Da reportagem
A vereadora Gabriela Xavier, do Pode (Podemos), foi a segunda mais votada entre as mulheres no pleito de 2020 e a quinta na lista geral dos eleitos. Com 1.235 votos, ela assumiu no dia 1º de janeiro o primeiro mandato na Câmara Municipal.
Em entrevista a O Progresso, Gabriela, que é protetora de animais há 11 anos, falou sobre o resultado das eleições, os projetos que pretende apresentar ao longo da gestão 2021/2024 e como pretende trabalhar.
Essa é a segunda vez que a protetora de animais disputou eleição como candidata a vereadora. Da primeira vez, em 2016, ela recebeu 394 votos e não conseguiu uma cadeira na Casa da Leis.
“Fui chamada para ajudar alguns cães que estavam abandonados e, durante o resgate, uma pessoa me convidou para ser candidata. Acabei aceitando, mas não tive a quantidade de votos suficiente para me eleger”, iniciou a vereadora.
Para eleger-se neste ano, Gabriela afirmou ter feito uma campanha “simples, sem gastos e focada na conversa com o eleitorado pessoalmente, nas ruas e por meio das redes sociais”.
“Sou protetora de animais, e minha luta diária neste setor foi minha campanha para a eleição. Acredito que o trabalho que desenvolvo me ajudou e que as pessoas estão reconhecendo a importância de ter um protetor de animais nos representando no Legislativo”, disse.
Além disso, Gabriela classificou o aumento no número de votos como um reflexo dos serviços prestados por ela em defesa dos animais.
“As pessoas viram que meu trabalho é sério, e eu sempre me dediquei ao máximo. Só não ajudei mais animais por não ter condições financeiras. Mas, sempre levei isso a sério, e sou muito responsável com o que faço”, completou.
A protetora disse ter aceitado o convite para ser candidata pelo Podemos por acreditar que somente com alguém engajado na defesa dos animais fazendo parte da política conseguiria ter mais força para cobrar políticas públicas a favor dessa área.
“Esta é uma causa muito difícil. Eu e outras protetoras, na maioria das vezes, até adquirimos dívidas para ajudar animais em situação de rua ou de maus-tratos, e é como enxugar gelo. Para conseguir mudar essa realidade, alguma das protetoras tinha que entrar na política, e acabou sendo eu”, declarou.
Na Câmara, Gabriela garantiu que irá apoiar projetos em diversas áreas, “desde que sejam bons para a cidade”. Mas, enfatizou que a intenção é dar prioridade para a causa animal, focando em políticas públicas para o setor.
“Minha campanha e todos os meus projetos são para a causa animal, mas, claro, também vou trabalhar e ajudar meus colegas em outros projetos. Uma das causas que gosto muito é a defesa das mulheres”, afirmou a vereadora.
Conforme Gabriela, o primeiro projeto que pretende apresentar na Casa de Leis refere-se à implantação de campanhas mais frequentes para castração gratuita de cães e gatos.
“A causa animal exige muita demanda, mas o primeiro passo é a castração, e conto com o apoio da prefeita para isso. A gente precisa de cirurgias gratuitas e campanhas mais frequentes de castração, é uma das melhores maneiras de evitar que mais animais nasçam e fiquem em situação de rua”, ressaltou a protetora.
Outro projeto seria indicar a ampliação e a reforma do canil municipal para atender casos urgentes de abandono e garantir o bem-estar animal.
“Primeiro, não podemos deixar que o número de animais fique maior; depois, temos que cuidar daqueles que já estão nas ruas e precisam de abrigo. Não tem como fechar os olhos para eles”, salientou.
Ela ainda disse que irá “lutar” para a implantação de um gatil municipal. De acordo com Gabriela, atualmente, as protetoras tatuianas alugam casas e terrenos para abrigar os animais regastados das ruas ou de situações críticas, como os de proprietários que cometem maus-tratos.
Os abrigos são sustentados com recursos próprios ou angariados por meios de bazares, doações e campanhas. Gabriela mantém um gatil com 60 animais, além de ter outros 30 resgatados das ruas (17 cães e 13 gatos) e levados para a casa onde reside no Congonhal.
“Nós, protetores, gastamos muito e ficamos com muitas dívidas para tentar proteger e dar conforto ao máximo de animais, mas acho que a prefeitura deveria dar algum apoio. É uma questão de saúde pública também. Então, além do canil, precisamos de um gatil municipal”, justificou.
Ainda na causa animal, Gabriela afirmou ter a intenção de apresentar projeto para a criação de uma espécie de Samu animal (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), para atender animais de proprietários de baixa renda comprovada.
“A ideia é fazer um cadastro das famílias, comprovar a situação de vulnerabilidade e auxiliar os animais em casos de urgências. Também precisamos de veterinário parceiro da prefeitura e um banco de dados com o cadastro das protetoras”, antecipou.
Gabriela conta que se dedica 24 horas por dia à causa animal. Até o final do ano passado, ela trabalhava com banho e tosa e mantinha um bazar, com renda revertida à causa animal. Ainda dividia o tempo com o auxílio a animais carentes, além de manter o gatil.
“Troquei minha casa no centro da cidade para morar no Congonhal, área rural, e ter mais espaço para poder cuidar dos meus cachorros e dos meus gatos”, contou a vereadora, reafirmando o compromisso em focar na defesa dos animais.
Comentando sobre a nova legislatura, que atuará entre 2021 e 2024, Gabriela disse ver como positiva a renovação de 76,47% das cadeiras da Casa de Leis (quatro candidatos conseguiram a reeleição e 13 chegam pela primeira vez ao Legislativo).
“Precisava mesmo mudar, o povo estava pedindo por isso faz tempo, e, pelo resultado das urnas, vemos que a população precisa de pessoas que trabalhem pela cidade. Mesmo quem ficou é porque mostrou algum serviço”, observou.
A vereadora ainda falou sobre o feito inédito do pleito deste ano, com a eleição de quatro mulheres para a Casa de Leis na mesma legislatura – da nova composição da Câmara, 23,52% são representados pelo sexo feminino.
“O melhor da renovação do Legislativo foi a eleição de quatro mulheres. Já estava na hora de termos mais representatividade na política. Como falei, vou lutar pelos animais, mas tem muitos outros projetos para a cidade, e vejo que as mulheres têm um olhar mais delicado para certas questões”, enfatizou.
Até então, apenas quatro mulheres haviam sido eleitas no município. A primeira vereadora eleita na cidade foi Maria José Paschoal. Ela ocupou a cadeira do Legislativo até dezembro de 1959.
Depois de 16 anos, Tatuí elegeu a segunda mulher. Vera Lúcia de Sá assumiu o cargo em fevereiro de 1977 e permaneceu na Casa de Leis até o ano de 1992. É a única mulher reeleita na história política tatuiana. Foram três mandatos consecutivos, da oitava à décima legislatura.
Na sequência, em 2001, ocorreu a eleição de Lúcia Maciel Aguiar Paes, representando o sexo feminino na 13ª legislatura até o ano de 2004. E encerrava-se com Rosana Nochele Pontes, última mulher eleita até então. Rosana atuou na 16º legislatura, de janeiro de 2013 a dezembro de 2016.
Já no Executivo, apenas duas mulheres ocuparam o cargo máximo: Francisca Pereira Rodrigues, a Chiquinha Rodrigues, de 1945 a 1947, que administrou por indicação, e a atual prefeita – primeira eleita e reeleita –, cujo primeiro mandato teve início em 2017, seguindo até 2020, e o segundo começou em 2021, terminando em 2024.
“Com o histórico das mulheres no poder, acho que o peso do meu trabalho, agora, será muito alto. Mas, estou preparada para isso, e vou tentar fazer o possível para ser uma boa vereadora, buscando o bem para o município”, concluiu a vereadora.
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