Lalá era americano roxo, ou seja, adorava o América, do Rio. Vibrou muito e não se conformou quando Tomires, do Flamengo, numa jogada mais ríspida, quebrou a perna do argentino Alarcon, craque americano naquela final do campeonato carioca de 1955. Era o tricampeonato do Flamengo, e o América, novamente, passou raspando: era vice pela segunda vez.
Lamartine Babo, o Lalá, é o mais famoso e fanático torcedor da história do América, advogado, telegrafista e compositor de rara inteligência e habilidade, de humor refinado e muita irreverência. Mesmo tendo sido leigo em técnica musical, Lamartine criou melodias maravilhosas, resultantes de seu espírito inventivo e altamente versátil.
Ficaram na história e no domínio popular marchinhas carnavalescas. Por exemplo: “O teu cabelo não nega”, como também samba-canção romântico, como “Serra da Boa Esperança”. Ou seja, como poucos, alcançou os extremos: a gozação e o sentimento.
É dele, também, os hinos alternativos (muitos não oficiais) de 11 clubes do Rio, inclusive, claro, talvez o mais belo, do seu América, que Lamartine, enfim, conseguiu ver campeão da Guanabara em 1960, três anos antes de sua morte.
De fato, uma personalidade musical e esportista inesquecível. A foto é do América, vice-campeão carioca, que muitos, de maneira bem carinhosa e nada pejorativa, chamam de “Ameriquinha”. É de 1954, e podemos ver, em pé: Cacá, Osni, Edson, Ivan, Osvaldinho e Hélio. Agachados: Paraguaio, Alarcon, Leônidas, João Carlos e Ferreira.
Boa equipe que fez bonito naqueles anos. Somente João Carlos, meia-esquerda talentoso, ficou na equipe campeã – portanto, seis anos depois.
Música e futebol caminhando sempre juntos. Alegria e descontração de um povo festeiro, despreocupado, mesmo com as mazelas na Educação e na Saúde que muitos preferem comodamente ignorar.
NOTA: As fotos são do arquivo pessoal do autor, que data de 50 anos. Ele, como colecionador e historiador do futebol, mantém um acervo não somente de fotos, mas de figurinhas, álbuns, revistas, recortes e dados importantes e registros inéditos e curiosos do futebol, sem nenhuma relação como os sites que proliferam sobre o assunto na rede de computadores da atualidade