árvore não tem realidade enquanto não lhes vem a ideia de cortá-la; para quem o animal não tem valor enquanto não entra no matadouro. Homem que jamais olhou para uma coisa enquanto não se decide a abusar dela, e que nem sequer percebe a existência do que ele não projeta destruir”.
Lamentavelmente, existem tais seres humanos em abundância. E chegam a posições de mando, até a ocupar instâncias que foram preordenadas a proteger o meio ambiente.
Contra essa nefasta cultura do extermínio é que a juventude precisa atuar. Clamando por correção de rota, exigindo compromisso com a preservação, denunciando a inobservância de um sofisticado esquema normativo produzido apenas para deleite da doutrina e para a retórica falaciosa da política partidária.
As redes sociais estão disponíveis para formar círculos de consciência cada vez mais ampliados. É como a pedra atirada n’água. Círculos concêntricos e cada vez maiores.
Persuadir, inflamar os que não têm noção do que se tem feito com a Amazônia, com o Pantanal, com o Cerrado, com a Mata Atlântica e com todos os demais biomas. Que não sabem o que acontece com a nossa água potável e com a poluição marinha.
Só os jovens podem atuar de maneira a extirpar das cadeias de poder os exterminadores do futuro. Sem essa participação efetiva, concreta e incessante, não haverá um amanhã para eles, nem para as suas frustradas descendências.
* Reitor da Uniregistral, docente da pós-graduação da Uninove e presidente da Academia Paulista de Letras – 2021-2022.